Depois do 2-0 alcançado no fim-de-semana na casa do Samouquense, a equipa principal do Vitória faz domingo, pelas 15:30 horas, a sua estreia em jogos na presente temporada no Estádio do Bonfim. Frente ao Paio Pires, emblema do concelho do Seixal, a equipa comandada por Paulo Martins está determinada a somar mais três pontos para se manter entre os líderes da 2.ª divisão distrital da Associação de Futebol de Setúbal.
Depois de cerca de 1500 adeptos setubalenses se terem deslocado ao Samouco para assistirem à ronda de estreia, a expectativa em torno da forma como o público vai aderir ao embate da 2.ª jornada é grande. Os responsáveis do clube estão convictos que, mais uma vez, os vitorianos estarão em bom número ao lado da equipa. Os ingressos terão um custo de 2,5 euros para sócios com quotas em dia e cinco para não sócios.
No Bonfim, acredita-se que o amor que faz os vitorianos não voltarem as costas ao clube é o mesmo que levou alguns jogadores do actual plantel a não abandonar o barco depois da hecatombe de há quatro meses quando o Vitória foi, numa decisão administrativa, relegado à 2.ª divisão distrital quando, dentro das quatro linhas, tinha alcançado a subida do Campeonato de Portugal à Liga 3.
Os casos do defesa Diogo Martins e do avançado Catarino, dupla que há quatro meses envergou a camisola do Vitória na final do Campeonato de Portugal, no Estádio Nacional, são os exemplos mais flagrantes da forte ligação afectiva que têm ao emblema e os levou a permanecer no plantel, apesar de ambos terem tido propostas de clubes de escalões superiores.
O treinador Paulo Martins admite que ambos os jogadores desempenham um papel importante no seio do grupo de trabalho. “O Diogo Martins é um atleta que começou a jogar no Vitória ainda em criança. Fez toda a sua formação no clube e é um jogador que está habituado a estes momentos mais frágeis do clube. Como em ocasiões anteriores, sempre disse presente”.
Ainda sobre o lateral-direito, de 23 anos, o timoneiro dos sadinos destaca a evolução que teve. “É um jogador que cresceu bastante na época passada”, disse sobre o capitão de equipa que, tal como Catarino, transmite a quem chega ao clube uma mensagem clara sobre o que representa envergar uma camisola centenária. “Diogo Martins e Catarino são importantes porque ajudam novos jogadores a sentirem o que é o Vitória”.
Com menos tempo como atleta do clube, mas com um sentimento muito forte de pertença está Catarino, avançado, de 24 anos, que, tal como já explicou publicamente, abdicou de propostas mais vantajosas para ajudar o seu Vitória a reerguer-se na fase mais difícil da sua história. “O Catarino é um jogador que vive muito o Vitória pela questão familiar. O pai (Paulo Catarino) jogou aqui também. No balneário, é reconhecido como um grande vitoriano”, vincou o treinador.
Questionado sobre se a mescla existente no plantel entre jogadores experientes e mais jovens será útil à equipa, Paulo Martins é peremptório na resposta. “Em muitos clubes existem jogadores mais experientes, outros que vêm da formação e outros que até vêm de outros continentes que trazem às equipas novas mentalidades”, começou por dizer o técnico de 47 anos.
Para aquele que foi adjunto de José Pedro na época passada, há aspectos que devem ser valorizados quando os mais novos e mais velhos trabalham juntos. “É muito importante termos jogadores que queiram aprender com os mais velhos e que os mais velhos tenham a humildade de ter paciência para partilhar conhecimento. Quando isso acontece estamos mais perto de fazer um bom grupo. Todos sabem qual é a importância de cada um dentro do balneário e dentro de campo”.
O Setubalense perguntou a Paulo Martins qual a melhor memória que tem relacionada com o clube. “A resposta é fácil: a final da Taça de Portugal (2005) com o Benfica, que ganhámos 2-1”, disse, lembrando épocas mais antigas. “Quando era mais pequenino, vinha com o meu pai à bola no tempo de Yekini e, antes ainda, do Hernâni e Roçadas. Roger Spray era o preparador físico e a equipa entrava em campo com o rosto pintado”.
Outro momento gravado na sua memória, desta vez já como elemento da equipa técnica, foi a final do Jamor há quatro meses, quando a equipa defrontou o Amarante (derrota por 3-0). “Como treinador adjunto, a final do Campeonato de Portugal em Junho foi marcante. Sair do túnel do Estádio Nacional e ver aquela moldura humana de verde e branca foi arrepiante”, confidenciou.
Instado a revelar os nomes dos treinadores que o inspiram, Paulo Martins é categórico na resposta. “As minhas referências como treinador são Ancelotti, treinador do Real Madrid, e José Mourinho, porque continua a ser um dos grandes treinadores mundiais e não pode ficar esquecido por tudo aquilo que fez. Guardiola e Klopp também são referências para mim. Todos estes nomes são numa dimensão muito alta, mas sei perfeitamente que existem também grandes treinadores em escalões mais de base”.