Autor foi um dos líderes do Movimento dos Capitães. Obra inclui momentos “históricos e de glória”
Duran Clemente escolheu o Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Setúbal para lançar, no próximo dia 5 de Outubro, o livro “Crónicas de um Insubmisso”, numa sessão com apresentação do escritor Domingos Lobo, em que participa o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins.
Esta obra retracta as suas memórias pessoais em torno do 25 de Abril, sendo o resultado de uma compilação de fragmentos das memórias do autor, que foi um dos membros do Movimento dos Capitães. O livro inclui cinco capítulos, num dos quais descreve o momento histórico do dia 25 de Abril de 1974, quando estava na Guiné, mobilizado em Julho de 1973.
O livro inclui “Caminhos de Abril”, onde lembra “momentos de glória”, como a presença na vigília da Capela do Rato, na viragem do ano de 1972 para 1973, e a participação no II Congresso da Oposição Democrática, reunido em Aveiro em Abril de 1973, e “Da Revolução à Contrarrevolução”, onde esclarece o que se passou no 25 de Novembro e os incómodos causados pela então 5.ª Divisão.
Em nota de Imprensa, a Câmara Municipal de Setúbal explica que Duran Clemente, autor de vários livros, como “Elementos para a Compreensão do 25 de Novembro”, lançado em Portugal em Janeiro de 1976, e de diversas obras colectivas, descreve também neste novo trabalho “episódios da infância e da juventude” passadas em Penamacor.
“Este livro reflecte a diversidade dos actores da revolução portuguesa e confirma a experiência de outros processos políticos que levaram a concluir que uma revolução é como Saturno e devora os seus filhos, ou à conclusão de Rosa de Luxemburgo de que as revoluções não têm ensaio geral”, assinala o prefácio, do coronel Carlos de Matos Gomes.
Com 245 páginas, este livro da editora Modocromia, possuiu um conjunto de anexos documentais, como artigos escritos para a comunicação social entre 1975 e 2021.
Nascido em Almada, Manuel Duran Clemente foi um dos capitães da génese clandestina do MFA na Guiné, eleito para a 1.ª Comissão do Movimento de Capitães, em 1973, assumindo-se como um dos líderes do Movimento dos Capitães, na Revolução de 25 de Abril de 1974, com a participação na organização da defesa da sede do Governo, em Lisboa, onde enfrentou as tropas leais ao regime.
O autor foi também autarca na Câmara Municipal de Lisboa e assessor na Câmara do Seixal, onde administrou diversas empresas municipais desse concelho. Já nos últimos anos, Duran Clemente tem sido homenageado e condecorado por diversas entidades pelo papel na Revolução de Abril e pela luta em defesa dos trabalhadores e do povo, sendo que em 2021, foi um dos 26 militares do 25 de Abril que o Presidente da República condecorou com a Ordem da Liberdade, Grau de Grande-Oficial.