Denúncia anónima aponta para pagamento de valores a assistentes operacionais para aderirem às paralisações
A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal voltou a realizar audições no processo que investiga uma suspeita de corrupção numa escola do distrito, ocorrida durante as greves de janeiro de 2023. A investigação teve início após uma denúncia anónima que alegava que alguns professores teriam pago a assistentes operacionais para aderirem às paralisações, oferecendo quantias superiores ao valor de um dia normal de trabalho, segundo avançou uma fonte do processo à CNN Portugal.
Esta quinta-feira foram ouvidos dois docentes e uma assistente operacional. As perguntas centraram-se nos plenários promovidos pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P!) no início de 2023 e na possibilidade de, nesses encontros, ter sido acordado algum tipo de pagamento aos funcionários não docentes em troca da adesão à greve.
Em análise está a eventual prática de corrupção, em que uma parte teria oferecido dinheiro a outra para participar no protesto laboral. “E não se limitavam a pagar-lhe. De acordo com a queixa, pagavam mais do que eles receberiam se estivessem a trabalhar”, indicou a mesma fonte.
A queixa identifica ainda uma assistente operacional como a pessoa que teria feito a ligação entre os professores e os restantes funcionários, recolhendo e distribuindo as verbas entre os grevistas. Outra fonte próxima da escola descreve um ambiente de tensão crescente. “O medo e a desconfiança voltaram a tomar conta da escola. Isto com certeza até nem levará a lado nenhum, mas está a provocar um desgaste emocional muito grande”.
Até agora, todas as pessoas chamadas à PJ foram ouvidas como testemunhas, não havendo arguidos constituídos. As próximas audições estão previstas para o dia 29 e incluem a diretora, a coordenadora dos assistentes operacionais e mais um professor, de acordo com a informação apurada pela CNN Portugal.
O processo começou em janeiro de 2023, quando foram interrogados os primeiros assistentes operacionais. Nessa altura, o objetivo era perceber se algum funcionário se sentiu pressionado a participar nas greves ou se recebeu dinheiro para o fazer. Algumas testemunhas foram instruídas a manter reserva sobre as perguntas, enquanto outras não receberam essa indicação.
Foram também convocados trabalhadores já reformados ou que tinham deixado a escola, notificados por carta registada para comparecer na PJ no mês seguinte. Essas diligências acabaram por ser suspensas.
Segundo apurou a CNN Portugal, a denúncia diz respeito apenas a esta escola, embora as greves tenham decorrido a nível nacional.