O projecto imobiliário para os terrenos do Complexo Desportivo do Bonfim prevê para os topos do estádio a construção de oito torres de habitação e espaços comerciais nos topos Norte e Sul do recinto, revelaram ontem à noite os órgãos sociais do Vitória FC aos sócios que estiveram presentes na sessão de esclarecimento, que teve lugar na Sala do Bingo, e precede a a Assembleia Geral cumulativamente ordinária e extraordinária de sexta-feira (19h00), no Pavilhão Antoine Velge.
Caso os associados do clube deliberem na sessão favoravelmente pela “alienação de bens imóveis que integram o património” do emblema sadino (sétimo ponto da ordem de trabalhos), o clube tem um encaixe previsto de 25 milhões de euros pela venda, verba que permitirá fazer face ao PIRE (Plano de Recuperação) e modernizar aquela que desde 16 de Setembro de 1962 é a casa do clube, e continuará a ser, garantiu o presidente Carlos Silva.
“O nosso estádio continuará a ser no Bonfim. Isso é garantido. Caso os sócios o aprovem, a alienação é apenas e só dos topos. O estádio vai ficar aqui. Se for este projecto, haverá uma verba significativa para fazer a remodelação do estádio, nestas bancadas, uma requalificação, se pudermos chamar assim, de forma a que possamos criar aqui um melhor acolhimento para os nossos sócios”, explicou no final da sessão que teve cerca de quatro horas de duração.
O líder da direcção disse que “a alienação de património é a única solução que há para poder salvar o Vitória”, cumprindo o PIRE. O dirigente referiu que os órgãos sociais estão receptivos a ouvir propostas que evitem a alienação e parte dos terrenos do Bonfim. “Se houver alguém que encontre uma outra solução, estamos disponíveis para as ouvir. Se essa solução não obrigar o Vitória a alienar património, seria espectacular. Apareça essa solução. Se aparecer essa solução, nós estamos disponíveis para, eventualmente, até colocar o lugar à disposição. Desde que haja uma solução, uma solução viável para o Vitória”.
A saída de cena de Markus Gloël, investidor que em Julho a direcção tinha apresentado como possível parceiro para implementar um projecto imobiliário no Bonfim, levou à entrada de um novo grupo, cuja identidade não foi ainda revelada. “O grupo não se identificou, por razões naturais, porque o projeto está ainda dependente da ratificação pelos sócios e está dependente também da homologação do PIRE. E, por sua vez, ainda está dependente, como todos sabemos, do licenciamento por parte da Câmara Municipal”, explicou o PMAG, David Mestre Leonardo.
‘Movimento’ não reconhece competência aos órgãos sociais
Em comunicado enviado a O SETUBALENSE, o ‘Movimento Vitória Sempre’, composto por um grupo de sócios de que fazem parte Cândido Casimiro e José Pita, afirma “não reconhecer aos actuais órgãos sociais o saber e competência para alienar património”, uma vez que já tinham fracassado antes com o investidor Hugo Pinto. Confrontado com a acusação David Mestre Leonardo foi peremptório. “O facto de desconhecerem os contornos que impediram a concretização do projecto anterior leva-os a pôr em causa a legitimidade. Eu, como PMAG, posso assegurar que a direcção fez tudo para conseguir concretizar aquele projecto, e é totalmente alheio aos motivos que levaram à não concretização do mesmo”.
Depois de alguns momentos de tensão e discussão mais acesa na noite de ontem na Sala do Bingo, do Estádio do Bonfim, os sócios do Vitória, depois de ouvirem novamente as explicações por parte dos órgãos sociais sobre o projecto imobiliário para os terrenos do Complexo Desportivo do Bonfim, vão deliberar sobre a alienação de bens imóveis que integram o património do clube.
Recordamos em seguida os sete pontos da ordem de trabalhos da AG de sexta-feira: Ponto 1. – Prestação de esclarecimentos sobre o actual momento do Clube; Ponto 2. – Ratificação da decisão de cooptação (artigo 38.º dos Estatutos) para preenchimento de vagas verificadas na Direcção; Ponto 3. – Discussão e Votação do relatório de gestão e contas do exercício de 2023 e os correspondentes relatório e parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar; Ponto 4. – Discussão e Votação do orçamento de receitas e despesas elaborado pela Direcção, para o ano de 2025; Ponto 5. – Apresentação e votação de duas propostas subscritas por um grupo de associados denominado “Movimento Pró Vitória” (com vista à criação (1) de uma Comissão Independente de Acompanhamento e Fiscalização da Alienação do Património e (2) da quota suplementar PRÓVITÓRIA, de carácter facultativo e com a exclusividade de pagamento das prestações do PIRE); Ponto 6. – Apresentação e discussão do projecto imobiliário para os terrenos do Complexo Desportivo do Bonfim e Ponto 7. – Deliberação sobre a alienação de bens imóveis que integram o património do Clube”.