Candidatura a Reserva da Biosfera foi iniciada em 2016 por AMRS, municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra e ICNF. Mas começou a ser pensada dois anos antes
O processo para candidatar a Arrábida a Reserva da Biosfera começou a ser pensado em 2014, logo depois de o Estado português ter decidido desistir de uma candidatura deste território a Património Mundial da Humanidade. Nessa altura, duas organizações consultivas da UNESCO – ICOMOS (património cultural) e IUCN (património natural) – consideraram que a Arrábida não preenchia todos os requisitos necessários para ser classificada como Património Mundial.
A partir daí começou a ser discutida uma nova estratégia para se conseguir o reconhecimento internacional da Arrábida como território de excelência. E, no final de 2016, foi iniciada a preparação da candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera da UNESCO, com a assinatura de um protocolo entre a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), os municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Estavam assim, com esse protocolo, lançadas as bases para um trabalho articulado, entre governos locais, ICNF e sociedade civil.
Entre 2016 e 2023, foi realizado trabalho técnico e de diagnóstico, que englobou levantamento de valores naturais do território, análise de usos do solo, estudos sobre a capacidade de carga das áreas costeiras e marinhas, e articulação de projetos locais de conservação e promoção sustentável (turismo, agricultura tradicional, artesanato, alimentação local).
Depois, no seguimento desse trabalho, foram realizadas auscultações públicas, com sessões em Setúbal, Palmela e Sesimbra e disponibilizados documentos e formulários para recolha de contributos da população e stakeholders.
Sob coordenação da AMRS, a candidatura – que teve como proponentes os três municípios e o ICNF – viria então a ser submetida, em setembro de 2024, ao Secretariado do Programa MaB (Man and the Biosphere ) da UNESCO em Paris.
A candidatura – deferida agora pela UNESCO, classificando a Arrábida como uma das Reservas Mundiais da Biosfera – teve como objetivo o reconhecimento e o aprofundamento do território “como laboratório vivo de sustentabilidade, pelo desenvolvimento harmonioso entre as atividades económicas, sociais e culturais e a salvaguarda, conservação e recuperação de ecossistemas, dentro do riquíssimo bioma mediterrânico que a Serra da Arrábida e o conjunto da região comportam”.