António Cachaço: “Aceitar pelouros está fora de questão mas vamos aprovar o que for bom para Setúbal”

António Cachaço: “Aceitar pelouros está fora de questão mas vamos aprovar o que for bom para Setúbal”

António Cachaço: “Aceitar pelouros está fora de questão mas vamos aprovar o que for bom para Setúbal”

Vereador fala num resultado “histórico” para o Chega. Autarca defende que alteração nos impostos está dependente do estado financeiro do município e que privatização dos SMS é hipótese em cima da mesa

António Cachaço, vereador eleito do Chega em Setúbal, faz o balanço de umas eleições que considera “históricas” para o partido e traça as prioridades para o novo mandato. Depois do partido de André Ventura conquistar dois lugares no executivo municipal e passar de 4 para 24 autarcas no concelho, o recém eleito afirma que Setúbal “precisa do Chega para avançar” e garante uma postura de oposição construtiva, “avaliando cada medida pelo que representa para os munícipes, e não pela força política que a propõe”.

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Em entrevista a O SETUBALENSE, o vereador aborda temas centrais para a governação local, desde o IMI Familiar, a gestão dos SMS, passando pelo estacionamento tarifado, a criação de uma Polícia Municipal e a implementação de videovigilância na cidade.

António Cachaço assegura que o partido está disponível para colaborar em projetos “que melhorem a qualidade de vida dos setubalenses”, mas afasta a hipótese de aceitar pelouros ou fazer acordos formais com Maria das Dores Meira, atual presidente da autarquia. “Um acordo tácito não vai existir”, sublinha, embora garanta que “tudo o que for bom para Setúbal e Azeitão, o Chega estará cá para apoiar”.

Que leitura é que faz dos resultados obtidos pelo Chega em Setúbal?

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Os resultados do Chega foram históricos. Não foram os que nós estávamos à espera, quando entramos nas lutas é para ganhar, portanto, não foi o resultado que nós esperávamos, mas é um resultado histórico, dá-nos uma dimensão grande dentro da autarquia e era esse o nosso objetivo.

Passámos de 4 autarcas para 24. É um crescimento assinalável, não é o que nós pretendíamos, mas é um resultado bastante vitorioso da nossa parte.

Considera que o partido consolidou uma base política na cidade?

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Sim, passámos a ter uma voz ativa e uma voz muito concreta e bastante assinalável em Setúbal. Neste momento nós temos a ideia que Setúbal precisa do Chega para avançar.

Qual é a posição do Chega relativamente ao IMI Familiar em Setúbal?

Agora vamos ter as reuniões de vereação e vamos perceber o estado em que estão as contas da Câmara, para percebermos quais é que são as capacidades que a autarquia tem neste momento de modo a podermos implementar algumas medidas, sendo que tínhamos algum interesse em que isso fosse possível.

Da ideia que nós temos das contas da Câmara, vai ser complicado neste momento mexer-se no IMI tendo em conta o negativo das contas. O Chega é a favor, mas tem atenção às finanças da autarquia.

Relativamente aos SMS, o Chega defende alguma reorganização, fusão ou até uma privatização?

Neste momento já sabemos que podem existir algumas mudanças na parte administrativa, nós vamos avaliar todas as mudanças que forem propostas pela nova presidente, vamos ver. Gostávamos de perceber a situação e de termos uma noção mais concreta do tipo de despesa e do tipo de gestão que é feita nos serviços municipalizados.

Tendo em conta que é a Câmara que vai nomear as pessoas, gostávamos de ter uma voz ativa, de pelo menos percebermos o que é que podem ser as alterações e percebermos se é preciso ser privatizado ou não. É uma empresa que tem muita rentabilidade, mas também é uma gestão muito onerosa para a Câmara Municipal.

Quanto ao estacionamento tarifado, Dores Meira defende que deve ser a Câmara a estar a cargo, concorda?

Temos noção que é preciso existir estacionamento tarifado em Setubal. Neste momento o que existe é exagerado, está fora do que é contratualizado. Deveriam existir bolsas de estacionamento gratuito, principalmente em bairros habitacionais, o que não tem acontecido.

Também tínhamos a ideia, e está no nosso programa, que deveria ser a Câmara Municipal a assumir a parte da gestão dos parquímetros, porque é uma fonte de receita para a Câmara, que em vez de estar a dar a privados mais vale estar do lado da autarquia para rentabilizar.

Parece também haver acordo com Dores Meira sobre a criação de uma polícia municipal e na videovigilância…

A nossa primazia em termos de programa era a habitação e a segurança. Continuamos a batalhar para a criação de uma polícia municipal e para a videovigilância em Setúbal. Achamos que é um ponto central e importante para os habitantes de Setúbal e Azeitão.

Se todos apresentarmos a mesma solução para melhorar a segurança em Setúbal, não podemos seguir de vetar medidas só porque existiram resultados autárquicos que não foram de acordo com o desejado por algumas forças políticas.

Ainda assim, recordar que em alguns debates que nós tivemos, o Fernando José [PS], fala numa cidade segura, mas continuamos a assistir a alguns episódios bastante tristes em Setúbal e acho que a videovigilância iria melhorar e ia ter um papel de prevenção muito grande em relação ao crime em Setúbal.

Que prioridades teria essa polícia?

Seria uma força complementar à PSP, e não de concorrência. Há certas atividades que a PSP faz em termos de, por exemplo, trânsito, acidentes, e no nosso ponto de vista não faz sentido estarmos a levar efetivos para um acidente que pode ser a Polícia Municipal a tratar. Há várias situações em que a Polícia Municipal pode ocorrer e fazer o trabalho. Não concorrer com a PSP, mas sim complementar, ou seja, tiramos a PSP de alguns serviços mais básicos para outro tipo de serviço e a Polícia Municipal complementar esses serviços. Tem toda a lógica do ponto de vista de gestão dos efetivos, tendo em conta que não temos um número muito grande de efetivos da PSP em Setúbal.

Se fosse apresentada ao Chega a possibilidade de ter pelouros, aceitaria?

Essa possibilidade está posta de parte devido à posição do nosso partido. Tivemos os votos que tivemos e vamos primar por dar qualidade de vida aos munícipes de Setubal e de Azeitão. Todas as medidas que sejam para melhorar a qualidade de vida, nós estamos cá para avaliar e aprovar dentro de todos os parâmetros que nós achamos que são uma melhoria de vida para os munícipes. Todos as outros nós vamos avaliar, não vamos ser contra qualquer medida, só por ser da força política A, B ou C. Vamos ver o que é bom para os munícipes, se assim for vamos garantidamente aprovar e dar continuidade ao projeto.

Mas está disponível para aceitar acordos de governabilidade com Dores Meira?

Acordos de governabilidade só em projetos específicos que estejam em consonância com o nosso projeto e que nos permitam melhorar a qualidade de vida dos Azeitonenses, mas não há entendimento, não é possível. Olhemos para a videovigilância, que está no nosso programa, não tinha lógica se Dores Meira apresentar uma proposta nesse sentido, eu reprovar, o que temos é depois de negociar.

Um acordo tácito não vai existir, devido às regras que vieram do nosso partido e às indicações que tivemos da nacional. Tudo o que for bom para Setúbal e para Azeitão, nós estamos cá. E, garantidamente, se for bom para os munícipes, nós vamos ser a favor.

Quais são as principais medidas que vão defender já nos primeiros meses?

Nos primeiros meses queremos avaliar as despesas a curto, médio e longo prazo do executivo. A nossa prioridade vai ser sempre segurança, habitação e saúde, essas são as nossas três linhas primordiais. Na segurança temos a videovigilância e temos a parte da Polícia Municipal. Em termos de habitação, queremos ver se é possível, como nós vimos no nosso programa, dar-se prioridade a profissões que são relativamente necessárias em Setúbal, como PSP, GNR, médicos e professores, terem prioridade nos acessos à habitação social.

Que balanço faz da campanha e do comportamento dos adversários políticos?

Na nossa campanha não entrámos em guerras com ninguém, achámos que existiu alguma lavagem de roupa suja, mas não entrámos nisso. Inclusive agora tivemos há poucos dias uma entrevista ao Fernando José, do PS, a dizer que o Chega não contava para nada, que ele é que ia ser a oposição. Portanto, nós não entramos nesse tipo de guerrilha.

A nossa preocupação tem a ver com os munícipes e melhorar a qualidade de vida. Se eles acham que o melhor para Setúbal é andarem em guerrinhas, é um problema deles, nós não vamos entrar nessa linha.

Então o Chega não será tanto uma força de oposição, estando mais em busca de soluções?

Nós vamos fazer oposição garantidamente. Agora, tudo o que for medidas, que sejam boas para Setúbal, nós estamos cá para aprovar e para dar um feedback positivo. Vamos fazer uma oposição porque não vamos aprovar tudo só porque sim, vamos avaliar, tomar noção das medidas que são necessárias e há de haver algumas que vamos ser contra garantidamente.

O que espera deixar como marca do Chega neste mandato?

A marca do Chega neste mandato é fazermos aprovar o maior número possível de medidas que tínhamos no nosso programa. Como, por exemplo, tínhamos a videovigilância, a Polícia Municipal, a questão da prioridade na habitação a algumas profissões que são necessárias, criarmos algumas startups, aproveitarmos a massa profissional que está a ser criada no Politécnico de Setúbal, que depois vai para outros lados.

Temos algumas medidas e vamos tentar aprovar o máximo, vamos apresentar os nossos projetos e vamos esperar que haja também bom senso do lado dos outros partidos para também poderem aprovar medidas que sejam boas para Setúbal.

Acha que os restantes partidos também irão votar com base nas medidas, e não no partido que as apresenta?

Nós respondemos por nós, pelos outros não podemos responder. Agora, tendo em conta o que vimos na campanha autárquica, acho que há aí alguns partidos que vai ser complicado haver algum consenso devido ao passado que têm e às quezílias que tiveram no passado. O Chega entrou agora, tinha quatro autarcas, passou para 24. Temos a força neste momento que não tínhamos antigamente. Não viemos com a ideia de fazer quezílias, vamos fazer o nosso trabalho e criar condições para que os setubalenses tenham uma melhor condição de vida.

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