Dores Meira diz que notícias sobre investigação são “ataques cobardes”

Dores Meira diz que notícias sobre investigação são “ataques cobardes”

Dores Meira diz que notícias sobre investigação são “ataques cobardes”

Reportagem da SIC analisa as ajudas de custo e dom da ubiquidade da antiga autarca. A ex-presidente critica “maldizer e especulação populista” da oposição

As investigações a Maria das Dores Meira, ex-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, continuam e após uma notícia do Público sobre o alegado uso indevido dos cartões de crédito da autarquia, surgiu uma reportagem da SIC que analisa as ajudas de custo e até a capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo da antiga autarca. Em resposta às várias informações que têm vindo a ser reveladas, a agora candidata independente ao município sadino assegura que a cada dia que passa a candidatura “fica cada vez mais forte” e que “os ataques cobardes” da oposição política, que recorrem “ao maldizer e à especulação populista”, apenas dão “mais força para continuar”.

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Maria das Dores Meira foi presidente da autarquia setubalense durante quinze anos, tendo ganho três maiorias absolutas enquanto candidata da CDU e até Abril de 2024 foi militante do PCP. A ex-autarca apresenta- -se agora como independente, na mesma altura em que o Ministério Público investiga as despesas da ex- -presidente, que incluem o uso de cartões de crédito do município, as ajudas de custo e até o dom da ubiquidade da antiga autarca, num processo que teve início em 2023 e está a ser investigado pela Polícia Judiciária.

Sobre a investigação da SIC, que foi transmitida esta quarta-feira, a candidata independente, numa publicação na rede social Facebook, lamenta que não tenham sido passadas as respostas na íntegra, porque “nada foi deixado por dizer”, quer fossem os “ataques sem elevação ou os comentários descontextualizados”. A autarca assegura que “quando ganhar as eleições” fará uma auditoria à Câmara Municipal de Setúbal para que “não haja nenhuma suspeita” e se “saiba quem fez o quê”.

Numa reportagem levada a cabo pela jornalista Ana Filipa Nunes, a SIC solicitou à autarquia, agora presidida por André Martins, os extractos bancários do último mandato de Maria das Dores Meira, de Janeiro de 2017 a Outubro de 2021. Foi entregue a documentação de dois cartões de crédito do município, que tinham como titular a ex-autarca, sendo que em cada cartão existia um plafond de 4.500 euros, o que corresponde a um gasto de 97.161 euros em quatro anos.

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Sobre esta peça, Dores Meira reforça que em quinze anos à frente da autarquia “nunca se levantaram dúvidas sobre os procedimentos”. “Tivemos uma câmara auditada várias vezes, com uma contabilidade feita por técnicos sérios e uma actuação íntegra dos governos do município”.

Nesse sentido a autarca questiona o porquê desta “especulação” quando lança a candidatura. “Porque são lançados documentos sem a documentação de apoio que comprova tudo o que disse à jornalista? Porque a câmara municipal deu à oposição e aos jornalistas esses documentos, mas a mim, que os pedi, não me facultou nenhum deles? Porque volta este tema depois da bem sucedida apresentação da nossa candidatura? Tudo questões que levantam ainda mais suspeitas do que as que me querem imputar”, atirou.

Viagens de trabalho com autocarro turístico e refeição de lagosta

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Numa análise às despesas, a SIC verificou que uma parte significativa está associada a múltiplas viagens pela Europa, África, Ásia e Américas, com pagamentos a companhias aéreas, hotéis e restaurantes, mas não só. Em 2017, numa viagem a Nova Iorque, onde Maria das Dores Meira participou na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, um dos cartões de crédito registou o pagamento de 147 dólares num passeio de autocarro turístico, 96 dólares numa viagem de limusine e 203 dólares numa refeição de lagosta.

As dúvidas recaem também sobre uma viagem ao Japão, ao Congresso das Mais Belas Baías do Mundo, do qual Setúbal faz parte e que Maria das Dores Meira presidia. O evento realizou-se durante quatro dias, de 16 a 19 de Outubro de 2019, no entanto, seis elementos da autarquia acompanharam a presidente durante 15 dias, de 7 a 22 de Outubro, por várias cidades japonesas.

Um dos temas levantados foi o dom da ubiquidade da antiga autarca, que segundo os itinerários apresentados, esteve em Moçambique e Valência ao mesmo tempo. Sobre esta questão, a autarca confessa que pode não ter estado em Moçambique nessa altura.

Outra das questões investigadas foram as ajudas de custo quando Dores Meira ia para o estrangeiro. De acordo com documentos da autarquia, entre 2015 e 2020, estas ajudas ultrapassaram os 17 mil euros, e a somar estão ainda múltiplos levantamentos de dinheiro com os cartões de crédito do município, levantamentos confirmados pela ex-presidente.

Nesta reportagem da SIC, através dos boletins itinerários, verificou-se ainda que a ex-autarca recebeu pernoitas, refeições e quilómetros quando se deslocava em carro próprio, sendo que terá realizado milhares de quilómetros ao longo dos anos, mesmo tendo dois motoristas e um carro da autarquia à disposição.

André Martins, enquanto presidente da Câmara, não usa cartão de crédito do município

André Martins, em resposta à SIC, garantiu que, no presente mandato, o cartão de crédito é utilizado exclusivamente para pagamentos de serviços online e que, enquanto presidente, nunca usou o cartão de crédito do município, algo que já havia confirmado a O SETUBALENSE numa entrevista recente. A autarquia acrescentou também que, em reunião pública de Agosto de 2022, foi aprovada uma norma de controlo interno.

Sobre a resposta do edil sadino, Maria Dores Meira realçou “de que é feita a coragem política” de quem “se escondeu atrás de uma segunda linha do seu partido, e de quem enviou o texto escrito pelo seu assessor”. A candidata à autarquia garante que são formas de estar na política “muito distintas” da sua. “Eu dou a cara porque a política tem de ser honesta, transparente e ética”, sublinhou.

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