Cerimónia em que também foram distinguidos Vasco Fernandes e Jhonder Cádiz marcada por discursos emocionados
Nuno Pinto, defesa do Vitória FC, foi ontem distinguido pelo jornal O Setubalense – Diário da Região com um prémio especial, juntando-se aos também laureados Vasco Fernandes (prémio fair-play) e a Jhonder Cádiz (prémios jogador do ano e melhor marcador). Depois de lhe ter sido diagnosticado um linfoma em Dezembro de 2018, Nuno Pinto, contra todas as expectativas, venceu a batalha contra a doença e voltou, de forma simbólica (actuou sete minutos da derradeira jornada no passado sábado), à competição.
Apesar de estar fora dos relvados a maior parte da época, o papel desempenhado pelo lateral-esquerdo, foi enaltecido pelo capitão Vasco Fernandes, vencedor do prémio fair-play patrocinado pelo restaurante A Vela Branca. “Antes do futebolista está o homem. Este ano tivemos o exemplo do que é ser uma grande pessoa. O Nuno Pinto sempre foi o primeiro a reagir na adversidade. Quando lhe foi diagnosticada a doença, vi nele o que nunca tinha visto na minha vida. Uma pessoa que recebe a pior notícia da vida e reage de uma maneira que pensei ser impossível para o ser humano”.
No restaurante Vela Branca, estabelecimento localizado no Parque Urbano de Albarquel, os elogios ao colega não se ficaram por aqui: “ajudou-nos muito como equipa. Em muitos momentos negativos só havia uma pessoa positiva no balneário, que era ele. Foi uma lição para a vida. Vou poder dizer à minha filha que tive o prazer de partilhar uma experiência de vida com uma pessoa do tamanho do mundo”, vincou o colega, deixando emocionado Nuno Pinto que teve na cerimónia a companhia da esposa e dos filhos.
Francisco Alves Rito, director de O Setubalense, também fez questão de explicar as razões pelas quais o defesa, que anunciou em Março de 2019 estar limpo da doença, foi distinguido. “Decidimos criar um prémio especial para o Nuno Pinto. É uma forma de lhe transmitir o carinho que a população setubalense e os adeptos em especial têm por ele. É um testemunho de como a vida nos prega partidas. O jogo dele este ano foi mais fora do relvado e conseguiu aí a vitória da sua vida”.
O responsável pela publicação continuou: “Há um aspecto positivo que se consegue retirar deste drama que é o facto de darmos valor a coisas que normalmente estão secundarizadas na nossa vida. De forma mais inigualável percebemos quem são aqueles que realmente nos dão alento. Além dos familiares e amigos, o Nuno Pinto percebeu que a cidade de Setúbal está consigo. Desejo imensas felicidades e que possa voltar à competição ao mais alto nível”.
Nuno Pinto grato pelo prémio e Cádiz faz declaração de amor a Setúbal: “adoro esta cidade”
Depois de agradecer o prémio, Nuno Pinto frisou o papel desempenhado por Vasco Fernandes e os colegas. “Tinha dito ao capitão que, depois do que me aconteceu, tinha um sonho: voltar a jogar com esta equipa. Os médicos diziam que este ano já não dava para o fazer e eu confidenciava ao Vasco que tinha o sonho de fazer cinco ou dez minutos. Agradeço-lhe e ao resto do plantel por tê-lo conseguido. Os minutos que joguei vão ficar na memória para o resto da minha vida”.
Jhonder Cádiz foi premiado com os prémios da Gásvari, por ter sido o melhor marcador (nove golos na I Liga) e Ópticas Portugal (melhor jogador), e começo por agradecer ao jornal. “Agradeço a O Setubalense e a todas as pessoas que trabalham no jornal. Agradeço também às pessoas do restaurante A Vela Branca, que fica num local muito bonito, pelo prémio. Depois das palavras do capitão, agora é difícil falar. Em jeito de balanço, digo que esta foi uma época de homens, difícil e em que tivemos muitos altos e baixos”.
O avançado venezuelano, que está de saída para o Benfica, afirmou que jamais irá esquecer Setúbal e o Vitória. “O Vitória é a equipa onde melhor me senti tanto a nível futebolístico como profissional. Adoro esta cidade e só espero que este seja o início de muitos prémios que possa ganhar na minha carreira como fruto do meu trabalho e dos meus companheiros”.
Fernando Tomé, antiga glória do clube, foi convidado a estar presente pelo nosso jornal e teceu e recordou um prémio que recebeu há quase meio século. “Em 1969/70, tive a honra de ganhar o prémio de jogador mais regular do Vitória de O Setubalense que é, e sempre foi, um órgão importante para a cidade. Esta época tivemos na parte final um aperto no coração, mas, depois, da vitória em Chaves, deu-se o extravasar de emoções por aquilo que acumulámos durante meses”, finalizou, deixando transparecer o sentimento da maioria dos adeptos vitorianos.