André Sousa, filho do histórico capitão Hélio, ajuda a transmitir mística a quem chega ao Bonfim
Apesar de ter apenas 21 anos de idade, o defesa André Sousa, filho de Hélio, histórico capitão do Vitória, não esconde que, por conhecer bem a história do clube, assume que procura, com os colegas que estão há mais tempo no plantel, transmitir a mística vitoriana a quem chega agora a Setúbal. “O Vitória é o clube do meu coração. Mesmo sendo novo sinto a responsabilidade de mostrar a quem chega que o Vitória é um clube enorme”.
O lateral-esquerdo confessa-se feliz por voltar a ter em 2019/20 a concorrência de Nuno Pinto, jogador que venceu este ano a batalha contra um linfoma. “Depois do que aconteceu, é bom tê-lo de volta. É um jogador experiente e ajuda-me. Independentemente de termos a mesma posição, ambos queremos que a equipa esteja ao mais alto nível”, vincou o setubalense André Sousa.
Quais as suas perspectivas para 2019/20, época em que volta a ter a concorrência de Nuno Pinto na posição de lateral-esquerdo?
Depois do que aconteceu, é bom tê-lo de volta. É um jogador experiente e ajuda-me. Independentemente de termos a mesma posição, ambos queremos que a equipa esteja ao mais alto nível. Quero ter mais jogos do que na época passada, fazer mais assistências como lateral-esquerdo e ajudar o Vitória, claro.
Como é voltar a ter Nuno Pinto a tempo inteiro no grupo de trabalho?
É bom. É uma pessoa alegre, bem-disposta e está sempre a brincar com a malta, algo que faz falta em qualquer grupo. Precisamos disso, é uma pessoa que ajuda bastante.
A sua personalidade reservada não podia ser mais diferente de Nuno Pinto…
(Risos) Sim. Sou uma pessoa calma e gosto de estar no meu canto. Dizem que sou como era o meu pai [Hélio Sousa], entro mudo e saio calado!
Os colegas devem brincar com essa sua característica…
Sim. Às vezes reunimos a equipa e querem que eu fale, mas eu achei que está tudo dito e não acrescento nada. Sou mais de ouvir e observar.
Por ser filho de Hélio Sousa, jogador que fez toda a sua carreira no Vitória, e já ter muitos anos de casa, sente que pode ajudar a transmitir a mística vitoriana?
Sim, acho que posso ajudar os colegas que chegam. Também temos os capitães que têm essa responsabilidade. O meu pai foi um grande jogador e fez toda a sua carreira no Vitória. Tive a sorte de viver alguns grandes momentos como a conquista da Taça de Portugal, em 2005, com o Benfica. Conheço histórias, vi vídeos, como aquele do 5-2 ao Benfica [1993/94]. Mesmo sendo novo, pelo que conheço do clube, sinto a responsabilidade de mostrar a quem chega que o Vitória é um clube enorme.
«Se fizesse a mesma coisa que o meu pai ficava feliz»
Vê-se a fazer toda a carreira no Vitória, como fez o seu pai?
O meu pai é o meu pai e eu sou eu. Gostava de ter o que ele conseguiu e ficar na história do clube e conquistar troféus. Gostava de ter isso, mas também gostava de ter outras ambições, ir para fora e jogar, mas se fizesse a mesma coisa que o meu pai ficava feliz porque o Vitória é o clube do meu coração.
A Taça de Portugal de 2005 foi erguida pelo seu pai e pelo seu actual treinador (Sandro Mendes), ambos capitães de equipa. Pode esse momento servir de inspiração para conquistar um troféu em breve?
O Vitória é um clube que concorre sempre às taças, seja de Portugal seja da Liga. São troféus que são muito especiais para o clube e os adeptos. Na equipa técnica, temos o Sandro, o Meyong e Marco Tábuas [actuais adjuntos que também eram jogadores no ano da conquista no Jamor] e podem transmitir-nos isso. Claro que o campeonato é mais importante e queremos a permanência.
Depois da aflição dos dois últimos anos, a prioridade é realizar uma prova tranquila?
Sim. Queremos a permanência o mais rápido possível e não reviver épocas passadas em que vivemos a aflição de ter de lutar sempre até ao fim. Queremos fazê-lo o mais rápido possível e depois pensar noutros objetivos.
Sente que o sufoco porque a equipa passou deu maturidade aos jogadores?
Sim. Essas situações dão-nos mais responsabilidade. Temos jogadores competentes para que isso não aconteça.
«Temos um grupo competitivo, duro e unido»
Que grupo tem o Vitória esta época?
Temos um grupo competitivo, duro e unido. Os treinos têm sido duros e é aí que que se vê a união e como todos puxam uns pelos outros.
Como vê aventura do pai como selecionador do Bahrein?
Com alegria. Já estava há 10 anos nas Selecções de Portugal e agora abraçou um novo desafio. Ganhou o que ganhou e quis outros desafios. Está muito mais longe mas estamos sempre a apoiá-lo.
Está sozinho?
Está, mas a minha mãe vai às vezes ao seu encontro.
Como está a ser a adaptação à nova realidade?
Já lá tinha ido e gostou. É um país pequeno, já mandou mensagem a dizer que a apresentação correu bem e tem um grupo competitivo.
Qual o maior conselho que guarda do seu pai?
Quando comecei a treinar com os seniores e fiz o contrato de três anos disse-me que três anos não duram para sempre e que passam rápido. Temos de dar o melhor em todos os treinos, ser duros e nunca desistir mesmo que as coisas corram mal.
Vai ser melhor jogador do que o pai?
Vamos ver. Espero que sim (risos).