Américo Aguiar pede “gesto de partilha” para todas as vítimas da guerra, “independentemente do lado da barricada”
Foi lançada pelo Bispo de Setúbal uma campanha de recolha de fundos de emergência para as populações que vivem na Terra Santa, associando-se à iniciativa do patriarca latino de Jerusalém. Américo Aguiar pediu um “gesto de partilha” para todas as vítimas da guerra, “independentemente do lado da barricada”.
“Queremos a paz de todos para todos”, acrescentou o líder da Diocese de Setúbal. A Diocese de Setúbal criou uma conta destinada à campanha de apoio à Terra Santa, com o IBAN PT50 00350 77400698530930 22, onde os donativos recolhidos serão destinados “exclusivamente” às vítimas da guerra.
Em nota de Imprensa, a Diocese de Setúbal explica que enviou 35 mil euros para o Patriarcado Latino de Jerusalém, fruto da sua renúncia quaresmal deste ano. Numa mensagem do cardeal Pierbattista Pizzaballa, partilhada pela diocese, o patriarca latino de Jerusalém refere as ajudas de “muitas pessoas, instituições e igrejas” que estão a chegar à Terra Santa e pede também o apoio de Portugal. O cardeal Pierbattista Pizzaballa afirma que sem os apoios que recebem não poderiam “apoiar todos estes projectos necessários para a população de Gaza”.
“Estou certo de que a Igreja de Portugal será também uma parte importante desta rede de solidariedade. Asseguro-vos as nossas orações por vós e a nossa sincera gratidão a todos aqueles que continuam a ajudar através de obras de caridade e de oração”, adiantou o cardeal.
Situação vivida é “catastrófica”
O patriarca latino de Jerusalém refere que a situação que se vive na Terra Santa é “catastrófica”. Pierbattista Pizzaballa tem ao seu encargo os cristãos da Terra Santa, com quem o bispo de Setúbal tem estado em contacto.
“As imagens que se vêem nos meios de comunicação social não mostram a situação catastrófica em que vive a população, com todas as infra-estruturas destruídas, sem escolas, quase sem hospitais e com enormes dificuldades em obter alimentos suficientes para todos. A vida das pessoas será afectada durante muito tempo, tanto do ponto de vista emocional como económico”, realçou Pierbattista Pizzaballa.
Começaram a ser distribuídos alimentos na cidade de Gaza pelo Patriarcado Latino de Jerusalém, que está também a entregar pacotes que alimentam “entre 5.000 e 10.000 pessoas por mês”. Já em parceria com a Ordem de Malta, estão a ser “enviadas e instaladas clínicas e farmácias de primeiros socorros”, e estão também a planear uma nova escola provisória para as crianças. “Iremos concentrar-nos naquilo que é urgentemente necessário em Gaza neste momento: alimentos, cuidados médicos e instalações educativas”, explicou.
Refeições distribuídas diminuíram para metade
Recorde-se que os militantes liderados pelo movimento palestino Hamas sequestraram cerca de 250 pessoas no ataque ao território israelita, no passado dia 7 de Outubro de 2023, no qual foram mortas cerca de 1200 pessoas, a maioria civis.
Foi após este ataque que Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na sua maioria civis, segundo o ministério da Saúde do enclave, governado pelo Hamas.
Segundo a informação partilhada pelo escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, foram distribuídas 700 mil refeições em cada dia na Faixa de Gaza no mês de Julho, sendo que em Agosto o número diminuiu cerca de 50% por causa do intensificar do conflito, algo que obrigou à suspensão do trabalho em pelo menos 70 cozinhas de um total de 200, em todo o enclave.