João Afonso, vereador do PSD na Câmara Municipal do Montijo e conselheiro nacional do partido por inerência, arrasa a composição da lista de candidatos social-democratas pelo círculo de Setúbal às legislativas de 6 de Outubro, que foi esta terça-feira aprovada em Guimarães. “Temos uma lista Frankenstein. A pior de sempre pelo distrito de Setúbal. Não tem ponta por onde se lhe pegue”, dispara o social-democrata, adiantando: “Se elegermos dois deputados no distrito, já não será mau.”
A elaboração da lista havia sido avocada pela direcção nacional do partido, depois de um braço-de-ferro com a distrital, quando a estrutura regional não aceitou o nome de Negrão como número dois, exigindo que o lugar fosse ocupado por Maria Luís Albuquerque. João Afonso considera que todo o processo foi “uma trapalhada” e que o PSD “bateu no fundo”.
“Tudo o que envolveu a definição desta lista revelou que este foi um processo conduzido por garotos, uma coisa de miúdos. Foi um processo conduzido por quem não tinha legitimidade, por quem não tem maturidade nem capacidade. É impróprio de um grande partido. Pior do que isto era impossível”, afirma, assacando responsabilidades ao cabeça-de-lista Nuno Carvalho, vereador na Câmara Municipal de Setúbal.
“Ele é o responsável por esta lista. Alguém disse recentemente que ele era uma trotinete, acho que é mais um corta-relvas”, acrescenta o social-democrata, em discurso cáustico, reforçando que a lista por Setúbal “não reflecte os interesses da comunidade, do interesse público”.
“Mas é o que temos. Resta-nos aguardar pelo dia das eleições”, lamenta, comentando de seguida o facto de o seu nome ter desaparecido das escolhas que haviam sido aprovadas pela distrital e entregues à nacional.
“Ninguém me comunicou nada. Estranho, não percebo. Apanhou-me de surpresa, mas tem a ver com a forma atabalhoada e trapalhona como as listas foram feitas”, considera o social-democrata, vincando a concluir: “Não tenho preocupações por não estar na lista”.
Lista com algumas surpresas
O Conselho Nacional do PSD aprovou na noite desta última terça-feira as listas de candidatos à Assembleia da República e no caso das escolhas por Setúbal registaram-se algumas surpresas, além do desaparecimento do nome de João Afonso da lista.
Fernanda Velez, indicada pela Moita, e Bruno Vasconcelos, pelo Seixal, foram os escolhidos para ocupar respectivamente o terceiro e quarto lugares da lista pelo círculo de Setúbal, que é encabeçada por Nuno Carvalho e que apresenta Fernando Negrão, líder parlamentar do PSD, como número dois.
Maria Luís Albuquerque, como noticiado oportunamente em primeira-mão por o O SETUBALENSE, foi arredada das contas por Rui Rio e ficou fora da lista. A ex-ministra das Finanças, recorde-se, fora cabeça-de-lista por Setúbal nas legislativas de 2015.
Já Bruno Vitorino, presidente da distrital, eleito deputado no segundo posto por Setúbal há quatro anos, caiu para o último lugar dos efectivos (18.º) e no final pediu ao secretário-geral do partido, José Silvano, para que o seu nome fosse retirado, acabando assim por não figurar na lista.
Em 2015, o PSD concorreu às legislativas em coligação com o CDS-PP, conseguindo eleger quatro deputados por este círculo a juntar a mais um dos centristas (Nuno Magalhães).