Golos que ditaram desaire com o Rio Ave surgiram em tempo de compensação
Depois de terem assegurado a permanência na I Liga na jornada anterior, após o triunfo (1-2) em Chaves, o Vitória FC despediu-se ontem da época 2018/19 com uma derrota, por 1-3, com o Rio Ave. Os golos que ditaram o desaire dos comandados de Sandro surgiram já em tempo de compensação, aos 90+1 e 90+3 minutos de um jogo marcado pelo regresso aos relvados do defesa Nuno Pinto.
Sete minutos em campo bastaram para que o jogador, de 32 anos, que em Dezembro de 2018 anunciou estar a travar uma batalha contra um linfoma, se tornasse a figura da partida. Depois de em Março ter revelado estar “limpo” da doença, Nuno Pinto, que entrou em campo com a braçadeira de capitão de equipa, foi ovacionado aquando da sua substituição, voltando, aos 21 minutos, a estar no centro das atenções quando o jogo foi interrompido para nova homenagem ao atleta por parte dos 6.709 espectadores que estiveram no estádio.
Em relação ao jogo, que ao intervalo registava uma igualdade sem golos, os golos surgiram todos após o intervalo. Bruno Moreira inaugurou o marcador para os vila-condenses aos 50 minutos, vantagem que foi anulado volvido três minutos pelo capitão Vasco Fernandes. Quando se esperava que o desfecho final iria ser um empate (1-1), o Vitória permitiu que Bruno Moreira bisasse e Said fechasse as contas do jogo, colocando o resultado em 1-3 para o Rio Ave.
Depois de ter assegurado no domingo a continuidade entre a elite do futebol nacional, o Vitória entrou melhor no jogo e criou o primeiro lance de perigo junto da baliza do Rio Ave logo aos dois minutos. Um erro do guarda-redes Paulo Vítor quase foi aproveitado por Allef que, com a baliza à sua mercê, não conseguiu inaugurar o placar.
Depois do susto, o Rio Ave reagiu e tornou-se, de longe, a equipa mais perigosa no primeiro tempo. A melhor oportunidade para inaugurar o marcador nesse período surgiu aos 17 minutos, quando o vila-condense Joca rematou ao poste esquerdo da baliza defendida por Cristiano, que rendeu o habitual titular Makaridze.
Depois do nulo ao intervalo, ambas as equipas conseguiram chegar ao golo nos primeiros minutos do segundo tempo. O Rio Ave fez o 1-0 por intermédio de Bruno Moreira, avançado que aproveitou um erro de Nuno Valente, para marcar aos 50 minutos. Volvidos três minutos, o defesa Vasco Fernandes foi à área contrária repor a igualdade, após um canto na esquerda.
O golo espevitou o conjunto setubalense que, já depois da entrada do venezuelano Jhonder Cádiz (substituiu Allef aos 57 minutos), dispôs de várias oportunidades para se colocar em vantagem, valendo nesses momentos ao Rio Ave a atenção do guarda-redes Paulo Vítor e a falta de pontaria do avançado dos setubalenses.
Aos 81, na melhor das ocasiões que teve para marcar, Jhonder Cádiz, após combinação com Rúben Micael, cabeceou, em zona frontal, ao lado do poste esquerdo da baliza de Paulo Vítor. Quando a igualdade parecia ser o resultado que se iria verificar em Setúbal, o Rio Ave conseguiu, já em tempo de compensação, marcar por duas vezes, ditando a derrota dos sadinos.
Com este resultado, o Vitória despede-se da edição 2018/19 da I Liga na 13.ª posição, com 39 pontos. Já o Rio, graças aos três pontos somados no Bonfim, ascendeu à sétima posição da tabela classificativa.
SANDRO MENDES: «Não era assim que queríamos acabar a época»
“Perder é perder, nunca dá jeito. A verdade é que entrámos em clima de festa, com o regresso do Nuno Pinto, mas queríamos deixar uma boa imagem e fechar a época com uma vitória. Foi um jogo de final de época, sem muita intensidade, muito repartido. Tivemos algumas oportunidades para virar o resultado, não o fizemos e no tempo de compensação acabámos por sofrer dois golos. Não era assim que queríamos acabar a época.
Há que identificar alguns erros. Temos de identificar onde podemos melhorar. Todos os anos estar à espera da última jornada não pode ser. A equipa técnica, juntamento com a direcção, vai procurar uma solução para que este novo ciclo do Vitória seja diferente”.
Treinador não quer ser «verbo-de-encher»
Com mais dois anos de contrato, Sandro Mendes vai continuar ao leme do Vitória na próxima época. “Quando aceitei o desafio, que não era nada fácil, deram-me um contrato de dois anos e meio. Se não quisesse já teria dito. A minha vontade é continuar e está tudo encaminhado para que isso aconteça”, disse na conferência de antevisão à partida com o Rio Ave.
O técnico, que não esconde satisfação por ter contribuído para a valorização Jhonder Cádiz – “fico feliz por ter ajudado a potenciar um jogador que até à minha chegada pouco tinha feito e jogado na equipa” –, faz questão de deixar um aviso para memória futura. “Sinto-me bem, mas não sou nem sirvo para verbo-de-encher. O que se passar daqui para a frente terei de opinar e dar o meu aval”.
NUNO PINTO: «Sinto-me acarinhado no Vitória»
“Eu disse lá dentro no balneário que tinha um sonho quando era pequeno. Era o sonho de jogar futebol, de ser profissional. Consegui concretizá-lo e ganhei outro sonho quando me apareceu o problema: voltar a poder fazer um jogo este ano com estes guerreiros. E só tenho a agradecer a todos eles e à massa adepta, que todos vocês viram que são diferentes. Não são melhores, não são piores. São diferentes. Este último jogo já não contava para nada, mas para mim foi o concretizar de um sonho. Queria agradecer à massa adepta, administração, treinadores e, principalmente, aos jogadores. A minha família está sempre comigo e isso é o mais importante. Sinto-me acarinhado aqui no Vitória e pela minha família de sangue.”