Ideia foi lançada com maqueta 3D. Volvidos dois anos, a dupla decidiu lançar uma petição pública que reuniu mais de 280 assinaturas e que foi entregue esta terça-feira à autarquia. Lar de idosos está previsto para o local
São dois jovens, amigos de há longa data, e há cerca de dois anos resolveram elaborar uma proposta, alicerçada numa imagem virtual a três dimensões, para a criação de um parque urbano de lazer num terreno perto da área onde residem, na zona sul da Baixa da Banheira. O objectivo passa pela requalificação do espaço entre a Rua Soeiro Pereira Gomes e a Avenida da Liberdade, que até 2017 esteve destinado a receber o futuro centro de saúde da localidade.
Na altura, apresentaram o projecto à Câmara Municipal da Moita e agora decidiram lançar uma petição pública para a construção do referido equipamento, conseguindo recolher mais de 280 assinaturas que, na passada terça-feira, entregaram na autarquia.
Daniel Demétrio, 25 anos, assistente de comunicação no Grupo de Estudos de Ordenamento do Território (GEOTA), e Rafael Moisés, 24, consultor de sistemas de informação na Novabase, são os autores do projecto, que conta com um vídeo no Youtube que já atingiu as 4 787 visualizações e cujas imagens 3D têm suscitado centenas de comentários nas redes sociais onde foram partilhadas.
“Sempre participámos no movimento associativo da nossa terra, como por exemplo na Comissão de Festas, a título voluntário. Como moramos mesmo perto deste terreno, que desde a nossa infância até hoje nunca foi aproveitado, apesar de ter grande potencialidade, resolvemos sugerir esta solução”, explica Daniel Demétrio a O SETUBALENSE, sublinhando que o espaço é usado “abusivamente” para estacionamento de camiões. “A situação causa problemas de ruído aos moradores, além de o local ser alvo constante de poluição”, adianta.
Dois anos depois de o terreno ter deixado de ser hipótese para acolher o futuro centro de saúde, os jovens defendem que “é urgente” uma intervenção de reabilitação do espaço. E admitem que o projecto que apontam para o local até possa vir a ser conciliado com outro. Até porque, quando inicialmente apresentaram a ideia à Câmara Municipal, foi-lhes transmitido que existia um acordo informal com uma instituição particular de solidariedade social para a construção de “um centro de dia” para idosos.
“Explicaram-nos que poderia haver a conciliação dos dois projectos. Só que passaram dois anos e nada avançou, já que o acordo com essa instituição não foi assinado”, lamenta Daniel, acrescentando: “Esperamos que, agora, com a recolha de assinaturas que foi feita com a ajuda dos moradores, o assunto seja levado a discussão à Assembleia Municipal. A ideia é que se requalifique o espaço que necessita de uma intervenção urgente.”
Câmara revela projecto previsto e Junta admite ‘casar’ ambos
Solicitada a comentar a acção dos dois jovens, a Câmara Municipal da Moita confirmou a recepção da petição pública e avançou: “Este terreno esteve, de facto, destinado à construção do Centro de Saúde da Baixa da Banheira. Com a decisão de construção do centro de saúde noutro local e tendo em conta a importância da criação de equipamentos sociais, a autarquia acordou com o Centro dos Reformados e Idosos da Baixa da Banheira (CRIBB) a construção, nesse local, de um lar para a terceira idade.”
Já Nuno Cavaco, presidente da Junta da União das Freguesias de Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, valorizou o contributo dos jovens, mas deixou um alerta.
“Devemos valorizar a participação cívica. Nesta terra as pessoas vão à luta. Mas há que dizer que o terreno nunca esteve abandonado, esteve destinado ao centro de saúde e só em 2017 é que ficou livre desse ónus. Esta questão não deve ser usada como arma de arremesso político, mas sim como mais uma forma de unir as pessoas. Há que ter paciência, sabendo que um projecto demora sempre a ser executado. As autarquias também querem sempre o melhor para as pessoas”, frisa o autarca.
Por outro lado, defende que a ideia dos jovens “deve ser aproveitada” e “conciliada com o equipamento social para idosos” previsto para o local. “Estes processos participativos devem ser estimulados. Aguardemos pelo projecto da IPSS para ver se é possível casar ambos e tentar-se conjugar as duas coisas”, concluiu.