Cenas por Marta Alves

Cenas por Marta Alves

Cenas por Marta Alves

De câmera na mão aos alunos no coração  

“O meu pai gostava muito de cinema, assim como gostava muito de fotografia e eu, quando era criança, ia ao cinema todos os fins de semana, havia umas sessões, no sábado de manhã, de filmes dedicados ao público infantil”. Olhava para a sétima arte apenas como um “hobby, de atividade paralela”. Ao efetuar a Licenciatura em Ciências da Comunicação, no ano de 1998, expectava trabalhar em algo inserido nessa área, chegou a ponderar o jornalismo “como hipótese” por esta ser uma vertente inovadora, mas rapidamente descarta esta ideia ao observar as restrições ligadas à cobertura noticiosa.// O bichinho pela “esfera cultural” vence,  Marta Alves durante e após o período dos estudos trabalha num “Cineclube”, sítio onde se mostrava filmes e onde se pensava sobre” produções audiovisuais. Porém não se conseguia sustentar apenas com a sua paixão, “era preciso ganhar dinheiro, era preciso que a vida começasse”. O seu momento de viragem inicia-se através de um clique, mas mais especificamente, de uma “câmera digital e um computador com software de edição, o Première”, surge então  a oportunidade de se tornar docente na Escola Superior de Educação. Inicia a sua carreira como professora, em 2001, sem possuir formação no ramo da educação, aos 26 anos, confessa “sofri imenso”, “tinha aulas às nove horas ou às oito e meia, e estava até às duas da manhã a preparar aulas, para ter a certeza de que aquilo ia correr bem, porque tinha alguma insegurança”. // Este receio mantém-se quando aborda a dificuldade de ingressar no ensino superior como professor, “hoje ninguém entra” na esfera universitária “sem ter um doutoramento”, é uma exigência que chega a não ser suficiente para exercer estas profissão, “talvez não tenha sido só por isso, fui mãe a primeira vez aos 40 anos e a segunda aos 43”, “acabei o meu doutoramento com 39 anos”. Destaca que para além da qualificação académica é necessário dar atenção à “fragilidade emocional” presente nesta geração, mais concretamente nos estudantes e compreender que dar aulas não se resume ao debitar informação, mas sim “perceber quem são as pessoas que estão ali”. // As suas principais ambições são terminar o trabalho de investigação sobre o cineasta João Botelho, dar respostas aos desafios atuais como o “espírito do tempo” e a “inteligência artificial”. // Anseia continuar a ler, a assistir filmes e a fotografar, enquanto acompanha o crescimento dos seus filhos e da ESE. // Com um sorriso sente-se realizada, “Hoje sinto-me professora”, a ESE “é assim uma espécie de casa” [voz trémula]. “Costumo dizer que já faço parte da mobília da casa”, brinca, refletindo sobre o seu percurso nesta instituição, “já vivi ESE’S muito diferentes”. 

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