Miguel Canudo: “A continuar assim mais um ano entraremos em falência técnica”

Miguel Canudo: “A continuar assim mais um ano entraremos em falência técnica”

Miguel Canudo: “A continuar assim mais um ano entraremos em falência técnica”

Provedor justifica os resultados negativos da Misericórdia de Alhos Vedros com o subfinanciamento do Estado. Nos últimos dois anos, a Santa Casa acumulou 1 milhão de euros de défice

O Cardeal Américo Aguiar, Bispo de Setúbal, já havia alertado em Julho último para o facto das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da região terem de garantir por si, em termos globais, 15 milhões de euros por ano para continuarem a garantir a sua actividade, face aos apoios diminutos do Estado. Entre estas instituições, que mais dificuldades têm sentido, encontra-se a Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros, que viu a sua situação financeira agudizar-se fortemente nos últimos tempos, já que em 2023 e 2024 acumulou um défice de 1 milhão euros.

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A Misericórdia fechou 2024 com um resultado líquido negativo de cerca de 550 mil euros, a somar aos 450 mil euros de défice que já havia registado em 2023. E o provedor Miguel Canudo – que em Dezembro passado, em declarações a O SETUBALENSE, havia perspectivado apenas um resultado negativo à volta dos 250 mil euros – admite agora que a instituição não aguentará mais um ano a acumular défices desta ordem de grandeza.

“A continuar assim mais um ano, entraremos possivelmente em falência técnica. Mas, em termos económicos a instituição não está em perigo. Os apoios do Estado são manifestamente insuficientes para podermos fazer face aos nossos custos”, diz Miguel Canudo, para reforçar de seguida: “Não podemos continuar mais um ano assim.”

O provedor da Misericórdia de Alhos Vedros admite também que o resultado negativo superior a meio milhão de euros averbado em 2024 acabou por surpreender tudo e todos na instituição. “Foi ao contrário do esperado. Perspectivávamos um resultado negativo entre os 250 mil e os 300 mil euros”, lembra, antes de apontar aquele que considera como principal motivo da derrapagem financeira da Santa Casa. “Foi o subfinanciamento por parte do Estado à instituição.”

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As perdas em três áreas de actuação da Misericórdia ditaram o fecho das contas no negativo no exercício do ano transacto. “Na área da infância tivemos 200 mil euros de saldo negativo; na Unidade de Cuidados Continuados Integrados o resultado negativo foi de 230 mil euros; e na área dos idosos, a falta de procura pelo Centro de Dia – que já vem desde o período da covid-19 – registou um resultado negativo de 250 mil euros”, detalhou o responsável.

Somados, os três valores chegam aos 680 mil euros de défice registado. Todavia, a esse total negativo há que subtrair os proveitos do lado da receita, provenientes de outras respostas da instituição, que permitiram baixar as perdas para os 550 mil euros.

Reforço de apoios do Estado já chegaram este ano
Para 2025, Miguel Canudo volta a acreditar num resultado financeiro bem diferente daqueles que foram registados nos dois anos anteriores. Porém, desta vez o provedor acrescenta um dado à equação, que, acredita, poderá fazer a diferença.

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“Para este ano em vigor há já um reforço dos apoios da parte do Estado em algumas áreas significativas, o que, muito provavelmente, permitirá reduzir as perdas. Na área da infância já há um reforço significativo do Estado. E na vertente dos idosos também há um aumento, que dará alguma alavancagem na redução das perdas”, explica.

Miguel Canudo prefere deitar um olhar positivo sobre o futuro e revela um lema que norteia os órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros. “Nesta casa, temos esperança num futuro melhor. Continuamos a acreditar, se houver um reforço dos apoios da parte da Tutela.”

Além disso, a instituição candidatou-se ao Fundo de Socorro Social, para “equilíbrio financeiro”.
“Esperamos que venha a ser aprovado e apelamos a todos os santinhos para que venha a ser aprovado pela Segurança Social”, diz, antes de voltar a acentuar a tónica do discurso com optimismo em relação ao futuro imediato. “Com o reforço do Estado feito para 2025, esperamos melhorias.”

À margem da situação financeira da instituição está o projecto para reconversão do hospital desactivado numa clínica de hemodiálise. “Não está em causa a transformação do hospital nessa clínica. O acordo já está assinado com a União das Misericórdias e a empresa que será responsável pela prestação do serviço”, garante. “Aguardamos que sejam aprovados os orçamentos para as obras de reconversão, que serão suportadas financeiramente pela empresa que virá assegurar o serviço de hemodiálise”, adianta o provedor, a finalizar.

Respostas Instituição dispõe de três lares, duas creches e uma Unidade de Cuidados Continuados

A Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros contava, no final de 2024, com um total de cerca de 400 trabalhadores. Com seis equipamentos, dá resposta desde a infância à terceira idade a cerca de 800 utentes. Além dos três lares de que dispõe, apresenta duas creches e uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados, a que se juntam ainda os serviços de Apoio Domiciliário e Centro de Dia. A reconversão do hospital desactivado numa clínica de hemodiálise é vista como um investimento de enorme importância, já que, segundo Miguel Canudo, virá acrescentar capacidade de resposta na referida área quer ao concelho da Moita quer a toda a região. O provedor e a sua equipa têm mais cerca de ano e meio de mandato pela frente. As eleições para os órgãos sociais da instituição só deverão realizar-se em finais de 2026.

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