Filha de João Marinho acredita em morte acidental

Filha de João Marinho acredita em morte acidental

Filha de João Marinho acredita em morte acidental

Todos os anos surgem cerca de 4 000 casos de desaparecidos em Portugal. 50% chega ao Ministério Público por suspeita de crime. No caso de João Marinho, desaparecido há 27 dias, a PJ prossegue com investigações sem lançar parecer

 

 

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João Ribeiro Pereira Marinho foi visto pela última vez em Azeitão, na manhã de 9 de Junho. Ia ao encontro de um grupo com o qual faz caminhadas. Nesse dia João saiu mais tarde de casa e desencontrou-se do primo, que participa na mesma actividade.

As horas passaram e a família considerou o atraso fora do comum. Estava dado o alerta. O desaparecimento continua por solucionar. Entretanto, família e amigos já foram ouvidos pela Polícia Judiciária de Setúbal.

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Em entrevista a O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO, a filha do desaparecido, Sara Marinho, recorda a rotina do pai e aposta em novas buscas, expectante pela futura actuação da PJ.

 

O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO – Qual o ponto de situação sobre o desaparecimento do seu pai?

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Sara Marinho – Por parte das autoridades disseram-me que estavam a verificar se havia cães que fizessem a busca, que sentissem o cheiro, eventualmente, de algum cadáver, para voltarem ao terreno. Nós também já estivemos várias vezes no terreno e não conseguimos encontrar nada. Neste momento estamos a aguardar isso e a intervenção da Judiciária, que entre várias coisas contempla também a verificação de algumas câmaras de vigilância. E a análise de todos os registos, quer bancários, quer de comunicações. Julgo eu, não sei. Estamos na espectativa daquilo que é a investigação da Judiciária e que por ser tão minuciosa leva sempre mais algum tempo.

 

Quando fala no terreno, trata-se de que área?

 

S.M. – Em Azeitão, a casa onde passamos os fins-de-semana fica nas traseiras da AERSET [instalações da Associação Empresarial da Região de Setúbal]. E o caminho que o meu pai iria fazer era pela estrada principal, passando pela Eurocerâmica e pela Nacional até à primeira rotunda de Azeitão. Acontece que esse caminho ele não terá feito, se não ter-se-ia cruzado com o primo.

 

No dia 9, alguém viu o seu pai nesse caminho ou nas proximidades?

 

S.M. – A última pessoa que o viu, que nós tenhamos a certeza ou que nos tenha relatado foi a minha prima, que o viu descer a estrada. Portanto deduzimos que o meu pai tenha apanhado um caminho alternativo ou que tenha acontecido alguma coisa.

 

João Marinho saiu por volta das 9h00 e pelas 11h00 a família começou a preocupar-se pelo facto de ainda não ter regressado. Porquê logo depois de duas horas?

 

S.M. – Porque sendo normal, entre as 10h30 e as 11h00, ele já lá estaria.

 

E pelas 22h00 participaram o desaparecimento às autoridades

 

S.M. – Não é verdade. É verdade no que diz respeito à formalização e à elaboração do auto. Agora, a partir do momento em que eu confirmei com os meus primos, por volta do meio-dia, que o meu primo já estava com a minha prima e que não esteve com o meu pai, então saí de casa, de carro, e fiz o caminho que ele era suposto fazer.

Fiz também o caminho alternativo. Tudo de carro. E fui ainda na direcção oposta. A minha mãe ficou em casa a ligar para os hospitais, para saber se teria havido algum acidente.

Não o encontrei. Passei então pela esquadra [Posto Territorial da G.N.R em Azeitão], cerca das 13h30. Pediram-me para enviar, por e-mail, uma fotografia do meu pai. Perguntei se era necessário mais alguma coisa para formalizar, foi quando soube que só podia fazê-lo no dia seguinte.

 

 

“As buscas deveriam ter sido imediatas”

 

 

Como é que foi a actuação da GNR?

 

S.M. – O que me parece é que as buscas deveriam ter sido imediatas. E só vieram a acontecer segunda-feira [dia 10 de Junho] da parte da tarde.

 

Quando é que o processo transitou para a Polícia Judiciária?

 

S.M. – Fui contactada pela Polícia Judiciária na quarta-feira da segunda semana após o desaparecimento [dia 19 de Junho]. Mas se pegaram no caso mais cedo não posso garantir.

 

Neste momento a Polícia Judiciária aponta para que hipóteses?

 

S.M. – Não me fizeram entender nada. O que eu tenho conhecimento, tem sido por via da comunicação social. E isso tem que ter sempre um grande filtro.

 

 

Filha defende tese de acidente

 

 

Comenta-se a possibilidade de ter sido um desaparecimento voluntário ou de ter ocorrido um acidente durante o percurso de João Marinho. Estas hipóteses parecem-lhe viáveis?

 

S.M. – Isso é uma interpretação de quem faz as notícias. Não posso dizer se tem fundamento ou não, porque eu não tenho essa informação formal. Posso dar a minha opinião. Para mim terá havido algum acidente e alguém o retirou daquela região.

 

O seu pai alguma vez referiu a vontade de ir embora?

 

S.M. – Não. O meu pai tem o problema da depressão crónica, mas estava controlada. A medicação nova estava a fazer feito e ele estava numa boa fase, muito bem-disposto.

 

Vocês residem em Almada e passam os fins-de-semana em Azeitão. O seu pai pode ter ido para Almada e daí para outro lugar?

 

S.M. – Não, porque ele deixou a chave de Almada na minha casa. E na casa de Almada não falta nada. O que terá acontecido para ele não ter chegado ao encontro do meu primo? Não sabemos.

 

Desde que o desaparecimento de João Marinho ficou público tem sido relatado que tinha em sua posse uma elevada quantia em dinheiro.

 

S.M. – Isso não é verdade. Tendo em conta os levantamentos que fez e o dinheiro que deixou em casa, quando muito o meu pai teria 80,00 euros em sua posse. Quantos aos cartões, foram cancelados num momento inicial por temermos um assalto.

Contudo, o meu pai, se estiver bem, pode movimentar contas, o que ainda não fez, até ao momento.

 

Quais são os próximos passos?

 

S.M. – Aguardo que a GNR indique se vai ou não voltar ou terreno. E vou tentar arranjar um grupo para no fim-de-semana fazer novas buscas. Não acredito que o resultado seja diferente. Não é o que acredito, porque eu acredito que o meu pai não se enveredou pelo mar, mas ele ia de calções e isso não era um hábito. Mas não vá haver alguma coisa que nos passou despercebida, algum odor. O que aconteceu? Não sabemos.

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