O ex-vereador do PS refuta a crítica de que não sabe trabalhar em equipa, apontada pelo líder da concelhia de Santiago do Cacém. Elenca vários pontos da sua actuação e, ao mesmo tempo, lança um conjunto de questões ao responsável local pelo partido
“Nunca fui acusado, nem na minha vida profissional de cerca de 40 anos em diversas instituições públicas, de não conseguir trabalhar em equipa”. A frase é de Artur Ceia, ex-vereador do PS na Câmara Municipal de Santiago do Cacém, e dá resposta à crítica que lhe foi lançada por Rodrigo Charrua, presidente da concelhia socialista.
“A afirmação de ‘não conseguir trabalhar em equipa’ extravasa a normal e salutar diferença política. Remete para traços de personalidade que teriam tido consequências no projecto político do partido no concelho”, considera Artur Ceia, numa nota enviada a O SETUBALENSE.
Em resposta às declarações do líder da estrutura local do PS, Artur Ceia elenca vários pontos da sua actuação. “Entre 2022 e 2023, participei em várias reuniões com a concelhia do PS de articulação e preparação política; em finais de 2022 e a pedido do presidente da concelhia, participei com ele na reunião de direito de oposição para o Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2023; mesmo após Abril de 2023, momento em que declarei por e-mail que já não mantinha confiança política no presidente da concelhia, continuei a manter contactos e reuniões com eleitos às freguesias e à Assembleia Municipal, sobre a actividade política autárquica; nunca faltei a nenhuma reunião do executivo camarário ou da Assembleia Municipal e assisti a várias reuniões de assembleia de freguesia”, aponta.
O ex-vereador confirma ainda que não participou “em almoços ou jantares organizados pela concelhia do partido” e que se recusou a acabar com a sua página de vereador no Facebook, na qual, até à data da renúncia, “transmitia a actividade autárquica dos eleitos à Câmara Municipal”.
Artur Ceia deixa ainda um conjunto de questões, implicitamente dirigidas a Rodrigo Charrua, no seguimento da crítica de não conseguir trabalhar em equipa, que lhe foi feita pelo responsável local do partido.
“Quem é que organizou uma visita de militantes ao Parlamento Europeu sem que qualquer contacto prévio tivesse sido feito com os eleitos à Câmara? Onde estão as orientações devidas aos eleitos à Câmara sobre o processo de desagregação de freguesias, sabendo-se que esse processo, além de correr pela Assembleia Municipal, teria, igualmente, que ser deliberado em reunião do executivo camarário? Quem é que, devidamente notificado pela Câmara, não compareceu, em Setembro de 2023, à reunião de direito de oposição, tendo enviado ‘contributos’ que chegaram fora do prazo acordado com os serviços camarários? Quem é que, nessa mesma ocasião, afirmou que o 1.º eleito à Câmara não podia comparecer a essa reunião, sabendo que o mesmo (eu) nunca tinha sido contactado para o efeito pelo presidente da Concelhia? Quem é que, em Maio de 2024, não compareceu a uma reunião de trabalho conjunta, sob a égide da Federação de Setúbal do PS?”, interroga.
E, a terminar, critica a actuação do líder da concelhia. “A quantas reuniões ordinárias do executivo camarário assistiu o senhor presidente da concelhia, ou seus representantes, durante estes dois anos de mandato? Eu respondo: a nenhuma!”
“Após renunciar ao mandato como vereador, decidi encerrar um capítulo na minha vida a que não desejo voltar. Hoje sou um mero militante do partido, mas enquanto tal e desde há muitos anos a esta parte participei, mais ou menos anonimamente, na vida do concelho, quer na preparação de anteriores eleições autárquicas (2013) quer nas eleições para a Junta de Freguesia de Santo André, em 2017, onde fui eleito. Nunca, aí, fui acusado, nem na minha vida profissional de cerca de 40 anos em diversas instituições públicas, de não conseguir trabalhar em equipa. E, certamente, também não será desta vez”, conclui.