Depois de dar um novo élan à produção de maçã, a Câmara de Sesimbra aposta agora na produção de vinho. As garrafas são abertas este ano
A segunda vindima nos oito mil metros quadrados de vinha da Câmara Municipal de Sesimbra deverá começar ainda esta semana. Uma produção dinamizada e acarinhada pela autarquia em parceria com a Associação de Viticultores do Concelho de Palmela. Entretanto, o primeiro vinho marca Cezimbra 2023, da Vinha de Sampaio, pode ser bebido ainda este ano.
“Temos castas Fernão Pires, Arinto e Moscatel Graúdo para o vinho branco e para o tinto a casta é a Castelão”, diz o vereador José Polido, que entre os seus pelouros tem a área das Pescas e Ruralidade. No total, são cerca de 2 600 cepas que deram para engarrafar 1 700 garrafas de tinto e 1 400 de branco, isto na primeira vindima feita em Setembro e Outubro de 2023, onde foram colhidos cerca de dois mil quilos de uvas Castelão e 1 500 quilos de uvas Fernão Pires, Moscatel Graúdo e Arinto.
Quando colocado à venda, o Cezimbra vai estar no Posto de Turismo de Sesimbra, e também à mesa nos eventos promovidos pela Câmara Municipal, além de ser oferecido a entidades que visitem o concelho.
Depois de ter passado por um demorado processo de critérios até se chegar à concepção do rótulo, neste momento já foram aplicados, faltando apenas as caixas para embalagem das garrafas. “Até ao final do ano já teremos garrafas prontas a serem abertas”, considera o vereador.
Além destas castas, nos oito mil metros quadrados da Vinha Sampaio, são produzidas também mais de 200 cepas da casta Uva Santa Isabel, certificada em 2020. Esta é uma uva de mesa “muito apreciada” que é vendida nos mercados de proximidade e que rapidamente esgota por existirem poucas videiras. Mesmo assim, o ano passado foram colhidos 200 quilos de Uva Santa Isabel.
O azeite é o próximo produto a ser promovido
Depois da produção do vinho Cezimbra, e mais uma vez no sentido de afirmar a ruralidade do concelho, a Câmara Municipal está a ponderar para o próximo ano começar a produção de azeite no Parque da Ruralidade de Sampaio. Neste momento estão apuradas cerca de uma centena de oliveiras, adianta o vereador, sendo a azeitona das mesmas transformada em azeite, possivelmente num antigo lagar a ser recuperado pela câmara e que irá funcionar como museu vivo.
O objectivo deste projecto é valorizar e promover a oliveira, e contribuir para o aumento do número de produtores de azeite, produto essencial na alimentação mediterrânica.
Mostra da Maçã Camoesa em Outubro
Já consolidado está o projecto de produção da Maçã Camoesa ou Férrea Azoia, produto considerado como o mais icónico da ruralidade de Sesimbra. Apanhada em Setembro ainda verde, esta maça era colocada em cima dos armários para perfumar as casas, ficando a amadurecer até ao Natal. Por este motivo, havia quem a conhecesse como Maçãs de Inverno.
Com uma coloração manchada de vermelho no lado de maior incidência do sol, sobre um fundo amarelo, a Maçã Camoesa distingue-se pelo sabor característico, ácida, de cor branca e consistência muito firme.
Segundo o professor Agostinho de Carvalho, da Universidade Egas Moniz, no Monte de Caparica, que comparou a Maçã Camoesa com as maçãs Starking, Fuji e Golden, os níveis de antioxidantes e polifenóis da Férrea Azoia são muito superiores aos das restantes, além disso, apresenta características anticancerígenas.
Apesar destas qualidades, a produção da Camoesa decaiu. “Há cerca de 15 anos, esta maçã tinha apenas um produtor”, lembra José Polido.
“Entendi que a Câmara de Sesimbra tinha de valorizar os produtos locais e, junto dos nossos poucos agricultores porque não temos zona extensiva para a agricultura, tentámos incentivá-los para produzirem maçã. Foi feito um levantamento das nossas variedades, não só a Maçã Camoesa, com a Associação Colher para Semear”, conta o vereador.
Em 2013, a autarquia realizou a 1ª Mostra de Maçã Camoesa que, além de ter juntado vários produtores, apresentou doçaria à base deste fruto. Agora, em 2024, a XII edição realiza-se a 12 e 13 de Outubro com oito stands de produtores. “As edições têm sido um sucesso, toda a maçã colocada na mostra é vendida”, afirma José Polido, que acrescenta: “Neste momento temos alguns milhares de árvores plantadas, já conseguimos apanhar algumas toneladas desta maçã e vamos manter a identidade rural na Freguesia do Castelo”.
Na Moagem de Sampaio, onde vai decorrer a Mostra da Maçã Camoesa, além dos produtores deste fruto de Sesimbra, vão estar ainda três apicultores convidados a mostrarem o mel que produzem, e também produtos locais como doçaria, queijo de Azoia e pão cozido no forno de lenha, tudo isto com muita animação em torno da mostra.
Novidade deste ano vai ser a iniciativa Maçã de Peso em que os oito agricultores presentes na mostra são desafiados a apresentarem a maior maçã que produziram e, como não podia deixar de ser, a maior é premiada.