O Vitória chega à derradeira jornada do Campeonato Nacional da II Divisão (série E) em 2.º lugar e a depender apenas de si para marcar presença na fase de subida. No arranque da época esperava estar nesta posição ou pensavam já ter a situação definida?
Não Na verdade nós vivenciámos, talvez, um dos períodos mais difíceis do Vitória. Criámos uma equipa do zero e transitámos 4/5 jogadores que não eram peças fundamentais na equipa da época anterior. Recrutámos alguns jogadores a escalões secundários e tentámos que o plantel fosse maioritariamente de primeiro ano para conseguirmos fazer um projecto a dois anos. Temos muitos jogadores de primeiro ano, assim conseguimos passar a identidade Vitória. Foi um desafio enorme. Temos a sorte de ter um grupo fantástico, gosta de trabalhar, que não tem grandes vivências do Vitória mas tem algumas aprendizagens do Vitória e de alguma forma caracteriza o que é o Vitoria. Aliamos o trabalho á seriedade e fazemos sonhar quem nos rodeia, mas claramente que não estávamos à espera de estar nesta situação porque o nosso objectivo é garantir a manutenção nesta segunda divisão.
Em caso de triunfo no sábado (15h) na casa do Lusitano de Évora, a sua equipa garante de imediato a presença na fase de subida do campeonato nacional de sub-19. De que forma estão a encarar o derradeiro jogo da 1.ª fase?
Encaramos de forma alegre e natural porque uma das coisas que nós nos propusemos desde o primeiro dia era que iríamos ser muito sérios e dignificar aquilo que é a instituição Vitória e tentar ser competitivo em todos os jogos. Estamos a preparar este jogo da mesma forma que preparámos contra o Comércio , Amora e Desp. Beja. De forma séria, olhamos muito para nós e para aquilo que são as nossas características e a forma de jogar à Vitória, tentar estrategicamente esconder aquilo que são as nossas debilidades e tentar exponenciar as dificuldades dos adversários. É algo natural pensarmos jogo a jogo, tentando ser o mais competitivos possível para tentarmos fazer evoluir os jogadores. São muitos jogadores de 1.º ano que têm margem para evoluir. Vêm de outros contextos e de outras vivências e é isso que nos faz estar motivados todos os dias. Representar o Vitória tem de ser motivo de orgulho, independente de onde vieram.
Têm um ponto de vantagem sobre o Louletano (3.º classificado). É reconfortante saber que terão “apenas” de fazer melhor que os algarvios para segurar o 2.º lugar, ou seja, até um deslize da sua equipa pode dar o apuramento?
É um pensamento, mas não é o nosso. Representamos o Vitória, não representamos um treinador nem um ou dois jogadores. Representamos um clube centenário com história e o que nós tentamos fazer para dignificar a instituição é sermos apaixonados e sérios. Vamos tentar ganhar, não pensamos em deslizes ou nos outros, vamos fazer o nosso melhor e acabar o jogo de consciência tranquila de que fizemos tudo o que podíamos para entregar o melhor de cada um.
Quais as principais dificuldades que espera encontrar com o Lusitano, adversário que está na penúltima posição da série E?
Vamos encontrar uma equipa que nos quer roubar pontos. Certamente olham para o nosso último jogo e acreditam que podem surpreender. Vamos estar num nível diferente do último jogo, vamos dignificar o nosso clube e mostrar de que forma nos erguemos dos dias menos bons. Eles trocaram a equipa técnica há pouco tempo, investiram e reforçaram-se com alguns jogadores, estamos preparados para competir e sabemos qual foi o caminho que nos trouxe até aqui. E neste clube existem valores inegociáveis.
Os resultados da jornada anterior – Vitória empatou 2-2 com o último classificado (Desp. Beja) e Louletano perdeu 3-2 com o Quarteirense – são um aviso de que a atenção deve ser redobrada e de que não há jogos fáceis. Concorda?
Concordo Mas desde a primeira jornada disse ao grupo que os jogos iriam ser todos difíceis, Sabíamos a dificuldade que é criar uma equipa nova em pouco tempo. As ligações entre pessoas são muito importantes para criar um bom grupo, nós fomos crescendo juntos. Fomos sempre tentando olhar para o próximo jogo como o mais importante e é isso que fazemos, o próximo jogo é sempre o mais importante temos a capacidade de evoluir temos a capacidade de melhorar e de ter alguns princípios que é obrigatório. Neste clube Há coisas que não são negociáveis: a entrega a humildade, persistência e superação e depois vem a nossa qualidade. O futebol continua a ser um espectáculo, então que nos venham ver e que tenham prazer ao ver os nossos jogos.
Em sua opinião, qual a razão que levou a sua equipa a permitir que o Desp. Beja somasse em Setúbal o seu único ponto em 17 jogos?
Falta de humildade. Tínhamos vindo a fazer bons jogos nestas últimas jornadas, a jogar bem, sentimos que eramos superiores e isso foi o nosso maior inimigo. Não fomos humildes e achámo-nos superiores, que não fomos na verdade. Não ganhámos. Existe mérito do adversário, fez-nos dois golos, mas temos de ser mais concentrados, mais sérios e perceber que independentemente do adversário somos o Vitoria e nesta casa a exigência é alta. Disse aos meus jogadores que provavelmente noutro clube passaria ao lado, no Vitoria é impossível porque está no nosso ADN sermos competitivos em tudo. São dores de crescimento, olhamos nos olhos para estes momentos e crescemos.