Com o objectivo de desvendar o work in progress das produções em residência, o microFIAR sai às ruas de Palmela nos próximos dias 26, 27 e 28 de Julho
No fim-de-semana, espectáculos de teatro, performance, dança e de circo contemporâneo para públicos de todas as idades chegam às ruas de Palmela que se enchem de vida para receber o microFIAR, “festival de artes de rua e celebração marcante da vida cultural da região de Palmela” que “aposta na ideia de território humano vivo e da arte como processo”.
Das salas para a rua, onde as manifestações artísticas acontecem
“Existe normalmente uma grande confusão entre a animação de rua e as artes de rua. Há sempre alguns momentos de animação de rua nos nossos festivais mas focamo-nos essencialmente nas artes de rua e no circo contemporâneo. Procuramos produzir espectáculos na rua, tirá-los dos seus sítios tradicionais e levá-los para a rua”, começa por dizer Alexandre Nobre, da organização do certame, a O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO. “Preocupamo-nos em criar espectáculos para o público, em que exista uma maior intervenção no espaço público e um maior contacto com o público, sempre com o intuito de trazer as pessoas para a rua”, adianta.
Depois de 2018, sendo bianual, o FIAR, Centro de Artes de Rua regressa em 2020 – mas não quis deixar passar este ano em branco. Sem esquecer as oficinas artísticas e a formação que acontece ao longo do ano paralelamente ao planeamento e programação para que de dois em dois anos se realize o festival, o microFIAR apresenta o trabalho realizado até aqui no que às residências artísticas e à criação para projectar o festival do próximo ano diz respeito: “vamos ter apresentações dos trabalhos que temos vindo a desenvolver, que são as nossas criações em work in progress, as oficinas, e vamos também convidar alguns artistas que trabalham connosco para apresentarem os seus espetáculos”. Para Alexandre Nobre, a edição deste ano “é uma pequena amostra daquilo que será o festival do próximo ano”.
O FIAR, que começou em 1999, foi o primeiro festival de artes de rua em Portugal depois da Expo’98. A associação cultural com o mesmo nome foi criada em 2000 para garantir a realização do festival. Actualmente, o FIAR, Centro de Artes de Rua é uma estrutura profissional de programação, criação, formação e promoção que trabalha de forma constante no campo das artes no espaço público, sendo financiada pelo Governo Português – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes e apoiada pela Câmara Municipal de Palmela. Integra co-produções e espectáculos de criadores “que já são cúmplices do projecto” mas também de artistas que iniciam este ano a sua relação com o FIAR/CAR e com a comunidade de Palmela.
Artes de rua e circo contemporâneo em parceria
“Contando com o envolvimento da comunidade, trazemos sempre espectáculos de risco, isto é, espectáculos que não são para grandes massas. Procuramos, por isso, encontrar autores ou criadores que foquem o seu trabalho no risco, uma vanguarda das artes cénicas. Esse é o nosso grande interesse e foco”, continua.
O FIAR, que é também o primeiro festival de circo contemporâneo em Portugal, nas palavras de Alexandre Nobre, procura “focar-se em espectáculos com elementos e criadores ligados ao circo contemporâneo”, sem pretensão de que se torne um festival de grandes dimensões ou de massas: “isto é para um público muito próprio, para o qual trabalhamos e ao qual queremos dar o máximo de comodidade possível ao assistir aos nossos espectáculos para que saiam daqui satisfeitos e levem para casa uma boa experiência”.
O Festival FIAR, e este ano o microFIAR, são “a apoteose para onde converge todo o trabalho realizado através de uma longa gestação”, onde são partilhados “os resultados de um trabalho criativo, de cultura, de formação, integração e cooperação que só é possível através de uma relação contínua que não se esfuma quando cai o pano”.
Festival abre com trabalho documental sobre a vindima
Entre as novidades na programação da edição deste ano, está um trabalho documental, intitulado “Vinha e Fé – vindima tradicional, um processo”, sobre a vindima tradicional realizada na região de Palmela. “Vamos aliar às artes cénicas uma parte documental, um trabalho sobre algo muito importante na região”, explica Alexandre Nobre, que é também o autor do “trabalho de fotografia que será apresentado em três vertentes”. Nas fotografias, pretende mostrar-se o encontro da comunidade com a vinha e “todo o processo da vinha, desde uma vindima até à outra”.
Programação microFIAR 2019
26 de Julho
19h30 – Abertura oficial do microFIAR
Vinha e Fé – Vindima tradicional, um processo
De Alexandre Nobre (Apresentação documental)
Local: Adega da Casa da Atalaia.
21h30
Wave Dance Lab + 55 Anos
De Rafael Alvarez (Laboratório de criação coreográfica/espectáculo)
Local: Cineteatro S. João | Duração: aprox. 30m | Classificação: m/6
22h30
A Morte da Audiência
De Bruno Humberto (Performance/teatro)
Local: Cineteatro S. João | Duração: aprox. 40m | Classificação: m/16
27 de Julho
11h00
Oficinas dos Ares e de Clown
Polo de Formação FIAR/ Inês Oliveira e Graça Ochoa (Aula aberta)
Local: Cineteatro São João | Duração: aprox. 25m | Classificação: m/4
17h00
Boca Ilha – O Rosto que Ninguém Vê
De Nuno Nunes (Teatro)
Local: Adega da Casa da Atalaia | Duração: 75m | Classificação: m/12
18h30
Folheação
De Miguel Castro Caldas (Performance)
Local: Biblioteca Municipal de Palmela | Duração: 30m | Classificação: m/12
21h30
Julieta Bebe uma Cerveja no Inferno
De Tiago Vieira (Dança/performance)
Local: Lavadouro de Santa Ana | Duração: 40m | Classificação: m/6
22h30
A Vila
De Bruno Humberto e Rui de Almeida Paiva (Teatro musical) – Apresentação informal
Local: Cineteatro São João | Duração: 30m | Classificação: em curso; sugestão m/12
28 de Julho
11h00
Um Ponto que Dança
De Sara Anjo (Leitura encenada)
Local: Auditório da Biblioteca Municipal de Palmela | Duração: aprox. 60m | Classificação: m/3
17h00
Sweet Drama
De Dulce Duca (Circo contemporâneo)
Local: Rua de Olivença | Duração: 40m | Classificação: m/3
18h30
Toca
De Cátia Terrinca (Instalação/ Performance)
Local: Largo da Boavista | Duração: 45m | Classificação: em curso; sugestão m/12
21h30
A Rapariga Mandjako
De Rui Catalão com Joãozinho da Costa (Teatro/ Dança)
Local: Pátio da Adega da Casa Atalaia | Duração: aprox. 50m | Classificação: todos
22h30
Sopros
De Dolores de Matos e Luciano Amarelo (Circo contemporâneo) – Apresentação informal
Local: Cineteatro S. João | Duração: aprox. 30m | Classificação: m/3