Paulo Vicente, comandante da Polícia Marítima de Lisboa, explica que o condutor da embarcação está “em estado muito grave”
O condutor da embarcação de pesca à ganchorra envolvida na colisão com um navio de transporte de passageiros no Rio Tejo na tarde desta segunda-feira ficou com as pernas esmagadas devido ao choque e foi submetido a cirurgia no Hospital Garcia de Orta, onde permanece internado.
É um dos dois pescadores que foram resgatados na tarde desta segunda-feira, momentos após a colisão no Tejo, num momento em que regressava ao cais em Almada após a pesca de amêijoa no Montijo.
De acordo com Paulo Vicente, comandante da Polícia Marítima de Lisboa, o condutor da embarcação está “em estado muito grave”. O outro sobrevivente já teve alta hospitalar.
A Polícia Marítima de Lisboa continua a busca por dois outros pescadores que estão desaparecidos. Tratam-se de dois homens com 26 e 32 anos. As buscas decorrem na zona onde se deu a colisão, entre o Barreiro e a Ponte 25 de Abril, e já é colocada a hipótese de não terem sobrevivido ao choque.
“Esta é uma zona muito larga, com 30 quilómetros por 15 quilómetros, mas também há a hipótese de os corpos surgirem na foz do Tejo devido à influência das marés”, disse Paulo Vicente.
Sabe-se que a embarcação de pesca à ganchorra tinha estado na zona do Montijo na pesca de amêijoa com ganchorra. Seguia de volta para o Cais do Caramujo, quando se deu a colisão com uma embarcação de transporte de passageiros que fazia o trajecto entre Barreiro e Lisboa. Uma embarcação de pesca que passava na zona resgatou dois dos pescadores que ocupavam a embarcação que naufragava. Um dos pescadores ficou com os membros inferiores esmagados, o condutor, e foi considerado ferido grave. O outro ficou com mazelas e escoriações.
Os dois foram assistidos no Cais da Margueira, em Cacilhas, e transportados para o Hospital Garcia de Orta pelos Bombeiros Voluntários de Cacilhas.
A investigação da Polícia Marítima falou com o capitão do navio de passageiros, que contou contou que seguia o trajecto, sem efectuar qualquer desvio, quando a embarcação de recreio com quatro pescadores embateu na lateral do navio. Ainda tentou avisar com sinais sonoros, mas sem sucesso. Os dois sobreviventes também foram ouvidos pela investigação.
A Polícia Marítima está a investigar o incidente de sinistro marítimo, através do Gabinete de Investigação de Acidentes Marítimos, e já foi dado conhecimento ao Ministério Público perante a possibilidade de acidente com mortes. Se for confirmada a morte de tripulantes, será aberto um inquérito crime no Ministério Público para apuramento de responsabilidades pela perda destas vidas. Até à manhã desta terça feira, não havia sinais dos desaparecidos e todos os intervenientes nesta situação já foram ouvidos, entre os quais o capitão da embarcação da Transtejo e Soflusa e os dois sobreviventes.
A Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) já pediu dados à Polícia Marítima no sentido de perceber se os pescadores envolvidos no acidente tinham licenças. De acordo Paulo Vicente, “nada do que aconteceu tem que ver com a actividade de pesca, mas é sim um sinistro marítimo e o que se investiga tem que ver com as regras de navegabilidade”.