Invade casa errada à procura de vingança e mata a tiro ex-militar que protegia mulher grávida 

Invade casa errada à procura de vingança e mata a tiro ex-militar que protegia mulher grávida 

Invade casa errada à procura de vingança e mata a tiro ex-militar que protegia mulher grávida 

Julgamento começou esta quarta-feira. Ministério Público acusa os três arguidos de homicídio qualificado e ainda Bruna Romão de tentativa de homicídio

Alisson Rodrigues, ex-militar brasileiro, e Mayla Pertel, sua companheira, grávida de quatro meses, dormiam em casa, em Grândola, quando foram surpreendidos com o arrombamento da porta por um homem de arma em punho que procurava vingança após uma discussão de trânsito na qual não estiveram envolvidos.

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Alisson tentou desarmar o agressor quando este apontava a arma à companheira, gritando para que dissessem onde estava quem procurava, e acabou morto com três tiros. O crime aconteceu na madrugada de 25 de junho de 2023 e, esta quarta-feira, começou o julgamento de Florival Murteiro, a sua esposa, Bruna Romão, que agrediu Mayla com um ferro, e de Hugo Monteiro, que lhes indicou erradamente a casa, no Tribunal de Setúbal.

Florival Murteiro, 29 anos, confessou o crime em julgamento, mas disse que a arma disparou acidentalmente durante uma luta com a vítima. Também quis mostrar arrependimento, dizendo que se entregou por remorsos depois de um ano em fuga.

“Eu não queria matar o Alisson”, disse o arguido. “Queria assustar o homem que me apontou uma arma durante uma festa e fui àquela casa porque o Hugo me disse que era ali que morava”.

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Florival acrescentou que “a arma acabou por disparar durante a luta. Não o queria matar, eu fugi depois do crime para França, mas entreguei-me por causa dos remorsos que tinha, de deixar a filha bebé sem o pai”.

Em julgamento, Mayla Pertel chorou várias vezes, lamentando ter perdido o companheiro desta forma e ter que refazer a vida sozinha com uma filha bebé. “Durante muito tempo só pensava em justiça, mas tive que me esforçar para refazer a minha vida e da minha filha”.

O Ministério Público acusa os três arguidos de homicídio qualificado e ainda Bruna Romão de tentativa de homicídio a Mayla, por ter agredido com uma barra de ferro. De acordo com a acusação do MP, suportada na investigação da Polícia Judiciária de Setúbal, nessa madrugada, perto das 3h30, numa festa popular na Aldeia do Futuro, Grândola, Bruna e Florival discutiram contra um casal que conduzia uma viatura, acusando a condutora de quase ter atropelado um dos filhos quando atravessava a estrada. Florival, embriagado, dirigiu-se ao vidro do passageiro para ameaçar o ocupante, mas a condutora avançou, abandonando o local.

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Florival quis acertar contas com os ocupantes e foi o amigo, Hugo Pinheiro, que lhe indicou a morada destes, embora errada, no Bairro do Isaías, em Grândola e ainda deu uma arma ao agressor para se vingar. Florival foi então com a mulher, o amigo e os três filhos menores, de dez, sete e dois anos no carro à morada indicada. Hugo ficou no carro com os três filhos do casal, impedindo uma eventual fuga e Florival e Bruna invadiram a casa onde julgavam estar os alvos.

Alisson saltou da cama, alarmado com o barulho e enfrentou o invasor que lhe perguntava onde estava a pessoa que procurava. A sua companheira saiu depois da cama e foi então que Florival lhe apontou a arma. Alisson placou Florival, os dois caíram e foi então que o agressor, em cima da vítima, disparou duas vezes contra o peito. Florival continuou a agredir a vítima, levantou-se e disparou uma terceira vez nas costas de Alisson.

A mulher tentou fugir e foi agredida com uma barra de ferro por Bruna, que esperava na porta de entrada. Implorou que parasse, que estava grávida, e foi agredida novamente, mas conseguiu tirar a barra. Bruna apercebeu-se de que eram as pessoas erradas, disse ao marido para fugirem e desapareceram no mesmo carro com que se dirigiram ao local. Alisson acabou por falecer.

Em julgamento, Florival corrigiu alguns pontos da acusação. Disse que durante a discussão de trânsito, foi ameaçado com uma caçadeira e que na casa de Alisson, “queria só assustar aquele que me ameaçou com a arma”.

“Levei uma forte pancada na cabeça e depois ele tentou tirar-me a arma que disparou nessa altura. Ele apertava-me o pescoço e tentei que me largasse”. O arguido negou ter disparado contra a vítima intencionalmente nem quando esta estava no chão e ele de pé, como consta na acusação.

O Ministério Público considera que o motivo pelo qual os arguidos procuraram vingança, “a respeito de uma altercação rodoviária era irrisório e insignificante” e que “cometeram o crime mesmo após se terem apercebido de que Allisson Rodrigues não era a pessoa com quem tinham tido uma discussão”.

Arguido quis pagar pensão a filha da vítima 

Em julgamento, o arguido disse ainda que tentou junto de Mayla acordar uma prestação de 350 euros mensais para a filha da vítima, hoje com dois anos, até aos 18 anos, que foi negada. Durante o julgamento, Bruna Romão e Hugo Monteiro mantiveram-se em silêncio.

Alisson foi militar durante sete anos

Nascido em Fortaleza, no Ceará, Alisson morou no Rio de Janeiro e foi militar paraquedista no Exército Brasileiro durante sete anos. Trabalhou também para o Governo do Estado de Espírito durante cinco anos e veio para Portugal em 2018. Trabalhava nos Recursos Humanos de um hotel na Comporta há cinco anos

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