Candidato social-democrata considera ser uma alternativa à actual gestão camarária. Medidas económicas são principais destaques, às quais se junta a defesa pela eficiência da gestão dos serviços
José Paulo Rodrigues, 65 anos, é o candidato à presidência da Câmara Municipal do Barreiro pelo PSD. A segurança, a habitação, a limpeza e manutenção do espaço público, o alívio da carga fiscal e o desenvolvimento económico são, diz o próprio, prioridades para a cidade.
O candidato entende que o concelho “precisa ter estratégia para captação de investimento” e que o PSD apresenta uma alternativa centrada nos munícipes, e não nos interesses do município.
Em entrevista a O SETUBALENSE José Paulo Rodrigues, que encabeça a lista de um partido que nas últimas autárquicas perdeu o único vereador que tinha elegido, assume vontade de conquistar os comandos da câmara municipal.
Ligado ao associativismo já foi presidente do Futebol Clube Barreirense, e, na autarquia já tinha integrado as listas dos social-democratas como independente tendo no mandato 2017-2021 exercido funções como vereador.
Defende mais eficiência na gestão dos serviços municipais.
Porque é que se candidata à presidência da Câmara Municipal do Barreiro?
Aceitei ser candidato à presidência porque é nesta comunidade onde nasci, onde vivo e onde estão sepultados os meus antepassados que sinto, com total convicção, que chegou o momento de retribuir. Quero acrescentar ao Barreiro. Quero contribuir com o meu percurso, a minha experiência e a minha dedicação para construir uma cidade melhor para todos.
O Barreiro precisa de uma nova liderança, com visão, competência e coragem. Apresentamos uma equipa pronta, um projecto sólido e uma ambição clara, devolver o Barreiro às pessoas, com mais segurança, mais justiça, mais habitação, mais qualidade de vida. Estou aqui por dever cívico, por amor à minha terra e por acreditar profundamente que o Barreiro pode ser muito mais.
Se for eleito quais são as principais propostas que quer concretizar?
O programa com que nos apresentamos aos barreirenses estrutura-se em doze eixos de acção que respondem a problemas reais que o Barreiro enfrenta e cuja resolução procura dar qualidade de vida às pessoas.
Em primeiro, a segurança, queremos implementar um modelo de policiamento municipal de proximidade, apoiado por videovigilância em zonas críticas, para que todos se sintam seguros nas suas ruas.
Em segundo, a habitação, propomos um programa municipal de arrendamento acessível, assente em imóveis existentes, desocupados, em muito boas condições, para dar resposta rápida e eficaz à falta de casas a preços que as pessoas possam pagar.
Em terceiro lugar vamos investir seriamente na limpeza e manutenção do espaço público, criando equipas municipais com meios e plano de actuação rápido e contínuo.
Em quarto, o alívio da carga fiscal, com a devolução de 2,5% do IRS às famílias.
E em quinto a questão do desenvolvimento económico e criação de emprego qualificado.
Não aceito que o Barreiro continue a ser um concelho sem estratégia de investimento, entregue ao que calha, ao sabor de projectos privados desgarrados. E muito menos aceito que a ambição que nos propõem seja a criação de empregos precários e mal pagos. Isso não é a ambição que queremos para o futuro dos nossos filhos.
O Barreiro precisa ter estratégia para captação de investimento, que crie emprego qualificado, com melhores salários e que dinamize a economia local. E connosco isso vai acontecer.
Que críticas faz à actual gestão da autarquia?
A principal crítica que fazemos à actual gestão socialista da autarquia é a falta de ambição, de visão estratégica e de resultados concretos. Com um orçamento de quase 120 milhões de euros por ano, aquilo que foi feito é claramente insuficiente. Falta acção, falta competência e falta ligação às verdadeiras necessidades dos barreirenses. Há uma aposta desproporcionada no lançamento de betão e na construção de habitação que a maioria não consegue comprar. Enquanto isso o comércio local definha, como se vê no estado do Mercado 25 de Abril ou nas obras mal planeadas da Rua Miguel Bombarda.
A gestão tem sido reactiva, desligada das pessoas, centrada em projectos avulsos e sem preocupação com coesão territorial ou desenvolvimento económico sustentado.
Não está tudo mal, é verdade. Mas o que foi feito está longe do que é exigível a uma cidade com os recursos e o potencial do Barreiro. E por isso que é preciso mudar.
Na apresentação da sua candidatura referiu eixos de actuação entre os quais alívio da carga fiscal, limpeza e mobilidade. De que forma pensa em actuar nestas matérias?
Um dos instrumentos ao alcance da câmara para beneficiar os barreirenses e tornar o concelho mais atractivo é precisamente a sua política fiscal. Sim, as autarquias têm poder para aliviar a carga fiscal dos seus munícipes, seja no IMI, seja no IRS.
No Barreiro, temos um objectivo claro, conseguir devolver 2,5% do IRS pago pelos barreirenses. Precisamos de colocar a melhoria da qualidade de vida das pessoas no centro da acção política.
Obviamente que isto exige mais eficiência na gestão dos serviços municipais, mais racionalidade nos gastos.
Outro dos sinais mais visíveis de que o Barreiro está a ser mal gerido é o estado de abandono do espaço público. Ruas sujas, buracos nas estradas, passeios danificados, contentores a transbordar durante dias. Isto é um retracto de desleixo e falta de respeito pelos cidadãos. Se for eleito, quero acabar com esta ideia de que o Barreiro é uma cidade suja. Vamos criar equipas municipais de manutenção urbana com meios adequados, um plano de intervenção contínua, e uma cultura de resposta rápida. A limpeza e manutenção não podem ser apenas reacções a queixas, têm de ser uma prioridade diária. Vamos recuperar passeios, manter ruas limpas, eliminar graffitis, cuidar dos espaços verdes e assegurar que cada zona se sente cuidada. Isto é o mínimo que se exige de uma câmara com um orçamento de quase 120 milhões de euros por ano.
Cuidar do espaço público é cuidar das pessoas. E devolver o orgulho de viver no Barreiro começa com ruas limpas e bem tratadas.
Em matéria de mobilidade, a câmara municipal tem de deixar de ser apenas espectadora e assumir um papel activo na concretização dos grandes projectos estruturantes já anunciados pelo Governo, como a ponte rodoferroviária Barreiro-Chelas, a ligação Barreiro-Seixal e a extensão do Metro Sul do Tejo até ao nosso concelho.
Estes projectos representam uma oportunidade histórica para colocar o Barreiro no centro da mobilidade metropolitana.
Para nós, mobilidade não é só uma questão de transportes. É uma questão de qualidade de vida, de desenvolvimento económico e de coesão territorial. E é com essa visão que estamos preparados para agir.
Disse também que querem “apresentar uma verdadeira alternativa” para o Barreiro. Que alternativa é essa?
É uma alternativa à gestão sem visão e sem estratégia. Uma alternativa centrada nas pessoas, não nos interesses. Uma alternativa que associa uma gestão fiscal responsável, que alivia a carga sobre as famílias, a uma política autárquica que intervém quando e onde é necessário, nomeadamente na habitação. É uma alternativa ambiciosa, reformista, equilibrada e justa. O Barreiro precisa de mais do que mudanças de fachada, precisa de uma mudança real, com rumo e com sentido.
Nas últimas eleições autárquicas o PSD perdeu a representação em órgãos municipais. Qual é o objectivo nesta eleição?
Não estamos aqui para “recuperar um vereador” ou conquistar mais uns mandatos autárquicos. Estamos aqui para mudar o rumo da nossa cidade e para devolver o Barreiro às pessoas.
Nas últimas eleições, a dispersão dos votos no centro-direita foi aproveitada pelo PS para reforçar um poder absoluto, exercer uma gestão sem contraditório, ter oposição enfraquecida e uma cidade sem rumo.
Quem desejar uma alternativa real, tem de votar com clareza. Dividir é entregar o poder ao mesmo de sempre. Unir é dar ao Barreiro a mudança que merece.
O nosso objectivo é claro, ganhar a Câmara Municipal do Barreiro.
No que diz respeito à habitação, quais são as propostas que defende?
Acreditamos que resolver o problema da habitação não é só construir mais. É também saber usar bem os recursos que já temos.
Em vez de depender apenas da construção nova e de contratos com grandes promotores imobiliários, queremos lançar um programa municipal de arrendamento acessível baseado nas casas que já existem e que estão desocupadas. Porquê? Porque muitos pequenos proprietários têm medo de arrendar, receiam não receber a renda, ver o imóvel danificado ou nunca mais reaver a casa.
A ideia é simples, a câmara faz contratos de arrendamento com pequenos proprietários locais, garantindo-lhes segurança na conservação e no recebimento das rendas e regras claras nas condições exigidas para o imóvel. Depois, subarrenda-as a quem estiver em condições de aceder ao programa municipal de arrendamento acessível.
Com isto, ajudamos quem tem casas vazias e gostaria de viver com menos pressão financeira e ajudamos quem precisa de uma casa para viver a um preço acessível. Todos ganham, os inquilinos pagam menos, os proprietários ganham segurança.
Este é um modelo justo e que faz a economia local funcionar, porque os recursos ficam cá dentro, ao serviço de quem vive cá.
A criminalidade no Barreiro é motivo de preocupação?
A criminalidade no Barreiro é motivo de preocupação. Seja qual for o valor dos indicadores, a segurança das pessoas deve ser sempre uma prioridade. É verdade que os números do RASI, na generalidade do território nacional, mostram alguma melhoria face a anos anteriores. Mas no nosso distrito e na nossa cidade, continuamos longe de níveis que transmitam uma verdadeira sensação de segurança. E isso, para nós, não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida. Deve servir de incentivo para reforçar o combate à insegurança no espaço público e à violência doméstica.
É precisamente por isso que propomos uma abordagem moderna e eficaz, com uma polícia municipal de proximidade, presente, acessível, que conheça o território e com sistemas de videovigilância onde fazem falta.
A segurança constrói-se com presença humana, inteligência no sistema e proximidade com a comunidade. Porque falar de segurança é falar de liberdade, de confiança e de qualidade de vida.
Nas acções de rua com a população qual tem sido a reacção à sua candidatura? Quais têm sido as principais preocupações dos cidadãos?
Em todas as acções de rua sentimos que as pessoas nos reconhecem como uma candidatura séria, composta por gente competente e com um propósito claro, servir o Barreiro.
A apresentação da nossa candidatura foi um sinal claro disso, uma enorme mobilização popular. Isso só acontece quando há confiança, esperança e vontade de mudança.
As pessoas abordam-nos com total abertura. Contam-nos o que vivem todos os dias, a falta de segurança que lhes tira a tranquilidade, a sujidade e o abandono do espaço público, a degradação de zonas inteiras do concelho. E, acima de tudo, um sentimento profundo de desilusão com quem está no poder e prometeu muito, mas fez pouco.
Há um desejo de virar a página. O que sentimos nas ruas é um apelo directo, “precisamos de mudança”, “o Barreiro não pode continuar assim”.
E nós estamos aqui para corresponder a essa vontade. Para liderar essa mudança. E para devolver o Barreiro às pessoas.
Há mais alguma coisa que queira acrescentar?
Incomoda-me a leviandade com que, por vezes, se lançam suspeitas sobre os responsáveis pelas adjudicações na Câmara Municipal do Barreiro. Não é aceitável que se ponha em causa a integridade de quem assume funções públicas. A desconfiança gratuita mina a democracia e afasta os melhores da vida pública.
Por isso, connosco, haverá total transparência. Cada adjudicação será acompanhada da divulgação clara da matriz de decisão, dos critérios usados e das razões por que uma proposta foi escolhida. Não aceitaremos ponderações opacas nem decisões mal explicadas. Só assim se protege a honra de quem serve o interesse público e se devolve aos cidadãos a confiança nas instituições.