“No final dá-me uma satisfação enormíssima de missão cumprida”
De regresso à casa que “era uma família”, Fernando Pinho recorda o começo da Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Setúbal, por ter sido “uma coisa muito importante, o ter visto nascer esta escola e ter acompanhado e fotografado, as diferentes fases da construção”. O professor não esquece o “corpo docente” que o marcou, a “professora Ana Pessoa”, “a professora Margarida Graça”, “a professora Ana Maria Bettencourt”, “esta escola tem muito a ver com ela” e “o professor Raul Carvalho”. Foi em 1985, que o seu caminho se cruzou com a ESE, quando a docente Ana Figueira o convidou para instalar o Centro Gráfico da instituição, onde se manteve até 2002. Aos 42 anos, já com uma carreira de docente, “decidi que devia fazer uma licenciatura” em Educação do Primeiro Ciclo. “Eu já dou as aulas e é preciso ter o canudo? Então a gente tira o canudo”. Depois de quatro anos a ser trabalhador-estudante, “terminei a licenciatura e convidaram-me logo” para ser professor naquela que foi a sua última casa até se reformar, em 2020. Remontando aos áureos tempos na escola setubalense, relembra que “a ESE liderou quase todos os projetos de internacionalização”, “ganhou o concurso e remodelou todo o ensino do 1º ciclo em Cabo Verde”. Como responsável da gráfica, coordenou a elaboração de manuais que foram, mais tarde, utilizados nas escolas visadas. “Foi uma fase muito trabalhosa”, sempre com o empenho dos alunos, que “alceavam livros à mão” e “uma envolvência total dos professores”. “No final dá-me uma satisfação enormíssima de missão cumprida”. // Aos 69 anos, é divorciado e tem uma filha. Atualmente, “continua preocupado com o solidário”, “dedico praticamente a minha atividade toda como voluntário nas diferentes organizações onde participo” e é jurado em concursos fotográficos, que alimentam essa sua grande paixão. O amante da arte da imagem, descreve-se como sendo “responsável”, “solidário”, “honesto”, “científico” e “de esquerda”. “Isso define-me a mim, é o que eu sou”. Não encontra outra palavra para atribuir à Escola Superior de Educação que não seja “felicidade”, “se é bom estar aqui, é porque se é feliz ao estar aqui”. Ao ser questionado sobre do que é que sente mais saudades do tempo em que trabalhou na instituição, responde sem pensar duas vezes, “da parte gráfica” [sorri]. O professor revela que o fascínio pela máquina dos cliques surgiu aos 15 anos, provocado “pelo mistério e aquilo que era magia”, que se mantém até aos dias de hoje. Começou no centro, mais tarde foi aluno e depois tornou-se docente e não perde na memória os momentos captados ao longo dos anos em que a ESE foi a sua casa, “É bom estar aqui, é bom viver aqui, é bom estudar aqui, estar aqui, trabalhar aqui”.