Mariana Crespo: “A habitação em Setúbal deve servir, em primeiro lugar, quem aqui vive, trabalha e estuda”

Mariana Crespo: “A habitação em Setúbal deve servir, em primeiro lugar, quem aqui vive, trabalha e estuda”

Mariana Crespo: “A habitação em Setúbal deve servir, em primeiro lugar, quem aqui vive, trabalha e estuda”

Candidata do PAN defende um modelo de desenvolvimento que concilie crescimento económico, preservação ambiental e qualidade de vida

A candidata do PAN à Câmara Municipal de Setúbal, Mariana Crespo, apresenta-se às eleições autárquicas com uma visão centrada na sustentabilidade, na justiça social e no bem-estar animal. A psicóloga de profissão e deputada municipal defende que o desenvolvimento da cidade deve equilibrar crescimento económico, proteção ambiental e qualidade de vida, colocando “as pessoas, os animais e a natureza no centro das decisões políticas”.
Em entrevista a O SETUBALENSE, Mariana Crespo traça como as principais prioridades da sua candidatura a proteção do território e dos ecossistemas, o acesso à habitação digna e mobilidade sustentável, e a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e amiga dos animais. Entre as propostas, destaca-se a criação de um hospital veterinário municipal, o reforço da habitação pública e acessível, e políticas integradas de preservação do estuário do Sado e da Serra da Arrábida, sublinhando que “Setúbal deve ser uma cidade do futuro e não do passado”.

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Como pretende o PAN diferenciar-se e ganhar espaço nesta corrida?

O PAN apresenta-se em Setúbal com uma visão clara: colocar as pessoas, os animais e a natureza no centro das decisões políticas. Defendemos que cada ação da autarquia seja pensada não apenas em termos de crescimento económico, mas também de justiça social e proteção ambiental, construindo uma cidade com qualidade de vida, inclusiva e sustentável.

Diferenciamo-nos pela coerência entre discurso e prática, pela defesa intransigente da justiça social e ambiental e pela recusa em alinhar com interesses instalados que travam o desenvolvimento sustentável. Enquanto outros partidos continuam presos a modelos de crescimento assentes em betão e poluição, o PAN propõe políticas que conciliam economia local, bem-estar social e preservação ambiental, garantindo que Setúbal seja uma cidade do futuro e não do passado.

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A nossa diferenciação inclui também a defesa firme do bem-estar animal. Defendemos ações contra práticas ilegais que prejudicam o território, como as vedações irregulares na Herdade da Comenda, que afetam cidadãos, fauna e ecossistemas. Queremos também reforçar a transparência e a participação cidadã, garantindo que os munícipes sejam parte ativa das decisões e da fiscalização das políticas públicas.

Se tivesse de resumir a sua candidatura em três prioridades claras para Setúbal, quais seriam?

As prioridades são a proteção do território e dos ecossistemas: Setúbal possui um património natural valioso, incluindo o estuário do Sado, a Serra da Arrábida e diversas zonas verdes urbanas. Defendemos a preservação destes espaços através de fiscalização rigorosa e políticas de gestão sustentável, garantindo a coexistência equilibrada entre humanos e fauna local; A habitação digna e mobilidade sustentável: Pretendemos mobilizar o parque habitacional devoluto, apostar em arrendamento acessível e limitar novos alojamentos turísticos em zonas pressionadas. No transporte, defendemos uma rede de transportes públicos limpa, integrada e acessível, com autocarros elétricos, ciclovias seguras, estacionamentos adequados e bilhetes integrados que permitam a combinação entre comboio, autocarro e barco; e a sociedade mais justa e bem-estar animal: Apostamos numa cidade inclusiva, com educação de qualidade, serviços públicos acessíveis e políticas que promovam o bem-estar animal. Isto passa pela criação de hospitais veterinários municipais, campanhas de adoção responsável, programas de esterilização e ações preventivas contra o abandono, negligência e maus-tratos.

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Setúbal vive entre duas realidades fortes: a zona industrial e o Parque Natural da Arrábida. Como pensa conciliar o desenvolvimento económico com a proteção ambiental?

Vivemos em época de emergência climática, e o desenvolvimento económico não pode continuar a ser sinónimo de destruição ambiental. É urgente mudar de paradigma para preservar a nossa casa comum para as gerações futuras.

O PAN defende uma abordagem equilibrada, baseada em inovação, ciência e responsabilidade social. Propomos apostar em energias renováveis, como a solar, e em comunidades de energia local, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e fortalecendo a economia local. Habitações e edifícios públicos devem ser energeticamente autossuficientes.

Queremos apoiar as empresas na transição para a economia circular, criando incentivos para reduzir resíduos, reaproveitar materiais e adotar práticas sustentáveis. Para a indústria já instalada, propomos protocolos vinculativos para cortes de emissões e melhoria da qualidade do ar e da água, com dados públicos e transparentes, permitindo a fiscalização cidadã.

Quais são as medidas concretas que propõe para proteger o Sado e os golfinhos, que são um símbolo da região?

O estuário do Sado é um ecossistema delicado, essencial para a biodiversidade e para a economia local, incluindo o turismo. Defendemos a criação de um plano municipal específico, com monitorização permanente da qualidade da água e fiscalização rigorosa das atividades industriais e marítimas. Será essencial implementar zonas de exclusão para embarcações em períodos críticos, de forma a proteger os golfinhos e outros mamíferos marinhos.

A educação e sensibilização são igualmente importantes. Propomos campanhas contínuas junto da população e turistas, destacando a importância da preservação do estuário. Além disso, exigiremos ao Governo um reforço da proteção legal, garantindo que este ecossistema e os animais que nele vivem tenham defesa jurídica eficaz contra atividades prejudiciais.

Há preocupação crescente com a expansão urbana e a pressão turística sobre a Arrábida. Que políticas defende para evitar a degradação ambiental?

O PAN defende uma abordagem integrada e sustentável para proteger a Serra da Arrábida, equilibrando preservação ambiental e turismo responsável. Propomos um plano de turismo com limites claros à capacidade de carga da região, evitando sobrelotação e impactos negativos nos ecossistemas sensíveis.

Este plano inclui transportes coletivos ecológicos, como autocarros elétricos e shuttles, e itinerários pedonais e cicláveis seguros, permitindo que os visitantes desfrutem da natureza sem prejudicar os habitats.

A ocupação desordenada do território é um problema sério. Projetos como a transformação da antiga 7.ª Bateria do Outão em hotel de luxo, mesmo com integração paisagística, aumentam a pressão sobre o território, o tráfego de visitantes e os riscos de degradação ambiental. Concessões de longa duração podem comprometer o carácter público do património e abrir precedentes para privatizações em áreas protegidas.

O turismo pode ser uma ferramenta de valorização e conservação ambiental, desde que planeado de forma estratégica, transparente e participativa, envolvendo município, operadores turísticos e cidadãos. Só assim será possível proteger a Arrábida para as gerações futuras, mantendo o seu valor ecológico, paisagístico e cultural, sem comprometer o acesso da população ou o desenvolvimento económico local sustentável.

A mobilidade é uma das grandes queixas dos setubalenses. Que propostas apresenta para melhorar esta situação?

O PAN considera que a mobilidade em Setúbal deve ser repensada de forma integrada, garantindo que todos os cidadãos se desloquem com segurança, rapidez e conforto, reduzindo a dependência do automóvel e melhorando a qualidade do ar.

Propomos uma rede de transportes públicos baseada em autocarros elétricos e veículos de baixa emissão, com horários coordenados entre freguesias, centros urbanos e periferias, e integração de bilhetes ou passes intermodais entre comboio, autocarro e barco.

Defendemos também a construção de ciclovias seguras e contínuas, zonas de estacionamento adequadas e incentivo a veículos elétricos, com postos de carregamento, de forma a compatibilizar as necessidades de residentes e visitantes sem prejudicar espaços públicos ou zonas verdes.

A mobilidade deve ser inclusiva e segura para todos, incluindo pessoas com mobilidade reduzida, idosos e crianças, garantindo calçadas acessíveis, travessias seguras, sinalização adequada e iluminação eficiente.

O preço das casas em Setúbal tem disparado. Que medidas defende para garantir habitação acessível?

A habitação é um direito fundamental e não pode ser tratada como um mero instrumento de especulação imobiliária.

O PAN defende que a habitação em Setúbal deve servir, em primeiro lugar, quem aqui vive, trabalha e estuda. É necessário mobilizar o parque habitacional devoluto, através da sua reabilitação e da criação de incentivos para que estas casas regressem ao mercado.

É igualmente essencial promover programas de arrendamento acessível que permitam às famílias viver em Setúbal sem comprometerem a sua qualidade de vida. Para proteger os bairros mais pressionados, deve ser limitada a proliferação de alojamentos turísticos, garantindo um equilíbrio entre a atividade turística e o direito à habitação.

A autarquia deve assumir um papel ativo no investimento em habitação pública e cooperativa, oferecendo alternativas de qualidade. É igualmente importante que as novas soluções habitacionais sejam integradas num planeamento urbano sustentável, que privilegie espaços verdes, mobilidade suave, proximidade a serviços e qualidade de vida.

Que prioridades traria a um eventual executivo do PAN na área da educação?

As nossas prioridades seriam claras: apostar numa escola inclusiva e combater o abandono escolar em articulação com escolas, associações e famílias.

Defendemos uma escola que não deixe ninguém para trás e que prepare cidadãos conscientes, críticos e responsáveis.

Em Setúbal, muitas crianças com necessidades educativas especiais continuam sem acesso ao mesmo tempo letivo que os seus colegas, a atividades de ocupação de tempos livres e a técnicos especializados. Esta realidade fere a igualdade de oportunidades e compromete o direito a uma escola inclusiva. Todas as crianças devem ter acesso a uma educação justa, com os apoios humanos e técnicos de que necessitam.

A falta de médicos de família em Setúbal afeta milhares de utentes. O que defende o PAN para ajudar a resolver este problema?

Embora a saúde seja uma competência nacional, a autarquia pode e deve apoiar a fixação de profissionais de saúde em Setúbal. O PAN defende incentivos para atrair e reter médicos e outros profissionais, incluindo apoio à habitação, benefícios na mobilidade e condições de trabalho mais atrativas. Propomos também reforçar as unidades de saúde com recursos técnicos e administrativos, libertando os médicos de tarefas burocráticas e melhorando o atendimento e os tempos de espera.

A autarquia deve ainda promover parcerias com universidades, politécnicos e escolas profissionais, incentivando estágios e projetos em saúde comunitária que aproximem os jovens profissionais de Setúbal e favoreçam a sua fixação no concelho.

A saúde animal também é uma bandeira do PAN. Que propostas tem para melhorar os cuidados veterinários e o bem-estar dos animais em Setúbal?

A saúde e o bem-estar animal são causas centrais para o PAN, e em Setúbal queremos dar passos firmes nesta área. Propomos a criação de um hospital veterinário municipal de cuidados básicos, com preços acessíveis, garantindo que famílias com menores recursos possam assegurar a saúde dos seus animais de companhia. Paralelamente, defendemos o reforço dos programas de esterilização e das campanhas de adoção responsável, fundamentais para reduzir o abandono e promover lares responsáveis e estáveis.

É igualmente importante avançar com a gestão ética das colónias de gatos, através de programas de captura, esterilização e devolução, tanto na cidade como na Serra da Arrábida, protegendo o equilíbrio ecológico e assegurando condições de bem-estar para os animais. A criação de espaços públicos adaptados a animais, como parques caninos e praias pet-friendly regulamentadas, permitirá melhorar a convivência entre pessoas e animais, promovendo também a sensibilização comunitária.

A defesa do bem-estar animal implica ainda atuar em temas estruturais. A oposição ao transporte de animais vivos a partir do porto de Setúbal é uma prioridade do PAN, uma vez que esta prática representa um grave problema ético e de sofrimento animal. Em paralelo, defendemos o reforço de ações de prevenção contra os maus-tratos e o abandono, em articulação com escolas, associações e autoridades competentes.

No que respeita à gestão de espécies animais em meio urbano, o PAN defende que as soluções devem ser sempre científicas e éticas. O caso da população de javalis, que tem vindo a aproximar-se de áreas urbanas e a gerar perceção de insegurança, deve ser gerido com programas de controlo ético e de sensibilização da população, conciliando a proteção da biodiversidade com a segurança das pessoas.

Tanto o Imapark como a Praça de Touros Carlos Relvas são espaços que estão sem utilização. Que destino lhes daria caso venha a liderar o município?

O PAN acredita que estes locais devem ser recuperados e colocados ao serviço da comunidade.

No caso do Imapark, defendemos a criação de um polo dedicado à inovação, às startups verdes e à economia criativa, capaz de atrair investimento, gerar emprego qualificado e reter jovens talentos em Setúbal. Este espaço poderá funcionar como um ecossistema colaborativo, articulando empresas, universidades, associações e investigadores, impulsionando o desenvolvimento económico sustentável e a transição ecológica.

Já a Praça de Touros Carlos Relvas deve simbolizar uma nova etapa da cidade. Propomos a sua transformação num espaço cultural e comunitário multifuncional, aberto a eventos artísticos, desportivos, educativos e associativos. Pretendemos que este equipamento seja inclusivo, acessível e dinâmico, promovendo a participação cívica e a vida cultural de Setúbal. Ao rejeitarmos a utilização deste espaço para touradas, estaremos a afirmar Setúbal como uma cidade moderna, que valoriza a vida, a cultura e os direitos dos animais.

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