“Montijo é uma das cidades mais seguras do distrito”

“Montijo é uma das cidades mais seguras do distrito”

“Montijo é uma das cidades mais seguras do distrito”

Índice mais reduzido de crimes e criminalidade violenta ‘muito menor’ comparativamente com os centros urbanos limítrofes. Violência doméstica e furtos são as principais preocupações. Ocorrências diminuíram cerca de 3% no último ano e meio

 

Montijo tem mudado. Tem crescido ultimamente. Mas continua a ser uma das cidades mais seguras em toda a região. “É uma cidade aparentemente pacata com algumas ocorrências criminais. Não apresenta um elevado índice de crimes. Comparativamente com os outros centros urbanos do distrito, o Montijo, em matéria de criminalidade, é um paraíso”, afirma a subcomissário da Polícia de Segurança Pública (PSP) Andreia Gonçalves, 34 anos, que comanda a esquadra local há um ano e meio.

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“Em termos do número de casos concretos, a criminalidade violenta é muito menor aqui do que em outras localidades do distrito”, justifica a oficial da polícia, que passou dois anos pela Esquadra de Corroios e que foi comandante da Esquadra de Trânsito de Setúbal, desde 2014, até ser mobilizada para o Montijo – de permeio, em 2009, ingressou no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI) onde concluiu o curso com um mestrado integrado.

A oficial da PSP faz um balanço “positivo” à acção da PSP na cidade, realçando os últimos indicadores que apontam para uma diminuição da criminalidade local. “Houve um decréscimo quando comparado com igual período do ano passado. Cerca de três por cento”, assinala, antes de definir a tipologia de crimes registados.

“Os casos de violência doméstica, cujo número de ocorrências manteve-se praticamente igual, são muito mais do que os crimes violentos e graves. Os roubos são residuais e desde que foi detido um indivíduo que se dedicava à prática desse crime na cidade, e que se encontra agora em prisão preventiva, que esses números baixaram drasticamente. Os furtos no geral apresentam números um pouco superiores, mas com tendência decrescente em relação ao ano anterior”, revela.

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Resumindo, a actividade criminosa no Montijo não se define por um único tipo de crime. Montijo é como que “uma amostra do resto do País”, regista “uns picos de criminalidade” de quando em vez. “Identificamos alguns fenómenos pontuais que combatemos. No ano passado, por exemplo, tivemos um fenómeno acentuado de furtos no interior de viaturas. Apareceram vários automóveis com os vidros partidos. Conseguimos identificar os indivíduos e detê-los por duas vezes: na primeira vez foram libertados, na segunda ficaram com medidas de coacção mais gravosas”, explica a comandante.

Capturado um dos maiores traficantes de droga da história do Montijo

O tráfico de estupefacientes é outro tipo de criminalidade sentido no Montijo. Obriga a um aturado trabalho de investigação, que tem vindo a apresentar resultados eficientes. Exemplo: a operação com nome de código ‘Delivery’, que Andreia Gonçalves considera ter sido um dos momentos mais marcantes em termos operacionais ao longo do seu trajecto na esquadra montijense. Culminou, nos primeiros meses deste ano, com o desmantelamento de uma rede e várias detenções, entre as quais a de um dos maiores traficantes de droga identificados no Montijo até à data.

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“Esta operação foi tão complexa que houve a necessidade de executá-la de forma faseada. Inicialmente foi identificado um indivíduo e ao longo da investigação fomos constatando a existência de várias ramificações. Começámos a perceber quem eram os fornecedores, os vendedores, a identificar as funções de cada membro desta rede. Actuavam no centro da cidade, mas também em Alcochete, Atalaia e com ligações à zona do Vale da Amoreira”, conta a subcomissário.

Após um ano e três meses de investigação, a PSP do Montijo conseguiu concluir o processo e, ao mesmo tempo, infligiu um golpe considerável no tráfico de estupefacientes na região.

“O líder desta rede trabalhava com vários tipos de droga, desde cocaína, ecstasy, haxixe, a liamba. Tinha diversos fornecedores e vários tipos de clientes, de diferentes profissões e estratos sociais”, conta, reforçando que a operação decorreu por fases.
“Na primeira fase foram detidos os três principais alvos, que ficaram em prisão preventiva. Na segunda foram detidos outros três, que tiveram também a mesma medida de coacção (a mais gravosa), num total de 10 alvos identificados no início do processo”, recorda.

Ao mesmo tempo, realça que “é necessário que o processo esteja bastante bem consolidado, com fortes indícios e meios de prova”, para que se consiga que alguém fique em prisão preventiva.

 

Quatro furtos no Cais do Seixalinho e reforço de patrulhas

A ocorrência de furtos no interior de viaturas estacionadas no Cais do Seixalinho não atingiu expressão demasiado significativa nos primeiros seis meses deste ano. “De Janeiro a Junho recebemos quatro queixas por furtos no interior de viaturas naquele local. Mesmo que o número não seja preocupante, e considerando que até pode haver alguns casos que não nos são comunicados, em que as vítimas não apresentam queixa, optámos por fazer um reforço na ordem de missão dos carros patrulha”, diz a responsável pela esquadra, acrescentando: “Além disso, o Cais do Seixalinho é um dos principais pontos de entrada e de saída da cidade e temos a preocupação de aí mostrar a presença da polícia, para que, por um lado, as pessoas se sintam seguras e, por outro, possa inibir os potenciais criminosos de actuarem. É esse o objectivo do patrulhamento de visibilidade.”

Construção de Divisão Policial está ser preparada

Para corresponder às necessidades colocadas com o novo aeroporto

Um dos maiores desafios com que a PSP do Montijo se vai deparar num futuro próximo está identificado. Passa pela vinda do novo aeroporto para a Base Aérea n.º 6 do Montijo que, a concretizar-se, implicará “um significativo crescimento da cidade”, admite a comandante da esquadra, revelando que o aumento da capacidade de resposta tem vindo a ser preparado.

“Só uma esquadra não terá capacidade de resposta para o aumento de tráfego de pessoas e de bens nesta zona. Vamos ter de crescer. O Montijo vai crescer e nós temos de crescer com a cidade.

A proposta que está a ser preparada prende-se com a construção de uma Divisão, que pressupõe um conjunto de serviços”, avança a subcomissário, lembrando de seguida: “No final de Setembro do ano passado, foi realizada uma visita ao local onde irá ser construída a Divisão Policial do Montijo – junto à rotunda da Força Aérea – na companhia do presidente da Câmara Municipal, Nuno Canta.”

Actualmente, a Esquadra do Montijo apresenta-se como uma espécie de ‘mini divisão’, com um pouco de algumas das valências da Polícia. “Concretizando-se a construção de uma Divisão Policial, à semelhança de outras que já existem, além de uma esquadra genérica, a cidade passará a ter uma esquadra de investigação criminal, uma esquadra de intervenção e fiscalização policial e uma esquadra de trânsito, bem como a necessária esquadra de segurança aeroportuária no interior no aeroporto. A sede da futura Divisão será junto à rotunda da força Aérea”, desvenda, frisando a concluir: “Estamos preparados para a chegada do aeroporto. A polícia vai-se adaptando às necessidades da população. Se a cidade cresce, nós teremos de crescer com ela, e neste caso criando uma Divisão.”

‘A competência não escolhe género’

PSP é exemplo de igualdade de oportunidades

Andreia Gonçalves comanda um efectivo de 62 homens na Esquadra do Montijo. Antes já havia comandado 34 na Esquadra de Trânsito de Setúbal. E é mais um exemplo da prática da igualdade de género.

“A competência não escolhe género. A PSP é um bom exemplo nesta como em muitas matérias. Sinto muito orgulho nisso e por ter as mesmas oportunidades que toda a gente”, confessa.

“Nunca senti algum entrave ou mais dificuldade em lidar com alguma situação, enquanto PSP, por ser mulher. Pelo contrário, quando estava na rua como agente, vivi situações que até tive mais facilidade de as resolver pelo facto de ser mulher. No interior da PSP também nunca senti qualquer dificuldade em impor-me ou em impor as minhas decisões”, adianta, reforçando de seguida: “Acredito e defendo muito a competência. Se as pessoas mais capacitadas para estarem à frente de qualquer organismo ou função forem homens, que sejam os homens, se as mais competentes forem mulheres, que sejam então mulheres, definitivamente a competência não escolhe género.”

Sobre a dificuldade da missão de ser polícia nos dias que correm, quando se olha para trás no tempo, a subcomissário assume com frontalidade que “actualmente não é fácil”.

“Apesar de tudo, o amor à farda, à causa pública, e a vontade de ajudar e proteger o próximo fazem-nos superar as dificuldades. Tem também de haver muita dedicação e disponibilidade para arriscar, para relegar os nossos interesses pessoais e os das nossas famílias para segundo plano”, conclui.

PERFIL
De agente de patrulha a comandante

Andreia Gonçalves nasceu no Brasil há 34 anos e veio para Portugal com apenas quatro, facto que, por si só, explica que o sotaque de terras de Vera Cruz tenha ficado para trás, não se notando minimamente. Cresceu em Almada e aos 21 anos ingressou na PSP. 21 anos. Começou como agente de patrulha na Esquadra de Corroios, fez dois anos de patrulha, e depois ingressou na escola superior da polícia (ISCPSI) em 2009. Concluiu o curso com mestrado integrado em cinco anos e, em 2014, foi destaca para comandar a Esquadra de Trânsito de Setúbal, passando há cerca de um ano e meio para a Esquadra do Montijo, que tem outras especificidades. “A Esquadra do Montijo tem várias valências. Em Setúbal só trabalhava com trânsito. Aqui tenho trânsito, investigação criminal, patrulhamento normal de rua, escola segura. Ter à minha responsabilidade uma área de actuação tão vasta, e uma série de valências para comandar, fizeram-me crescer bastante enquanto pessoa e profissional, mas tem sido uma experiência bastante enriquecedora, que só tem corrido bem graças ao grupo de profissionais excepcionais com quem trabalho, que me tem ajudado e ensinado bastante ”, frisa.

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