“Não é um edifício, é uma comunidade”
No conforto do seu gabinete, João Pires transmite uma sensação de prudência e tranquilidade, “Estar como diretor, foi desenvolver aqui uma calma e uma serenidade que eu claramente não tinha antes de estar aqui”. Foi no colo da instituição que o viu crescer que encontrou o seu propósito: o de ensinar, “sempre me vi como professor, foi a minha primeira opção de carreira e única, apesar de ter feito muito mais na vida”. Além da paixão por participar ativamente na formação dos alunos procurou, sobretudo, fazer a diferença, “há sempre aquele nervoso miudinho quando entramos dentro de uma sala. Vamos conseguir captar os estudantes? Vamos conseguir motivar?”. Ao relembrar os seus tempos como aluno, reflete a ideia de que além de uma instituição, a Escola Superior de Educação era o seu lar, “estava efetivamente na minha segunda casa, em que muitas vezes era a minha primeira casa, passava aqui mais tempo do que passava em casa”, e ao ponderar, reconhece o impacto que a sua estadia na ESE teve na sua formação profissional, “agradecido pelo percurso que fiz na casa”. Licenciado em Educação Básica em 1998, o professor confidencia que não planeou exercer a função de liderança que ocupa desde 2022, “eu nunca pensei em estar na direção da escola, as minhas aspirações sempre foram mais centradas para a questão do ensino, da educação, de dar aulas”. Contudo, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, “não é expressão do DDT, não somos donos disto tudo, mas efetivamente temos que tomar muitas decisões, muitas vezes decisões apressadas, urgentes”. Assim como tudo na vida, o docente enfatiza a ideia de que o seu cargo é passageiro, “o estar diretor é, num determinado momento, estamos aqui, tendo a consciência de que, noutra altura, outros virão, de preferência alguém para fazer melhor do que aquilo que nós fizemos”, apontando ainda que, apesar dos desafios que enfrenta, a experiência “fez-me crescer muito, e acho que isso é normal em qualquer pessoa, seja qual for a idade que tenha, que passe por um cargo”. Em relação ao futuro da educação, confessa que “continuo a considerar que deveríamos ter um ensino gratuito e acessível a todos”, uma vez que ensinar é a base sobre a qual construímos o amanhã. O atual diretor prevê para a escola “um futuro brilhante”, na esperança de “que os próximos 40 anos sejam o espelho do desenvolvimento e do impacto que a ESE teve nos 40 anos anteriores”. Sem hesitar revela que “felicidade” é a palavra que melhor define a instituição, uma vez que “não é um edifício, é uma comunidade, e se conhecermos de onde é que vimos, sabemos muito bem para onde é que temos que caminhar sempre em conjunto”.