“Se tivermos a capacidade de alimentar os sistemas com essas informações, vamos conseguir trazer muito mais pessoas para Portugal”, diz Jorge Catalão Ramos
A utilização da Inteligência Artificial (IA) pelos agentes económicos ligados ao enoturismo “é fundamental” para o crescimento do sector, mas a sua presença no digital deve ser reforçada, apontou hoje um especialista nesta matéria.
“A inteligência artificial neste sector é fundamental, porque é um sector que está em expansão, que procura cada vez mais a internacionalização e que procura a modernização”, destacou à agência Lusa, o director executivo de Negócios Empresariais na Google Cloud, Jorge Catalão Ramos.
Em declarações à Lusa, à margem do 4. º Encontro Nacional dos Profissionais de Enoturismo, que está hoje a decorrer numa unidade hoteleira de Sines, o especialista referiu que o grande desafio do sector passa pelo “conhecimento tecnológico”.
“De que forma a tecnologia pode ajudar ao conhecimento do enoturismo que já existe, as pessoas estão sensíveis para o bom atendimento e para os bons produtos que temos, mas falta neste sector conhecer a tecnologia e como é que as pode ajudar a colocar Portugal no mapa”, frisou.
Para tal, é preciso começar “pela promoção” do País, utilizando as ferramentas correctas “sobre quem nos procura” e “fazer uma ultra-personalização” do contacto com o cliente, de modo a “convertê-lo para o mercado português”.
“Isto só pode ser feito em escala. Portugal é um país com muita qualidade, mas a forma como temos chegado aos outros países tem sido feita muito ‘persona a persona’ e diria que esta é uma forma de conseguirmos globalizar-nos e colocar Portugal na rota dos vinhos”, defendeu.
De acordo com Jorge Catalão Ramos, Portugal está “muito atrasado” nesta matéria, em comparação com outros países que já estão a “fazer uma promoção do enoturismo com base em modelos de inteligência artificial” e a apostar na IA para a “modernização dos seus processos internos”.
Na sua intervenção no encontro nacional, o mesmo especialista disse que “a maioria dos turistas de enoturismo, não são fiéis à marca vinho, mas à experiência”, o que demonstra tratar-se de “um sector sensorial” no âmbito do qual “o processo de pesquisa é fundamental”.
“Se eu conseguir criar para as pessoas que estão a pesquisar uma experiência com algo relacionado com o enoturismo, dentro daquilo que é a sua capacidade de procura, se conseguir antecipar a informação, vou conseguir fidelizar” esses visitantes, frisou.
A título de exemplo da importância da IA para esta área de negócio, Jorge Catalão Ramos indicou que facilita e torna mais completa a experiência de alguém que queira viajar até Portugal para fazer enoturismo em família.
Através da IA, continuou, é possível ao turista obter uma panóplia de informações, desde “uma explicação sobre o enoturismo” até “imagens contextualizadas daquilo” que procura em família.
A IA consegue “criar um plano de viagem” para os dias da visita, fornece “um mapa com as quintas e a recomendação das quintas” e ainda se predispõe a fazer a marcação da viagem ou das quintas, entre outras vantagens, sugeriu.
“Se tivermos a capacidade de alimentar os sistemas com essas informações, vamos conseguir trazer muito mais pessoas para Portugal”, argumentou.
Segundo o especialista, os agentes do sector e as regiões de turismo estão “a fazer o seu caminho” na promoção e desenvolvimento do enoturismo, mas este percurso “tem de ser feito com maior preponderância, com ferramentas digitais”.
A área do digital tem de fazer parte das prioridades de todos, vincou, acrescentando: “Se há uma estratégia entre as várias regiões do país para se unirem e promoverem a marca, o digital tem de estar no topo das prioridades destas agências” de turismo.
Depois da crise provocada pela pandemia da covid-19 houve “uma inversão na curva e, depois de as pessoas regressarem, Portugal passou a estar na rota do turismo, mas não do enoturismo, por isso é importante que conseguir trazer o cliente do enoturismo e criar novos clientes através deste tipo de ferramentas”, insistiu.