O União Futebol Clube Moitense, um dos clubes mais emblemáticos da região que este ano completou 100 anos de existência, foi um dos primeiros a garantir o apuramento para a fase das eliminatórias da Taça AF Setúbal deixando boas indicações para o campeonato que começa já no próximo domingo.
Para ficarmos um pouco por dentro da actual realidade do clube e dos seus objectivos a curto prazo, o SETUBALENSE falou com o director desportivo, Edgar Bernardo.
O Moitense garantiu a passagem à fase das eliminatórias da taça associativa que foi a primeira competição da temporada. Que análise faz ao comportamento da equipa?
Só pode ser positiva. O futebol distrital hoje tem outra dimensão, os jogos fáceis acabaram, admito que existam jogos menos difíceis que outros, dependendo de alguns fatores. A nossa equipa ganhou 3 dos 4 jogos que disputou por isso, como já disse, a análise só pode ser positiva.
Agora vem por aí o campeonato. Quais são os objetivos do Moitense para esta nova temporada?
Fazer um campeonato tranquilo em harmonia com todos os agentes desportivos. A cada domingo queremos contar com a presença dos sócios, adeptos, direção e atletas de todos os escalões, é com eles que queremos estar no melhor e também nas alturas em que precisamos mais do seu apoio.
Considera importante a existência do cargo de director desportivo, sobretudo nos distritais?
Se queremos evoluir para outros patamares e deixar de ser o parente pobre dos campeonatos de futebol devemos acabar com esse estigma. Nos campeonatos distritais temos bons dirigentes, bons treinadores, bons jogadores, o nosso campeonato tem mais qualidade e é cada vez mais competitivo, por isso precisa de alguém que esteja focado na equipa. Ser diretor desportivo de uma equipa grande é seguramente difícil pela exposição mediática, ser diretor de equipa, ou clube, de menor dimensão tem outros problemas que passam por fazer a gestão dos meios humanos e financeiros, que por vezes nos retiram a capacidade de decisão. Não é possível exigir mais a colaboradores cuja remuneração não é substancial. A realidade do diretor desportivo distrital consiste em gerir e combater as adversidades, diariamente.
Todos os anos há a entrada e saída de jogadores. O plantel que conseguiu reunir está de acordo com aquilo que era desejado?
Ainda bem que fala nisso. Aproveito para mandar um forte abraço a todos os jogadores que representaram o Moitense e que já não estão connosco, todos merecem o nosso agradecimento pelo seu contributo e dedicação, não nos podemos esquecer que em 2021 representaram com seriedade o clube na Taça de Portugal, frente ao SC Braga. Eu ainda não desempenhava estas funções, mas acho que deve haver esse reconhecimento. Na altura, toda a gente se uniu em redor da equipa. Recordo que até a equipa de veteranos à qual pertenço, teve uma participação indireta nesse grande evento e na dignidade com que a equipa se apresentou. Em relação ao plantel que reuni, em conjunto com a equipa técnica e o presidente, é o que consideramos ser o melhor porque nos dá garantias de trabalho e compromisso. É com este plantel que nos comprometemos com as nossas responsabilidades e obrigações enquanto clube, até ao final da época.
Os clubes procuram sempre o melhor mas isso nem sempre é possível devido às dificuldades que surgem. No Moitense existem apoios para que nada falte à equipa ao longo da época?
O Intermarché da Moita está mais uma vez connosco no apoio à equipa sénior, é uma parceria antiga que tem dado bons resultados, daí a manutenção da mesma. Na realidade é quase sempre por falta de apoios que clubes como o Moitense não evoluem para um outro patamar, tanto desportivo como organizacional. Se é verdade que o nosso clube pode ter um modelo de gestão mais amplo no que aos pedidos de apoio diz respeito, também não é menos verdade que o clube, cuja dimensão é a maior do concelho, tem mais de 300 atletas oriundos de todas as freguesias e não só, atletas que não utilizam só as instalações do clube, representam o UFC Moitense, e não um outro nome, isso deve ser levado a sério. Há três semanas foi inaugurada a nova iluminação no estádio do Juncal e as condições vão melhorando, com mais ou menos dificuldades. O clube presta um serviço essencial à comunidade e parece-me que essa consciência já existe. Faço votos para que no futuro os órgãos sociais do clube, o município – que parece estar cada vez mais recetivo, e outros apoios, nomeadamente empresariais, estabeleçam uma relação honesta de trabalho para que, com o tempo necessário, possam discutir ideias e, em consequência disso, apoiarem mais o clube. O crescimento do clube tem que ser acompanhado por todos, a ajuda é essencial.
O Moitense já andou pelos campeonatos nacionais, de momento não existe essa ambição?
Um clube sem ambição é um clube sem objetivos, mas é conveniente dizer que temos os pés assentes na terra. Se me está a perguntar se somos candidatos a alguma coisa, devo dizer-lhe que somos candidatos a manter, para já, uma relação saudável com todos os agentes desportivos do distrito. Isso foi assumido por nós na última reunião da AF Setúbal para que no final da época, todos possamos sair mais fortalecidos. Esta é a nossa responsabilidade, outros – pelo investimento que fizeram, terão a responsabilidade de se assumirem como candidatos.