Arte, arquitetura e urbanismo da cidade foram temas em discussão sendo que, de manhã, visitou-se a Cidade dos Arquivos
O contributo das fábricas da CUF para o desenvolvimento da vida industrial barreirense foi um dos principais objetivos de um debate realizado no âmbito das Jornadas Europeias do Património.
Sob o tema “Património Arquitetónico: Janelas para o Passado e Portas para o Futuro”, a zona industrial da antiga CUF abriu portas a atividades como uma visita guiada pela Cidade dos Arquivos e um debate no Museu Industrial do Arco Ribeirinho Sul.
Foi durante a tarde do passado dia 19 que se deu a discussão “Arte, Arquitetura e Urbanismo no Barreiro”, que contou com a moderação de José Pacheco Pereira, fundador do arquivo Ephemera. O historiador referiu que não se pode esquecer a importância que as fábricas da CUF tiveram no desenvolvimento industrial do País e da cidade.
Já o coordenador do gabinete do Corredor Ecológico do Rio Coina, chamou à atenção para a necessidade de definir uma estratégia clara para o futuro do concelho. Luís Pedro Cerqueira questionou a relação do Barreiro com a sua paisagem industrial, as alterações climáticas e a reabilitação urbana, defendendo a criação de uma Carta do Património. Por sua vez, Raquel Medina Cabeças, investigadora em História da Arte, lembrou as inspirações que Alfredo da Silva procurava no estrangeiro, destacando Auguste Stinville.
A investigadora Ana Lourenço Pinto lembrou que a fábrica foi concebida com uma forte componente estética e arquitetónica, “desenhada para ser funcional, mas ao mesmo tempo com preocupação pelo cariz estético”. Sublinhou ainda que parte do complexo já está classificado como património de interesse público e que cabe a todos contribuir para a sua preservação.
Sara Oliveira Ribeiro, presidente do Conselho de Administração da Arco Ribeirinho Sul, encerrou a atividade sensibilizando os presentes para a importância de preservar não apenas os edifícios, mas também a memória coletiva das comunidades que ali viveram e trabalharam, e que, à sua maneira, construíram a identidade cultural do Barreiro.
Importância do património cultural destacada durante o encontro
Arlete Cruz, vereadora com o pelouro da Cultura na Câmara Municipal do Barreiro, destacou o trabalho desenvolvido na preservação da história. “Nós aqui no Barreiro temos um projeto que é único a nível nacional, que é a Cidade dos Arquivos, um espaço que não se confina exclusivamente aos arquivos, mas também a identidades artísticas”, referiu em declarações a O SETUBALENSE.
A autarca apontou, como objetivo das várias iniciativas que vão decorrer no âmbito das Jornadas Europeias do Património, despertar a atenção dos jovens. “O aluno tem de incorporar na sua aprendizagem a importância do Barreiro, até porque a cidade é um dos polos do desenvolvimento industrial em Portugal nomeadamente com a CUF”.
A autora do livro “Arte, Arquitetura e Urbanismo na Obra da CUF no Barreiro”, Ana Lourenço Pinto, destacou a importância de se celebrarem dias e iniciativas como as jornadas europeias do património.
“Hoje é um dia muito importante que junta a comunidade, desde profissionais, aos munícipes ou até ao cidadão comum, poder partilhar o interesse e valorizar este património que é de todos, no qual o temos que não só valorizar, mas também estimar para o futuro”.
Ressaltou ainda a importância que estas iniciativas podem ter no futuro. “O título destas jornadas é precisamente aquilo que o património arquitetónico do barreiro representa, é olharmos para a nossa identidade, quem fomos no passado, projetá-la e sabermos defendê-la para que no futuro possamos mantermos esta história”.
Durante a manhã foi feito um itinerário, com visitas ao Arquivo da Fundação Amélia de Mello, Coletivo SPA, PADA Studios, Museu Industrial do Arco Ribeirinho Sul, Espaço Memória, o Clube Chapas, Arquivo Ephemera e Arquivo dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra. O dia terminou nas instalações da Associação de Desenvolvimento das Artes e Ofícios (ADAO) com um Sunset Archive Party.