Julgamento de Diana Fialho e Iuri Mata em alegações finais

Julgamento de Diana Fialho e Iuri Mata em alegações finais

Julgamento de Diana Fialho e Iuri Mata em alegações finais

O julgamento de Diana Fialho e Iúri Mata pelo homicídio de Amélia Fialho prossegue hoje, no Tribunal de Almada, para as alegações finais. Aguarda-se apenas o depoimento da última testemunha, pelas 14h00.

 

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O último testemunho pertence a uma assistente social que acompanhou a arguida, Diana Fialho, na infância. Embora o juiz Nuno Salpico tenha considerado que não havia “necessidade de prolongar o julgamento por muito mais tempo”, a defesa não abicou deste testemunho, considerando-o “imprescindível”. Prosseguem depois as alegações finais.

Desde o início do julgamento, a 4 de Julho, Diana Fialho e Iuri Mata optaram por se remeter ao silêncio. No entanto, a audiência de ontem ficou marcada pelas suas respostas a algumas perguntas sobre o relatório social.

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O advogado do arguido chegou mesmo a dirigir-se ao presidente do colectivo de juízes, indicando que o acusado não iria pronunciar-se em tribunal por estar sobre o efeito de medicação. Contudo, Iuri Mata conseguiu responder a todas as perguntas do juiz, indicando inclusive os locais onde trabalhou, vencimentos e quem o tem visitado na prisão.

Já as declarações de Diana Fialho recaíram sobre a instabilidade emocional que alega ter vivido nos últimos anos.

A arguida declarou que teve um internamento psiquiátrico aos 14 e aos 18 anos. O primeiro devido à “grande depressão pelo falecimento da avó” e o segundo por não “estar a conseguir tirar o curso”. Ambas situações levaram a que estivesse sob medicação até aos 20 anos.

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Segundo Diana Fialho, a estreita relação com a avó e o seu falecimento contribuíram em grande parte para a sua fragilidade emocional. “Tinha muito boa relação com a minha avó. Passei muito mal porque era com a minha avó que eu passava mais tempo, a minha mãe estava sempre a trabalhar”, referiu.

O casal acusado de homicídio qualificado e profanação de cadáver vai ter nova oportunidade para se dirigir ao tribunal no final do julgamento.

 

Dinheiro foi móbil do crime

 

O homicídio de Amélia Fialho impressionou o país em Setembro de 2018, pela frieza e premeditação com que a filha adoptiva, Diana Fialho e o genro, Iuri Mata, cometeram o crime.

Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, os arguidos “gizaram um plano para matar Amélia Fialho, de 59 anos, e, ao jantar, colocaram fármacos na bebida da vítima que “a puseram a dormir”. Posteriormente desferiram à vítima “vários golpes utilizando um martelo”. Acto que causou a sua morte.

No móbil do homicídio estão discussões entre Amélia e a filha, por questões financeiras. Diana Fialho exigia uma mesada fixa para ela e para o marido, Iuri, ambos desempregados e a viver dependentes da professora.

Maria Filipa de Sousa, colega de Amélia Fialho na Escola Secundária Jorge Peixinho, no Montijo, era o ombro amigo da vítima e, em tribunal, descreveu tudo o que Amélia confidenciou ao longo de anos, desde os motivos pelos quais adoptou uma criança às agressões a que era sujeita pela filha adoptiva. “Quando a Amélia quis adoptar uma criança era para que tivesse alguém a quem deixar os seus bens”, referiu a professora.

Em 2013, Amélia realizou um testamento onde incluiu a Diana Fialho, mas era frequente arrepender-se da decisão. “A Amélia era bastante volátil no que toca ao assunto do testamento. Quando discutia com a filha dizia que a ia tirar do testamento, mas quando a relação era boa voltava atrás”.

Maria Filipa de Sousa contou ainda que Amélia se queixava de agressões por parte da filha na sequência de discussões relacionadas com dinheiro, mas nunca lhe referiu que Iuri participava nas mesmas. “Quando o casal começou a viver lá em casa, eram os dois bastante prestáveis, ajudavam na lida da casa. Depois, tudo mudou, e começaram a surgir discussões que acabavam com Diana a agredir a mãe”.

Maria Filipa de Sousa referiu ainda que, “nos últimos meses a Amélia deixou de ser a pessoa alegre de sempre, passou a vestir muita roupa e a queixar-se de dores”. Quando a filha deu conta do desaparecimento, através das redes sociais, a docente desconfiou imediatamente. “A Amélia não era pessoa de sair sozinha à noite, sem o cão e sem o carro. Mas o que mais me estranhou foi a forma como escreveu, referindo-se à mãe no passado”.

A par destes pormenores, Maria Filipa Sousa recordou o momento em que Iuri perguntou, “se ela tiver mesmo desaparecido como é que chegamos às coisas dela?”. Para a testemunha essas palavras confirmaram os seus receios. “Caiu-me a ficha, eu numa situação daquelas estaria a chorar”.

 

Vestígios de sangue pressionaram confissão

 

Em Setembro, os então suspeitos foram confrontados em tribunal com os vestígios de sangue recolhidos na bagageira do carro de Amélia Fialho, pela Polícia Judiciária. Terá sido a presença destes vestígios que levou Iuri a ceder na sua confissão.

Após a confissão, o genro de Amélia Fialho acompanhou os inspectores da Polícia Judiciária em diligências à bomba de gasolina onde ele e Diana, compraram a gasolina e isqueiro na noite de 1 de Setembro de 2017, para queimar o corpo de Amélia.

A partir da bomba de gasolina, Iuri conduziu os inspectores ao local ermo em Pegões e à Ponte Vasco da Gama, onde explicou jogaram ao mar um martelo, bem como a mala e outros pertences da vítima. Quanto aos documentos da vítima, os arguidos esconderam em papel higiénico e guardaram em casa.

 

Judiciária revela cronologia do crime

 

Durante o julgamento, a inspectora da PJ, Fátima Vira, explicou ao colectivo de juízes como a investigação levou à detenção do casal, quando o corpo carbonizado ainda não tinha sido identificado. “Fomos alertados para a presença dum corpo num local ermo em Pegões, cujas caraterísticas físicas se assemelhavam com a descrição de uma pessoa desaparecida no Montijo”.

A inspectora apontou para a altura do corpo, uma pessoa de baixa estatura, e para as unhas pintadas num pé recuperado, que fazia crer de que se tratava de uma mulher. “Foi então que nos dirigimos à residência da arguida, que aceitou que realizássemos uma busca sumária”, relatou a Fátima Vira.

Os inspectores depararam-se com um forte cheiro a incenso dentro de casa a par de outro detalhe. A roupa dos arguidos estava estendida na varanda do quarto destes com um forte cheiro a lixivia e numa t-shirt de Iuri estavam ainda vestígios de sangue.

Os bens do casal foram então apreendidos, inclusive um computador onde foram identificadas buscas online sobre como se desfazer de um corpo. E no Opel Astra de Amélia Fialho foi descoberto sangue.

Segundo acusação confirma, após o homicídio, os arguidos embrulharam o corpo e colocaram-no na bagageira de um carro e deslocaram-se até um terreno agrícola, em Pegões, onde com recurso a gasolina, “atearam fogo ao cadáver”.

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