Dores Meira: “André Martins não teve capacidade para gerir a Câmara de Setúbal”

Dores Meira: “André Martins não teve capacidade para gerir a Câmara de Setúbal”

Dores Meira: “André Martins não teve capacidade para gerir a Câmara de Setúbal”

Autarca vai pedir auditoria aos últimos quatro anos de mandato e assume como prioridade o contrato do estacionamento tarifado

A presidente eleita da Câmara Municipal de Setúbal entende que André Martins, que sai agora após ter cumprido um mandato de quatro anos, não soube gerir os destinos da autarquia.

- PUB -

Em entrevista à SIC Notícias Maria das Dores Meira aponta dificuldades ao agora eleito vereador pela CDU de não ter capacidade para falar e enfrentar as pessoas, uma característica que, entende, é necessária para se estar à frente do município.

“O André Martins não teve capacidade para gerir a Câmara de Setúbal, e não é fácil geri-la. A Câmara de Setúbal tem uma situação que, do ponto de vista social, é uma cidade com grandes carências e grandes necessidades de estar próximo, resolver os problemas próximos com as pessoas, e André Martins não era capaz de enfrentar e falar com as pessoas. No final fez um grande esforço, deve ter tido indicações para isso, mas já não foi a tempo nem de dar a volta à péssima gestão nem de ter a empatia e proximidade para dar resposta”.

Dores Meira acusa ainda o comunista de não ser um bom líder, porque o executivo que o acompanhou foi o mesmo que a autarca comandou. “Todos os coletivos precisam de um líder e eu acho que era esse líder. O executivo da CDU que estava comigo é o mesmo que está lá agora e ninguém reparava que havia ali alguma falha, quer dizer que a liderança era bem forte para ir colmatando essas falhas e para manter sempre unido esse coletivo, foi sempre o que aconteceu”.

- PUB -

Em relação há quatro anos, momento em que deixou de ser presidente por causa da lei da limitação de mandatos, a autarca refere que foi feita uma má gestão e que o concelho estagnou. “[Foi] muito mau, foi um mandato de péssima gestão e estagnação, e em alguns setores mesmo de retrocesso. Relativamente a projetos que estavam a dar início, que ficaram em carteira, e que foram anulados”.

Esta é uma das razões, revela, para que se voltasse a candidatar a uma câmara que presidiu enquanto membro da CDU, mas à qual regressa agora após ter sido eleita pelo movimento independente Setúbal de Volta – com o apoio do PSD/CDS-PP.

“Voltar a Setúbal e à câmara é uma emoção muito grande. Temos uma câmara com gente fantástica, que estava devidamente organizada, mas que neste momento está ‘sem rei nem roque’. Esta sensação de voltar e ver que toda a cidade estava sem rumo, estagnada, desorientada – muito suja, o espaço público nada cuidado –, foi isso que me fez voltar. Não havia estratégia e orientação relativamente aos serviços municipais e as pessoas na cidade a pedirem-me para voltar”.

- PUB -

Autarca vai pedir auditoria ao último mandato

A presidente eleita diz ter sido alvo de uma “campanha difamatória” fruto de um complô entre a CDU e o PS.

“A segunda força da oposição no terreno, que era o PS, em conluio com a CDU, claramente. Fizeram coisas muito más. Por exemplo a auditoria, houve conluio para a fazerem, e estavam aflitíssimos para que saísse antes das eleições. É uma auditoria de conformidade, não se faz uma auditoria de conformidade a ninguém em particular, faz-se aos procedimentos”.

Questionada sobre o relatório da auditoria onde consta o uso indevido de cartões de crédito do município explica que ainda não foi chamada pelas entidades competentes, e que não tem conhecimento de ser arguida em nenhum processo, mas, mesmo que seja indiciada vai continuar a cumprir o mandato para o qual foi agora eleita.

“Claro porque ser arguida não é ser acusada, ser arguida é um processo perfeitamente normal de quem está a ser investigada e, portanto, ter de ir às entidades competentes e dizer que estou aqui. É evidente que assim que for chamada lá estarei”.

Quanto ao uso dos cartões bancários justifica que estes foram utilizados pela autarquia em emergências – e dá o exemplo da compra de pneus para as viaturas camarárias. Ao dizer que já realizou uma queixa contra “os responsáveis pelo relatório encomendado pelo executivo CDU” riposta dizendo que ela própria vai pedir uma auditoria à gestão feita desde 2021.

“Vou pedir uma auditoria à gestão que foi feita na câmara municipal, à descentralização de competências que foi feita para as juntas de freguesia, mas em relação a esses casos [relatório da auditoria] já está uma queixa feita às entidades competentes”.

Revisão do contrato com a DataRede é prioridade

Uma das prioridades do início de mandato será analisar o contrato com a DataRede e compreender os incumprimentos apontados agora à empresa. “Se há incumprimento por parte da empresa tem de haver cessação. Não sei quais são os termos desse incumprimento, não conheço nada do processo, só sei o que as notícias dão, as propostas que foram à sessão de câmara e também sei que a empresa respondeu com uma providência cautelar para suspender essa decisão, vamos ver. Irei imediatamente pegar no processo e, se houver incumprimento, tem de haver rescisão”.

Aponta responsabilidades a André Martins porque entende que foi o vice-presidente com o pelouro do Urbanismo (no último mandato de Dores Meira) o responsável por ‘arquitetar’ o contrato que agora vigora.

“Este contrato veio no seguimento que já existia no tempo do PS, um contrato que foi feito sem contrapartida para a câmara, o contrato caducou e é o senhor presidente que agora cessou funções que começa a preparar um contrato de concessão de estacionamento para se fazerem estacionamentos enterrados. Ele era vice-presidente e vereador com o pelouro do Urbanismo, é ele que faz parceria com a APSS nas zonas que estavam alocadas à área dos portos para também fazerem parte do processo. Foi ele que preparou isso tudo, o processo demorou muitos anos porque teve algumas fases em que ficou deserto e foi chegando ao fim quando eu estava de saída”.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -

Apoie O SETUBALENSE e o Jornalismo rumo a um futuro mais sustentado

Assine o jornal ou compre conteúdos avulsos. Oferecemos os seus primeiros 3 euros para gastar!

Quer receber aviso de novas notícias? Sim Não