Almada, Seixal e Barreiro querem reunião urgente com o primeiro-ministro para que explique futuro Parque Humberto Delgado
Os presidentes das câmaras municipais de Almada, Seixal e Barreiro vão solicitar uma reunião urgente com o primeiro-ministro para que este esclareça as intenções do Governo AD quanto à criação do Parque Humberto Delgado para o Arco Ribeirinho Sul.
Os três autarcas concertaram na manhã da passada segunda-feira, telefonicamente, avançarem com este pedido de reunião, o qual deverá ter chegado ao gabinete de Luís Montenegro entre ontem, ou ainda até sexta-feira.
“Todos fomos surpreendidos com o anúncio do senhor primeiro-ministro, [no domingo] no Congresso do PSD, relativamente aquilo que são os projectos para o Arco Ribeirinho Sul, e o que foi expressamente mencionado com a criação do Parque Humberto Delgado”, disse a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, na reunião de câmara na tarde de 21 de Outubro.
Sessão de câmara em que deu a saber aos eleitos na Câmara de Almada que já tinha concertado com o presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, e com o presidente da Câmara do Barreiro, Frederico Rosa, fazerem o pedido de reunião com Luís Montenegro, uma vez que nenhum deles tinha conhecimento do anunciado projecto de reabilitação da Área Metropolitana de Lisboa (AML). “Não sabemos do que se trata”, reafirmou Inês de Medeiros”
No encerramento do 42.º Congresso do PSD, no domingo em Braga, Luís Montenegro deu a saber que o Governo iria avançar com sete medidas para o País, uma delas foi o Parque Humberto Delgado para o Arco Ribeirinho Sul, integrado num plano, desenvolvido em três polos para, “de forma concertada, erguer uma grande polis com duas margens”.
A O Setubalense, os três autarcas, de Almada, Seixal e Barreiro, já tinham dado a saber que não foram auscultados sobre este projecto, – nem sobre a criação da Sociedade de Gestão Reabilitação e Promoção Urbana -, a que o Governo quer dar o nome de Parque Humberto Delgado, e que “será o instrumento para pensar, projectar e ordenar o Arco Ribeirinho Sul”, também anunciado por Luís Montenegro no congresso.
Com uma expressão de alguma indignação, Inês de Medeiros afirmou na mesma reunião de câmara que a posição conjunta dos autarcas dos três municípios nada tem contra a existência de um “planeamento estratégico ao nível da Área Metropolitana de Lisboa, mas é preciso não esquecer que houve, e há, decisões tomadas há cerca de um ano que são fundamentais para o desenvolvimento do Arco Ribeirinho Sul”. A autarca estaria a referir-se ao projecto de requalificação urbana apresentado pelo ex-primeiro-ministro António Costa em Março de 2023, durante a iniciativa “Governo Mais Próximo”, no Distrito de Setúbal.
Trava-se de um projecto que nasceu para revitalizar e requalificar as zonas ribeirinhas entre os concelhos de Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, que pretende “devolver a este território um ambiente seguro, sustentável e atractivo para quem visita a região e para quem nela habita e cresce”. Um projecto que referencia o Tejo, como “um rio em forma de um mar de oportunidades ainda por explorar”, disse António Costa na tarde de 29 de Março de 2023, em visita ao Parque Empresarial do Barreiro.
No caso particular de Almada, Inês de Medeiros quer que Luís Montenegro explique em que pé fica o desenvolvimento da área dos antigos estaleiros da Lisnave, na zona da Margueira, para onde está previsto o megaprojecto Cidade da Água, que inclui 38 quilómetros de área pedonal e ciclável, que vão ligar Almada a Alcochete.
Uma das preocupações da presidente da Câmara de Almada é saber se a agora anunciada Sociedade de Gestão Reabilitação e Promoção Urbana irá conflituar com a já existente Sociedade do Arco Ribeirinho. “Já existem compromissos como estudos para a despoluição dos solos [Ex-estaleiros da Lisnave, em Almada, e Siderurgia Nacional no Seixal]. A nossa grande preocupação é que volte tudo atrás, que se volte a pensar em empresas que vão planear. Faz 25 anos em que a Câmara de Almada não pode avançar porque aqueles terrenos não lhe pertencem. Precisamos de resposta urgente”, disse.
Assembleia Geral da Costa Pólis continua por marcar
Outra questão que a presidente da Câmara de Almada quer colocar ao primeiro-ministro, é sobre o andamento do processo Costa Pólis. Dois anos e meio passaram, e depois do protesto dos concessionários na frente atlântica da Costa da Caparica este Verão sobre o processo de candidaturas das concessões, “por incrível que pareça continuamos sem agendamento para a Assembleia Geral Costa Pólis, para que nos seja permitido lançar os concursos dos concessionários na Costa da Caparica”, disse a autarca.
Lembra Inês de Medeiros que a Câmara de Almada apenas é sócia minoritária da Costa Pólis, pelo que está de mãos-atadas quanto a tomar decisões. “O Estado tem de responder ao pedido que foi formulado ainda no anterior governo, e já foi relembrado ao actual Governo. É urgente, passou mais um período de Verão e todos nos lembramos da inquietação dos concessionários, e eles têm razão”, afirma,