André Martins falou nos investimentos da autarquia e as negociações com o IHRU para criar novos fogos
Cerca de uma centena de pessoas estiveram presentes no almoço-tertúlia “Memórias de Abril”, que se realizou este domingo na Cooperativa de Habitação e Construção Económica Força de Todos. No evento, organizado pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), esteve presente o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, que levantou o problema da falta de habitação no concelho e no País.
André Martins classificou este como um “dos problemas mais graves” em Portugal e deixou uma questão. “Como é possível que, 51 anos depois do 25 de Abril, haja tantas famílias, cada vez mais, que não conseguem pagar as rendas que estão a ser pedidas e, portanto, vão para a rua”, como se lê em nota de Imprensa enviada O SETUBALENSE.
“Podem vir dizer que prometem mais 20 mil casas, mais 30 mil casas, mais 40 mil casas, mas uma casa não se constrói de um dia para o outro, nem há, que se saiba, capacidade para construir essas casas. Portanto, a situação vai continuar a agravar-se. Da parte da Câmara Municipal de Setúbal, também neste domínio da habitação, estamos a fazer aquilo que nos compete fazer”, disse.
Quanto ao município de Setúbal o autarca explicou que já terminaram as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que o município está a negociar com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) o financiamento de 500 novas casas para arrendar a famílias, tendo em conta o seu orçamento familiar.
Lembrou, ainda, que estão a ser investidos “mais de 100 milhões de euros” na requalificação de habitações municipais, “para que as pessoas possam viver com dignidade nas casas do município” e que, através de uma hasta pública, uma empresa vai construir 170 novos fogos “para vender a custos controlados”, na Azeda.
“Da nossa parte, em Setúbal, estamos a fazer o que está ao nosso alcance, mas o problema da habitação é um problema que se tivesse sido planeado ao longo dos anos não estávamos nesta situação. E como as casas não se constroem de um dia para o outro, nós vamos ter problemas mais graves nos próximos tempos para as nossas populações”, esclareceu.
Quanto à iniciativa, que surgiu no âmbito da celebração dos 51 anos da Liberdade, André Martins referiu que é preciso passar para as gerações futuras a responsabilidade de viver livre. “Comemorar o 25 de Abril é sempre uma forma de nos lembrarmos das responsabilidades que temos para que as gerações futuras, para os que vêm a seguir a nós, possam encontrar uma sociedade mais avançada, mais evoluída e onde a esperança seja sempre um objectivo a alcançar”.
Já o presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra, também presente no almoço-tertúlia, falou dos tempos em ditadura e relembrou a época em que os pais lhe diziam “que havia muita gente que a única coisa que levavam para o trabalho era uma panela onde metia uma água para fazer um caldo com um pouco de arroz ou massa e de toucinho dados por outros”, referiu Luís Custódio.
No entanto, fica a ideia de que “uma das coisas que, com o 25 de Abril, mais contribuiu para o desenvolvimento do País foi o Poder Local Democrático”, e que foi graças a este que nasceram aquelas freguesias, bem como a do Sado.