Habitação, mobilidade, segurança, cultura e a reativação da estação ferroviária são as principais medidas do cabeça de lista pela coligação
Gonçalo Nunes, 44 anos, é o candidato da AD (PSD/CDS-PP) à presidência da Câmara Municipal de Alcácer do Sal nas eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro. No último sufrágio o partido ficou em terceiro dos mais votados com 2,77% (175 votos).
A perda de população é um dos temas mais importantes para o cabeça de lista, que não deixa de salientar que é necessário captar mais empresários e empresas para o concelho do Litoral Alentejano.
Habitação, mobilidade, segurança, cultura e a reativação da estação ferroviária de Alcácer do Sal são também preocupações para o candidato da coligação, que volta a ser o cabeça de lista – pela segunda vez consecutiva.
O antigo membro da assembleia de freguesia da Comporta e membro da assembleia municipal entende que o flagelo da violência doméstica é um dos assuntos onde mais depressa se deve atuar, e entende que o investimento no programa Escola Segura é essencial.
Em entrevista a O SETUBALENSE refere que há vários anos que tem alertado para o problema da demografia mas que, critica, só agora o executivo municipal e oposição começaram a olhar para o tema com olhos de ver.
Por que razão se candidata à presidência da câmara municipal?
Candidato-me para resolver os problemas reais das pessoas, o nosso concelho tem sido gerido em função da reeleição do partido que está no poder e esse não pode ser o modelo de gestão de uma autarquia. E a prova disso, é o resultado que esse modelo está a ter, Alcácer do Sal perdeu mais de metade da sua população nos últimos 60 anos e perdeu 90% das suas crianças.
O segundo maior concelho do País tem 800 habitantes com menos de 18 anos, a nossa escola está nos últimos lugares do ranking, o emprego está a ser assegurado pelos organismos públicos, serviços, construção e turismo.
É preciso criar ‘cluster’ fora destas áreas para reter os jovens e criar uma alternativa à próxima crise da construção e do turismo. As nossas riquezas naturais – pinhão, arroz, mel, polvo, linguado, ameijoa do Sado, entre outros – atravessam problemas graves e ninguém faz o que necessita ser feito para preservar e valorizar os nossos tesouros.
Em relação à mobilidade, Alcácer do Sal, deve ser o concelho do País onde é mais difícil chegar e partir, sem ser por meios próprios, não tendo autocarros suficientes e nem um comboio. Temos um parque habitacional de segunda habitação magnânimo, mas os nativos não têm casas, os filhos da terra têm de sair de cá porque não têm como construir, comprar ou arrendar uma casa.
Em relação à cultura, que é o elo de ligação entre todos os fatores mencionados, é preciso mudar mentalidades, mostrar o mundo a Alcácer do Sal e mostrar Alcácer do Sal ao mundo, pois acredito que sem cultura não há desenvolvimento.
Que críticas faz à atual gestão da autarquia?
As mesmas que fiz há quatro anos. Este executivo é o campeão da perda demográfica da democracia alcacerense. Governou em função do partido e não da população. E não se preocupou em conciliar as necessidades das gerações atuais com as necessidades das gerações futuras.
Se for eleito quais são as principais propostas que quer que se concretizem?
Todas, se não fosse para cumprir não as prometia. Tenho de enfatizar sempre, que esta candidatura é a que mais independência terá na tomada de decisão, colocarei sempre os interesses reais da nossa população à frente dos meus e dos partidos que represento. Prefiro não ser reeleito a prejudicar Alcácer do Sal.
De que forma é que querem atuar face à diminuição da demografia e natalidade no concelho?
Há quatro anos, não me lembro de mais ninguém falar nesse tema, no entanto, já era o tema principal da minha candidatura.
O problema da demografia será resolvido com a criação de empregos qualificados, dando condições reais e apoio verdadeiro aos empresários que já cá estão, uma politica de habitação que dará condições em primeiro lugar para os da terra e em segundo lugar para os que realmente cá trabalham e cá permanecem o ano todo, de terem habitação própria, melhorando a qualidade do ensino, melhorando a rede de transportes públicos, mantendo baixos os impostos municipais e claro dinamizando a cultura, que é o impulsionador do desenvolvimento.
No que diz respeito à habitação, quais são as vossas propostas?
Em primeiro lugar ceder terrenos para que os nossos filhos possam cá ficar, em segundo lugar a criação de propriedades verticais para habitação permanente e em terceiro lugar a criação de habitação municipal para arrendamento a custos controlados para os que não consigam aceder as hipóteses acima referidas.
Tudo isto em simultâneo com um projeto de requalificação de edifícios devolutos.
E na criminalidade, o que é que falta fazer?
Em primeiro lugar sem dúvida é apostar mais na prevenção, é preciso ir as escolas, educar a juventude, transmitir-lhes valores, mas também é preciso que as famílias vivam num ambiente de bem-estar económico, pois casa onde não há pão…
O programa escola segura terá de ser mais eficaz, trabalharemos com a escola e as autoridades para combater o trafico de droga, queremos a nossa juventude ocupada com a escola, o desporto e a cultura.
Trazer felicidade e esperança as nossas crianças é uma forma de combater a criminalidade. Depois o flagelo da violência doméstica, o nosso foco estará na prevenção e no apoio às vítimas.
É também tempo de começar a prevenir eventuais crimes relacionados com as comunidades de emigrantes que o nosso concelho acolhe, neste campo o nosso foco será na prevenção de crimes de odio racial, prevenção aos crimes de roubos e furtos por necessidade e prevenção aos crimes de carácter “cultural” tais como mutilação genital.
Quem quiser viver no nosso concelho terá de viver de acordo com a nossa legislação.
Finalmente, para quando a prevenção falhar, temos de dar melhores condições de trabalho às nossas forças de segurança, dotá-las dos equipamentos necessários e o elementar reforço do número de efetivos no concelho.
A reativação da estação ferroviária é para vocês uma preocupação?
A mobilidade é uma preocupação e as políticas tem de ser concertadas, é necessária uma estação de passageiros em Alcácer do Sal. Sabemos que está prevista e tudo faremos para que não fuja e se possível antecipar a sua chegada.
Nos contactos que têm desenvolvido com a população o que é que os cidadãos vos têm transmitido?
Tenho procurado nos últimos quatro anos ser o rosto do partido no concelho, creio que as pessoas já perceberam isso, tenho dialogado com todas as pessoas que me procuram.
Todavia na rua é uma sensação ambígua, as pessoas querem mudança, mas não querem abdicar do voto útil, não podem continuar a votar nos mesmos e esperar resultados diferentes.
Há algo mais que queira acrescentar?
Sim. Acredito que a principal função da política é evitar problemas, há quatro anos falei de coisas que se tornaram problemas muito maiores e que podiam ter sido evitados, como a perda de população.