Zero reforça posição contra construção de polo turístico na Praia dos Moinhos

Zero reforça posição contra construção de polo turístico na Praia dos Moinhos

Zero reforça posição contra construção de polo turístico na Praia dos Moinhos

Projecto visa aproveitar as antigas secas do bacalhau pertencentes originariamente à Sociedade Nacional de Armadores de Bacalhau em Alcochete

A associação ambientalista Zero reforçou, na passada quarta-feira, a sua discordância quanto à possível construção de um polo turístico na Praia dos Moinhos, em Alcochete, considerando que terá impactos irreversíveis numa zona sensível para a conservação da natureza.

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“Em linhas gerais mantém-se tudo o que já dissemos num parecer anterior, em Outubro de 2023, quando o projecto foi submetido a consulta pública. Agora reformularam, mas mantemos as mesmas preocupações”, disse à agência Lusa João Paulo Martins da Zero.

No início de Agosto, o promotor, a Riberalves Imobiliária, Lda, apresentou à autoridade de Avaliação de Impacto Ambiental a alteração do projecto enquadrado pelo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do Conjunto Turístico da Praia dos Moinhos em Alcochete.

O projecto, que esteve em consulta pública até 28 de Agosto e aguarda agora parecer, visa aproveitar os edifícios das antigas secas do bacalhau pertencentes originariamente à Sociedade Nacional de Armadores de Bacalhau (SNAB) e à Sociedade Europeia de Aquacultura (SPA), e que foram adquiridas pela Riberalves Imobiliária, Lda. ao Estado Português, em 1997 e 2006, respectivamente.

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Segundo o promotor, o Conjunto Turístico da Praia dos Moinhos contempla 936 camas (apartamentos e camas turísticas), numa área de implantação de 16.526,60 metros quadrados, indicando que tem enquadramento no Plano Director Municipal de Alcochete e não implica qualquer aumento da área de implantação do edificado em relação aos edifícios preexistentes e licenciados, propondo a empresa a redução da área total impermeabilizada.

Este projecto, segundo a Riberalves, cujos primeiros estudos remontam a Agosto de 2004, atravessou as mais diversas fases e foi, de novo, reformulado, após considerações das entidades e das participações entregues na consulta pública realizada em Outubro.

Uma das alterações, segundo a empresa, foi a redução do número de apartamentos e de camas turísticas propostos, assim como a garantia do aumento do afastamento da implantação dos edifícios às salinas.

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Contudo, para a Zero, o projecto ocupa uma faixa de terreno correspondente a uma linha dunar, considerando ser uma área sensível para a conservação da natureza e com impacto na paisagem ribeirinha, que se situa dentro dos limites da ZPE – Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo e da Zona Especial de Conservação do Estuário do Tejo (ZEC) e na periferia da Reserva Natural do Estuário do Tejo.

A Zero defende que esta intenção contraria o regulamento do Plano de Gestão da Zona de Protecção Especial do estuário do Tejo quanto à instalação deste tipo de estruturas em área de Protecção de Prioridade II (onde está grande parte do projecto) e os objectivos de gestão do Plano Sectorial para a Rede Natura 2000.

Num comunicado, a Riberalves lembra que, de acordo com as licenças válidas de que o promotor dispõe para as edificações no local (Cenário 0), é também possível a ocupação das mesmas com a actividade de armazenagem, designadamente armazenagem de apoio à actividade da empresa Riberalves (indústria do bacalhau) ou outra compatível com as aprovações existentes.

Nesse sentido, defende que o projecto proposto terá uma ocupação “claramente defensora do ambiente e da avifauna, quando comparada com aquela que poderia ocorrer no território na ausência deste projecto”.

“A actividade de armazenagem convoca maiores perturbações quer no que se refere à presença de pessoas, quer no que se refere ao ruído, quer no que se refere ao tráfego de viaturas ligeiras e pesadas”, explica a empresa.

Para o ambientalista João Paulo Martins, da Zero, esta justificação “é inadmissível” considerando que parece até ser uma forma de pressão.

“A zona não é de todo adequada para estas instalações e o ‘Cenário 0’ de que falam é o que está actualmente. A Agência Portuguesa do Ambiente e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo não deveriam aceitar a classificação ‘Cenário 0’ como zona de actividade de armazenagem”, disse à agência Lusa o ambientalista.

Os impactos nestas zonas, adiantou, não se restringem aos terrenos mas sim a toda a zona envolvente.

A empresa explica também que nesta reformulação do projecto foram reforçadas as propostas de medidas de compensação e de minimização dos impactos, por exemplo, a intervenção nos cabos eléctricos nas imediações das salinas, a construção de barreiras ao longo da estrada que contorna as salinas, a fim de diminuir a perturbação das aves que utilizam as salinas e o condicionamento de movimentação de pessoas e viaturas na estrada ao longo das salinas.

A Riberalves propõe-se também a recuperar as salinas do Brito e as salinas do Vale de Frades e a vegetação dunar assim como a erradicar as espécies invasoras.

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