“Não conheço nenhum outro clube no mundo que, estando na 2.ª distrital, tenha esta moldura humana”, disse o técnico sobre os 1.812 adeptos que estiveram domingo no Bonfim.
Que análise faz ao jogo em que o Vitória se estreou no campeonato no seu estádio e alcançou um triunfo tangencial (1-0) sobre o Paio Pires?
Em primeiro de tudo, quero dizer que o jogo valeu pelo resultado. Todos temos a noção que temos de fazer muito mais para representar o Vitória. Já referi que no Vitória não chega ganhar, temos que jogar bem. Na primeira parte fomos aquilo que queremos ser como equipa: jogámos pelos corredores e colocámos muitas bolas em zona de finalização. Na segunda parte, não tivemos a capacidade física que queríamos. Ainda não estamos como queremos porque começámos um pouco mais tarde. Além disso, depois do intervalo tivemos poucas ideias.
Sentiram mais dificuldades do que esperavam?
Hoje em dia também se trabalha bem noutros clubes. Temos de dar mérito à equipa adversária que esteve bem no seu processo defensivo e nas transições. Procuraram aproveitar os momentos em que não estávamos bem posicionados e tiveram dois lances, um em cada parte, durante o jogo todo. Parabéns ao Paio Pires pela maneira como jogou. No entanto, acho que o resultado é inteiramente justo. Tivemos muito mais posse de bola e estivemos muito acima daquilo que fez o adversário.
Considera que os seus jogadores acusaram alguma pressão por jogarem num estádio com dois mil adeptos?
Penso que não. Se isso tivesse acontecido ter-se-ia notado logo na primeira parte em que nos exibimos num bom nível. É notório que a equipa às vezes quer fazer coisas, mas ainda não consegue. Todos temos a noção que o Estádio do Bonfim é um estádio que desgasta muito os jogadores em termos físicos por ter relva natural e ser muito grande. Tivemos muitas oportunidades na primeira parte, acabámos por falhar um penálti no segundo tempo. É algo que acontece e tenho a certeza que o Catarino ainda vai dar muitas alegrias.
A equipa começou mais tarde a trabalhar. Em termos físicos, quando pensa que poderá estar a um nível mais próximo do que pretende?
Não podemos dar uma carga muito grande para que o jogador, que praticamente não teve pré-época, chegue nas melhores condições ao jogo no domingo. Temos feito as coisas gradualmente. O dia de jogo acaba por ser o dia em que os atletas vão começar a adquirir capacidade física. Sabíamos desde o princípio que não ia ser fácil. Há equipas que já estão em competição graças à Taça da AF Setúbal e que começaram com quase um mês de antecedência. Sabemos que em termos físicos ainda temos algum caminho para percorrer, mas esperamos brevemente estar a um nível mais alto.
Na jornada de estreia, na casa do Samouquense, estiveram muitos vitorianos com a equipa. Agora, no Bonfim, aconteceu o mesmo. Como é para si ver esta paixão dos adeptos na 2.ª divisão distrital?
Continuo a dizer que a maior força do Vitória são os adeptos e por eles faremos sempre tudo. Não conheço nenhum outro clube no mundo, em que um clube está numa 2.ª distrital e tem esta moldura humana (1.812 espectadores) a assistir e as pessoas sempre a gritar, sempre a puxar pela equipa e a aplaudir. Os adeptos não podem ter dúvidas nenhumas de que somos nós que lutamos por eles durante a semana e que tudo faremos para ganhar sempre. Pode correr mal, pode correr bem, mas fazemos tudo para que eles vão para casa satisfeitos. Todos nós – jogadores, equipa técnica e estrutura, temos a noção da dor que sentem por estar neste patamar. A única coisa que nós podemos fazer é chegar ao fim de semana, ganhar e jogar bem. Desta vez ganhámos e não jogámos tão bem, mas estamos no lote dos primeiros classificados.
No final do campeonato, a meta é o 1.º posto e a subida de divisão…
Se não fosse assim não valia a pena cá estarmos. Onde o Vitória entra tem de ser sempre para ganhar. Pode perder, mas temos que dar muito mais do que aquilo que demos na segunda parte deste jogo com o Paio Pires. Os sócios não tenham dúvidas de que nós faremos tudo para continuar em 1.º. Os adeptos querem ganhar, querem jogar bem, mas os jogadores também o querem, ninguém mais quer com os jogadores.
Vitória diz que clube “aguarda que a justiça seja feita”
O Vitória FC referiu ontem que “aguarda que justiça seja feita” no processo judicial em que a SAD do clube está acusada, bem como a Benfica SAD, por crimes de corrupção e fraude no caso dos emails.. O emblema sadino sublinha que o processo remonta a 2017, altura em que a Vitória SAD, que está em processo de insolvência, competia na I Liga. “O Vitória Futebol Clube não é parte integrante deste processo e, por conseguinte, não tem qualquer intervenção na sua condução. A nossa posição neste momento é a de aguardar que a justiça seja feita”, referiu o clube em comunicado publicado na sua página oficial.
Na mesma nota, assinada pela direcção presidida por Carlos Silva, que ocupa o cargo desde dezembro de 2020, é lembrado que as acusações recaem sobre a SAD vitoriana e os dirigentes que estavam em funções há sete anos. “Entendemos a relevância deste assunto para a comunidade desportiva e para os nossos adeptos. No entanto, é fundamental salientar que este processo remonta a 2017 e que as acusações recaem exclusivamente sobre a Vitória SAD e respetivos directores”.
A finalizar o comunicado, o Vitória reitera o seu “compromisso com a ética, a transparência e o cumprimento das regras”. Recorde-se que a acusação do Ministério Público, conhecida na terça-feira, diz respeito ao designado caso dos emails e implica a SAD do Benfica em vários crimes, entre os quais corrupção activa e fraude fiscal.