“A perda de um deputado pela região é um factor negativo”

“A perda de um deputado pela região é um factor negativo”

“A perda de um deputado pela região é um factor negativo”

O PCP reconhece a redução de votos que atribui, principalmente, a um contexto de retaliação “do grande capital” pelo papel que a CDU desempenhou na última legislatura, contra a direita e pela reposição de rendimentos e direitos. Os comunistas admitem que menos um deputado “tem impacto” na força do partido, mas prometem o mesmo empenho nas causas que tem vindo a defender

 

O que acha o PCP dos resultados no distrito de Setúbal?

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Ainda vamos discutir colectivamente os resultados – temos reunião da DORS esta semana e do Comité Central amanhã [hoje] -, mas numa primeira apreciação consideramos que o resultado obtido pela CDU, que se traduz na redução da expressão eleitoral e na perda de um deputado, é um factor negativo. Não se pode, no entanto, ignorar que este resultado é obtido num determinado quadro político e ideológico que já tinha estado presente nas eleições para o Parlamento Europeu. As eleições não decorrem em laboratório, têm um contexto.

Valorizamos a dimensão da campanha eleitoral que construímos, com um empenho muito grande dos militantes, candidatos e outros activistas da CDU e acreditamos que produziu os seus frutos.

 

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Que contesto é esse que refere?

É o mesmo contexto que já esteve presente nas europeias, numa linha de apoucar, denegrir a CDU e de promover outras forças políticas. Isso também teve o seu peso.

 

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Essa acção parte de onde ou de quem?

Pensamos que há forças, em particular do grande capital, e também de alguma comunicação social, que não nos perdoam o papel que desempenhámos nos últimos anos. Associamos isso ao papel do PCP nesta última legislatura, pela correlação de forças na Assembleia da República, em que foi possível afastar o PSD e o CDS do governo e em que foi possível, embora aquém do que poderia ter sido, repor e avançar em rendimentos, salários e direitos. Sentimos isso em particular a partir do momento em que presentámos o nosso candidato ao Parlamento Europeu. Houve uma campanha articulada, de difamação e de mentiras, que é muito preocupante. Este contexto existe, e acreditamos que pesou.

Há nestes resultados aspectos de sinal contraditório para a CDU. Por um lado, recuperou posição de segunda força no distrito, por outro foi ultrapassada pelo BE nos concelhos de Setúbal e Montijo.

É mais ou menos circunstancial. Quando, há quatro anos, fomos terceira força, não fizemos disso um cavalo de batalha e, portanto, também não faremos agora que passamos a segunda força. Mas são elementos contraditórios, como diz. Há um reconhecimento do papel do PCP e do PEV durante esta legislatura, por parte de mais de 60 mil eleitores do distrito, confiança que nós valorizamos e tudo faremos para honrar. Pensamos que a posição relativa não é o que mais importa.

 

A CDU perde um deputado, Bruno Dias, especialmente conhecido e activo, em concelhos como Almada e Seixal. Isso vai ter reflexo na intervenção do partido?

Bruno Dias é activo em todo o distrito. Claro que tem impacto, não é indiferente. E nós dissemos isso durante toda a campanha. Nesta segunda-feira nós estamos onde sempre estivemos, nas empresas, nos locais de trabalho, nas autarquias, nos sindicatos, onde sempre estivemos através dos nossos militantes, mas a força com que estamos depende da força dos votos. Se passamos de quatro para três, aqui na região, isso não é indiferente. Ter o Francisco Lopes, a Paula Santos e o José Luís e o Bruno, e não ter o Bruno. Nós faremos tudo, evidentemente também com a participação do Bruno Dias, que é dirigente do partido, eleito na Assembleia Municipal de Almada e um dos quadros mais conhecidos do PCP no distrito de Setúbal, não temos dúvidas, e foi um deputado muito qualificado, não só na ligação ao distrito como em várias áreas que acompanhava. Teve um papel determinante, por exemplo nos passes sociais.

 

Sobre as propostas para o futuro e a força do PCP para as defender, o que pode dizer?

O quadro parlamentar tem uma relação de forças semelhante à de 2015. Há um elemento que nós valorizamos que é o facto de não haver maioria absoluta do PS. Continuaremos a bater-nos pelas questões centrais que temos defendido, como o aumento dos salários, em particular o salário mínimo nos 850 euros, creche gratuita para todas as crianças que nasçam a partir de janeiro de 2020, nas pensões aumento imediato de 10 euros em janeiro e de pelos menos 40 euros durante a legislatura, melhoria dos serviços públicos, em particular do SNS, que é uma questão muito presente na região. Mas também a melhoria dos transportes, da escola pública

Somos das regiões mais jovens do país, onde há problemas graves no apoio aos bebés e às famílias, uma região em que o salário médio é baixo, pelo que muitos trabalhadores seriam abrangidos por este aumento do salário mínimo. Vamos bater-nos também pelas propostas regionais que temos vindo a apresentar, como o hospital no Seixal, terceira travessia do Tejo, o regresso pelo menos da NUT III da Península de Setúbal, a recusa do terminal no Montijo e a defesa do novo aeroporto em Alcochete construído por fases. São questões que não damos por derrotadas e que, na actual relação de forças no Parlamento, consideramos que há condições para lutar por elas e para avançar.

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