“O que eu vejo é que somos cada vez menos”
A maratona de João Simões, começa de forma “acidentada” quando entra naquela que não foi, de todo, a sua primeira, mas a sua quinta opção na candidatura ao ensino superior, a Licenciatura em Comunicação Social, na Escola Superior de Educação. O programa do curso e a vertente prática fizeram-no ficar na ESE, onde tudo era “muito mais fácil, muito mais acessível”. //Contrariamente a muitos, escolheu “letras”, não por querer fugir à ciência mais exata, a matemática, mas sim pelo facto de gostar “da parte mais intelectual das coisas, sempre gostei de ler, sempre gostei de tentar escrever, tentar descrever os acontecimentos”. Da sua passagem pela ESE, “cinco anos importantes da vida”, recorda essencialmente as oportunidades e experiências que vivenciou ao longo do seu percurso, a disciplina “Atividades Interculturais”, comum a todos os cursos da instituição, “foi efetivamente marcante”, baseava-se no enquadramento dos estudantes àquela que não era a sua realidade, o que aconteceu com o jornalista durante uma semana “eu, com mais seis, sete pessoas dos outros cursos” em “Casebres”. // A sua maior aventura começou no seu primeiro estágio no jornal “A Bola”, que durou 15 dias, “sempre a tentar ser jornalista, nesta área do desporto”. Destaca-se no seu segundo estágio, na rádio TSF onde desenvolve as suas capacidades de assistência no programa “Bancada Central” ao vivo com o locutor Fernando Correia no formato “antena aberta”. Uma brincadeira de contactos torna-se a sua “coroa de glória”, quando tem uma ideia “Porque é que não se liga para este futebolista para se falar da vitória do Senegal à França?”. Assim fez “consegui meter e o jogador depois acabou por ter mais algum sucesso”, “é atualmente o dirigente do Boavista, que é o Fary”. A agência Lusa proporcionou-lhe “um estágio mais a sério”, durante quatro meses, período em que verdadeiramente aprendeu a escrever. // Maior que o desafio da escrita, para João Simões, é a crise que o jornalismo atual enfrenta, a falta de espaço; o “facilitismo” e o facto de ser “tudo imediato”, fazem com que a cobertura jornalística e o ambiente envolvente já não sejam os mesmos, “o que eu vejo é que somos cada vez menos”, “eu senti a concorrência”. // Confessa que já foi mais “workaholic”, e apesar de ainda gostar de futebol e ser adepto do Sporting, admite que a profissão pesada o afastou dos estádios como fã. No sentido de fazer “um detox” da rotina exigente, liga o modo voo quando se dedica à corrida, fazendo provas de tal duração que se esquece do mundo ao seu redor. // Acredita que para o sucesso basta que “todos procurem fazer coisas que gostem”. O diplomado da fornada de 1999, relembra a ESE com carinho, descrevendo-a em “três palavras: amizade, proximidade e também a prática”.