Músico ecléctico, apaixonado pela vida e pela sua mística, Luís Simões revela os muitos músicos que habitam na sua carreira musical, desde os Blasted Mechanism aos Saturnia
Frente à objectiva de Alex Gaspar, no desafio de “20 Setubalenses, 20 Artistas” Luís Simões não se intimida. Habituado ao confronto da imagem quer transmitir “algo natural, verdadeiro”. No final, ao olhar para si, conclui, “acho que aqui ficou o Luís Simões dos Saturnia”.
Assim se revela Luís Simões desenhado e redesenhado tantas vezes pelas formas da música e pelas paixões. Uma delas, Setúbal.
O músico revela-se como um “multi-instrumentista”, com uma personalidade de “multi-pessoa”. E, entre tantos caminhos possíveis admite, “creio que, nesta imagem, não sendo fácil, o Alex captou o centro da árvore”.
Muitos e um só
Dos muitos que pode ser Luís Simões recorda o músico que, nos anos 80, tocou nos Shrine. Depois existiu um outro que tocou durante 15 anos nos Blasted Mechanism.
Por fim, existe ainda o Luís Simões que faz bandas sonoras para o realizador João Bordeira.
Como resposta a este múltiplo e um só, Luís Simões estende uma ponte entre o Eu e a música. “Sou um músico progressivo e também sou uma pessoa progressiva. Por isso muitas vezes dou saltos quânticos muito grandes, entre estéticas que não têm muito a ver entre si e que muitas pessoas não ligam entre si, porque, de facto, elas são de universos distintos”.
“Setúbal quando não é bom é fantástico”
Luís Simões não é natural de Setúbal. “Um emigrado, mas muito mais setubalense do que alguns amigos setubalenses”, defende.
Para Luís Simões “é muito fácil perceber o paraíso que esta cidade poderia ser, mas, raras vezes é”. E no confronto com a realidade o músico reflecte sobre algo que pode ser “talvez, uma sina portuguesa”.
Assim é a cidade do Sado para Luís Simões. Lugar onde há sempre “uma grande vontade de fazer as coisas, mas depois o resultado final acaba por nunca ser aquele El Dorado”. Ainda assim “Setúbal quando não é fantástico é muito bom, a todos os níveis. Lugar onde a Arte é sempre bem recebida”.
Velhos Saturnia
No início dos anos 90 os Saturnia já existiam. O primeiro álbum apenas foi lançado em 1999.
Um percurso que leva Luís Simões a descrever Saturnia, projecto musical a que está dedicado agora, como algo antigo, “mas preservado artisticamente, longe do plano comercial”.
Entre as “coisas novas” que fazem parte do futuro de Saturnia está um álbum novo, planeado para 2020. “Um auspicioso sétimo”, depois de “The Seance Tapes” lançado em 2020.
Fotografia – Alex Gaspar