O transporte marítimo enfrenta desafios acrescidos devido à elevada quantidade de energia necessária para percorrer longas distâncias
A APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra e a APL – Administração do Porto de Lisboa estão decididas a acelerar a estratégia de descarbonização do setor marítimo, e assumirem o compromisso com soluções tecnológicas que contribuam para uma mobilidade mais sustentável, eficiente e alinhada com as metas nacionais e europeias para 2030 e 2050.
Contudo, o contributo dos portos para a redução de emissões implica decisões nem sempre fáceis uma vez que “o transporte marítimo enfrenta desafios acrescidos devido à elevada quantidade de energia necessária para percorrer longas distâncias, tanto no transporte de mercadorias como no setor dos cruzeiros”, disse Vítor Caldeirinha.
O presidente da APSS e da APL, falava no painel “Energia para o transporte: baterias, hidrogénio e combustíveis sustentáveis”, que integrou quarta edição do Electric Summit – Energy for Life, um dos principais fóruns nacionais dedicados à mobilidade sustentável e à transição energética, que contou na sessão abertura com Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, que destacou o papel estratégico de Portugal na transformação da mobilidade para um futuro mais limpo e eficiente.
Na sua intervenção, Vítor Caldeirinha lembrou que “os combustíveis verdes continuam a representar uma questão bastante complexa. Ainda não se sabe bem qual será o futuro, e embora o Gás Natural Liquefeito seja atualmente a opção mais adotada, permitindo reduzir entre vinte e trinta por cento as emissões de carbono, este combustível é considerado apenas uma solução de transição. Por outro lado, para responder a estes desafios da transição energética, é necessário que os portos estejam preparados para receber essas bancas de combustível verde, para abastecer os navios”.
Ao mesmo tempo sublinhou que a principal preocupação ambiental nas áreas portuárias não é o carbono, mas sim o impacto direto na saúde pública. “A nível mundial as emissões de carbono andam à volta de dois a três por cento o que é muito pouco. Em porto, o carbono não é o principal problema. E o Onshore Power Supply vem resolver as questões das emissões garantindo cruzeiros mais limpos e um porto mais verde”.
Neste contexto destacou os investimentos em curso em Lisboa, inseridos no plano “Portos 5+”, com o objetivo de avançar para a eletrificação total das operações, nomeadamente a instalação do sistema Onshore Power Supply (OPS). Recordou que o Porto de Lisboa está já a investir na eletrificação integral da infraestrutura, reforçando a potência disponível para duas necessidades centrais: a ligação elétrica a navios, que será obrigatória até 2030 e cuja implementação estará concluída em 2029, e a eliminação das emissões enquanto os navios estão atracados, permitindo atingir valores praticamente nulos em operação portuária. Além da ligação elétrica a navios, salientou que a transição abrange “toda a infraestrutura operacional e todos os equipamentos do porto”.