Distrital do PSD defende a ex-autarca e diz que o PS tem nas suas fileiras candidatos envolvidos em crimes de sangue. CDS lembra separação de poderes
A Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista (PS) quer ver “respostas concretas” de Maria das Dores Meira ao resultado da recente auditoria, que imputa alegadas práticas ilícitas à ex-presidente da Câmara. E desafiam PSD e CDS a revelar se vão manter o apoio à candidatura independente da ex-autarca, para as eleições de 12 de outubro próximo.
“Em vez de responder às acusações documentadas em auditoria, Maria das Dores Meira nada diz sobre os crimes que lhe são imputados e parece sugerir que o calendário da auditoria deveria servir os seus interesses pessoais e não os da transparência. Este é o argumento típico dos populistas e de quem foge a justificações”, afirma, em comunicado, a estrutura distrital do PS, ao mesmo tempo que questiona social-democratas e centristas: “Consideram PSD e CDS que a candidata tem idoneidade para manterem o apoio à sua candidatura, sabendo que Setúbal precisa de uma presidência séria, dedicada apenas ao interesse desta comunidade?”
Os socialistas sublinham que “existe uma ligação direta e indesmentível entre a candidata, alegadamente independente, e a cúpula nacional do PSD, através de Miguel Pinto Luz, Hugo Soares e dos dirigentes distritais”. “Uma ligação que se revelou, desde logo, no atropelo das estruturas locais que não se coibiram de alertar para os perigos desta solução, mas, também, pela nomeação para a administração da APL/APSS de elementos provenientes das listas autárquicas de Dores Meira. Este cruzamento entre Governo, partido e candidatura de interesses constitui uma promiscuidade inaceitável que mina a confiança dos cidadãos nas instituições”, considera a distrital do PS.
Os socialistas vão mais longe e disparam: “Depois da desistência de Lina Lopes (Chega), em circunstâncias sombrias de financiamento e chantagem, a AD e Maria das Dores Meira baixaram – ainda mais – a fasquia ética. Onde já havia desconfiança, existe agora indecência. Onde se exigia transparência, assistimos à degradação da vida pública.” E questionam ainda: “Como respondem, concretamente, a cada uma das acusações de irregularidade?”
PSD e CDS contra-atacam
Confrontado por O SETUBALENSE com as acusações e as questões lançadas pelos socialistas, Paulo Ribeiro, presidente da distrital de Setúbal do PSD, reforça o apoio social-democrata a Maria das Dores Meira.
“A dra. Maria das Dores Meira não foi condenada, acusada, ou sequer indiciada por qualquer autoridade judicial, pelo que só o desespero do PS pode justificar este tipo de comunicado que mais não visa do que desviar as atenções dos problemas do próprio PS”, afirma o líder da estrutura distrital laranja.
O social-democrata considera que Dores Meira “continua a representar aquilo que é melhor para o futuro de Setúbal e dos setubalenses” e riposta à distrital socialista com críticas fortes. “Estranho que o PS, que tem candidatos envolvidos em atentados terroristas, que cometeram crimes de sangue, que foram julgados e condenados e que só não cumpriram pena de prisão graças a um indulto presidencial, queira dar lições de moral e de ética”, dispara.
Vasco Pinto, que preside à distrital de Setúbal do CDS, em declarações a O SETUBALENSE, também sai em defesa de Dores Meira. “Assumir qualquer conclusão sem conhecimento dos termos da auditoria, e sem que a pessoa visada tenha sido constituída arguida ou que exista qualquer decisão judicial transitada em julgado, revela-se imprudente e precipitado”, considera o centrista. “Acresce que, tendo decorrido um período significativo desde o exercício de funções pela pessoa visada, é legítimo questionar o propósito e o momento da auditoria. À data de hoje, subsiste uma notória falta de informação pública sobre os fundamentos, o âmbito e os resultados da auditoria. Tendo o atual executivo municipal anunciado a intenção de participar ao Ministério Público, é essencial que se respeite o princípio da separação de poderes e se permita que a Justiça funcione com independência e serenidade. O CDS sempre respeitou e respeitará a separação de poderes”, adianta.
A terminar, o responsável pela distrital dos democratas-cristãos critica o comportamento dos socialistas. “Não posso, contudo, deixar de registar que o PS Setúbal tem demonstrado maior preocupação em forçar a desistência dos candidatos concorrentes do que em apresentar propostas concretas para o futuro da cidade de Setúbal. Esta postura levanta sérias questões sobre as prioridades políticas do PS Setúbal, mas, também, grande preocupação com o resultado que se perspetiva para dia 12 de outubro”, conclui.
O SETUBALENSE contactou a candidatura de Maria das Dores Meira, mas até ao momento não obteve qualquer reação.