A escolha do Seixal para instalar a Companhia Siderúrgica Nacional deveu-se a razões logísticas e estratégicas relacionadas com a proximidade do rio Tejo
O acontecimento local mais relevante no concelho do Seixal desde 1855 foi, sem dúvida, a implantação e o desenvolvimento do complexo industrial da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), fundado em 1937, durante o Estado Novo, e inaugurado oficialmente em 1944 na Aldeia de Paio Pires.
Foi um dos pilares da industrialização em Portugal e o factor que mais moldou o desenvolvimento do Seixal no século XX. O seu legado, social, urbano e identitário, continua presente, tanto na memória colectiva como nos espaços reabilitados.
A escolha do Seixal, mais concretamente de Paio Pires, para instalar a CSN deveu-se a razões logísticas e estratégicas relacionadas com a proximidade do rio Tejo que facilitava o acesso marítimo para importação/ exportação. Foi ainda considerada a disponibilidade de mão-de-obra e os bons acessos ferroviários e facilidade de transporte de matérias-primas.
A CNS foi o evento mais relevante no concelho ao transformar profundamente a economia local, trazendo industrialização pesada para uma zona que era maioritariamente agrícola e piscatória.
Produzia essencialmente aço, através da fundição de minério importado, abastecendo os sectores da construção civil, naval, ferroviária e metalomecânica.
A fábrica gerou milhares de empregos directos e indirectos, provocando um aumento demográfico significativo e o surgimento de novos bairros operários, além de fomentar um sector secundário de serviços e comércio.
Foi relevante para a fixação de população, oriunda de todo o País (Alentejo, Norte e interior) e de antigos territórios coloniais. Motivou a construção de bairros operários em Paio Pires, Arrentela, Amora e Seixal, expansão de infra-estruturas básicas como escolas, postos médicos, transportes além de rodoviárias e ferroviárias, caso da ligação ferroviária do Ramal do Seixal.
A CSN moldou ainda a identidade social e política do concelho que passou de rural e piscatório a industrial e urbano, tornando o Seixal um bastião da classe operária, com forte tradição sindical e associativa.
Verifcou-se que a forte sindicalização dos trabalhadores implicou que a CSN tivesse uma cultura laboral combativa, o que contribuiu para o descontentamento social durante a ditadura.
Verificou-se que a partir dos anos de 1980, a indústria pesada portuguesa entrou em declínio devido à competição internacional, falta de modernização tecnológica e custos de produção elevados, com isto a CSN foi progressivamente desmantelada nos anos 1990 e veio a encerrar oficialmente a maior parte da produção em 1996.
O encerramento causou grande impacto social e económico como desemprego, desintegração de comunidades operárias.
A reconversão da área industrial deu origem ao Ecoparque do Seixal, aposta na sustentabilidade, ambiente e economia circular. Também a projectos urbanísticos e ambientais, incluindo a requalificação das margens da Baía do Seixal e espaços culturais e memoriais relacionados com o passado industrial
Em 2017 foi criado o Núcleo do Património Siderúrgico no Ecomuseu Municipal do Seixal, com o objectivo de preservar a memória operária da CSN.
Outros acontecimentos relevantes, mas considerados secundários, são a elevação do Seixal à categoria de cidade, a 20 de Maio de 1993, juntamente com a freguesia de Amora, enquanto a de Corroios foi elevada a vila na mesma data. Esta elevação marcou um importante momento de desenvolvimento e crescimento para estas localidades no concelho do Seixal. A 27 de Maio, do mesmo ano, é criada freguesia de Fernão Ferro, desmembrada da antiga freguesia de Arrentela.
De realçar o grande impacto no Seixal da revolução a 25 de Abril de 1974, dada a forte presença de movimentos operários no concelho.
De notar ainda o crescimento do movimento ambientalista e ecologista local, e também a evolução do Parque Industrial do Seixal e da zona ribeirinha.