Em entrevista a O SETUBALENSE, André Martins revela estar desentendido com Maria das Dores Meira, que acabou de vencer as autárquicas em Setúbal
A CDU em Setúbal sofreu uma pesada derrota eleitoral nas autárquicas de 12 de outubro, passando da força política que governava a Câmara Municipal, tendo elegido cinco mandatos em 2021, para apenas um mandato em 2025. André Martins foi o eleito e até à instalação do novo executivo (30 de outubro) ainda é presidente da autarquia, não vai tomar posse, assim o afirmou em entrevista exclusiva a O SETUBALENSE, publicada hoje, quinta-feira, e que tem continuação na edição de amanhã, sexta-feira.
“Não reconheço dignidade política a quem vai assumir as responsabilidades de presidente da Câmara e, por isso, não vou tomar posse neste executivo”, esta “é uma questão pessoal” afirmou André Martins, na entrevista ao jornalista Mário Rui Sobral. Embora não cite nomes, refere-se por certo a Maria das Dores Meira, que venceu as autárquicas na qualidade de Independente, apoiada pelo PSD e CDS-PP, como cabeça de lista do movimento “Setúbal de volta”.
A antiga militante comunista, que governou a Câmara de Setúbal pela CDU entre 2009 e 2017, e que tinha contado com André Martins nos seus executivos, não é agora bem vista pelo ainda presidente do município. Na base deste relacionamento estão discordâncias em matérias como a auditoria de que Maria das Dores Meira é alvo, havendo troca de acusações, e também quanto ao concurso de estacionamento tarifado.
Diz André Martins que Dores Meira aponta que a “responsabilidade” deste concurso: “(…) é toda minha”. E acrescenta: “Quem é capaz de dizer isto também não pode merecer, nem do ponto de vista político, mas também do ponto de vista pessoal, o respeito e a dignidade por ser presidente numa Câmara na qual eu faça parte do executivo”. E, na entrevista, explica procedimentos e garante que “há documentos, está escrito”.
Diz também André Martins, militante do Partido Ecologista “Os Verdes”, que coligado com o PCP formam a CDU, que a pesada derrota da coligação “foi uma grande surpresa. Não estava minimamente à espera”, e garante que não vê razões objetivas que justifiquem a derrota.
Na sua opinião, a Câmara Municipal, por si governada, e as freguesias “fez um trabalho extraordinário”. Diz ainda que nos 23 anos que a CDU governou a Câmara Municipal de Setúbal, o último mandato foi aquele em que houve mais trabalho e investimento em vários setores.
Fala em cerca de 200 milhões de euros de investimento e conclui: “Tenho a convicção de que quem ganhou as eleições vai passar a inaugurar obras, durante os próximos dois anos. Obras que são do mandato da CDU”.