Coligação que liderava junta de freguesia rotula alerta de falência feito por Nuno Cruz como “mentira grosseira”
A CDU desmente as declarações do presidente da União de Freguesias de Setúbal (UFS), Nuno Cruz, que alega a existência de uma dívida superior a 200 mil euros, deixada pelo executivo anterior, liderado por Fátima Silveirinha, depois da renúncia de Rui Canas em dezembro do ano passado. Em resposta à entrevista dada pelo recém-eleito, a coligação refuta as afirmações do novo executivo do Partido Socialista (PS) e acusa Nuno Cruz de mentir para “disfarçar a incompetência e falta de projeto” do partido rosa para esta junta de freguesia.
Em entrevista a O SETUBALENSE, que saiu na edição desta terça-feira, o novo autarca da UFS considerou não achar “normal um executivo deixar a junta com mais de 200 mil euros de pagamentos em atraso” e “mais de 20 mil euros de pagamentos por fazer ao movimento associativo”. No entender do autarca do PS, se esta junta de freguesia fosse uma empresa “provavelmente estaria em falência e há muito que os seus gestores tinham sido despedidos”.
Numa resposta a estas declarações, a CDU esclarece que aquilo que Nuno Cruz classifica como “dívida”, talvez por ser “recente no cargo e não ter experiência” são, na realidade, “compromissos orçamentais legalmente assumidos” pelo anterior executivo, referindo que estes compromissos se destinavam maioritariamente a investimentos na freguesia e ao apoio “crucial” ao movimento associativo.
Através de um comunicado enviado à redação d’O SETUBALENSE nesta terça-feira, a coligação partidária garante que estes compromissos possuem receita própria da junta, bem como transferências do Estado e do município, “perfeitamente identificadas e garantidas para a sua liquidação ao longo do exercício económico”. A coligação explica que esta é a forma habitual de gestão da tesouraria em qualquer autarquia, que planeia e assume um compromisso para depois o pagar de forma faseada, à medida que a receita entra.
A afirmação de que a junta estaria “em falência” é classificada pela CDU como uma “mentira grosseira” que demonstra “profunda falta de rigor”. O comunicado, assinado pelo executivo da coordenadora CDU do concelho de Setúbal, critica também a primeira ação do novo executivo do PS, que não foi a de “estudar a gestão”, mas sim a de “cancelar eventos sociais importantes”, nomeadamente o almoço dos reformados e o almoço de Natal dos trabalhadores. Para a CDU, estas ações não são meras “despesas” nem um ato de “poupança”, mas sim uma clara “opção política”. A coligação considera estes eventos são “investimentos na comunidade”, essenciais no combate à solidão e no reconhecimento do trabalho dos servidores da freguesia, classificando-os como a “alma de uma freguesia viva”.
A CDU defende ainda que a alegação da “dívida” é uma “desculpa esfarrapada” para justificar uma rutura com o projeto de desenvolvimento social, cultural e associativo que marcou a gestão anterior. A coligação que antes liderava a UFS considera que o PS, sem um “projeto próprio que valorize o que foi construído”, estaria a criar a narrativa do “descalabro financeiro” para disfarçar a sua “própria incompetência”.