21 Agosto 2024, Quarta-feira

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Garantir a liberdade mesmo que seja com alguns defeitos

Garantir a liberdade mesmo que seja com alguns defeitos

Garantir a liberdade mesmo que seja com alguns defeitos

Foram quase 50 anos em que não se podia “sair de casa”. Hoje dou valor à Liberdade que tenho, conquistada por quem saiu à rua naquela madrugada

Para o meu irmão de 9 anos, ter liberdade significa “poder sair de casa”. Quando penso na resposta que eu daria, talvez a minha tivesse de ser muito mais profunda e instruída, mas, no fundo, é exatamente a mesma. Para mim, ter liberdade é poder sair de casa.

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Poder sair de casa da forma que quero, quando quero, para fazer aquilo que quero… Pessoalmente, tenho a noção que o mundo nem sempre funcionou desta forma, mas quando oiço histórias sobre os tem pós antes da Revolução do 25 de Abril, tudo me parece muito surreal.

Penso mesmo “como foi possível, um dia, as pessoas terem vivido assim?” e não foi um dia… Foram quase 50 anos em que não se podia “sair de casa”. Hoje dou valor à Liberdade que tenho, conquistada por quem saiu à rua naquela madrugada, mas não a tomo por garantida. Os últimos tempos têm sido um alerta neste sentido.

Ver influencers como o João Barbosa, mais conhecido como Numeiro e o Afonso Gonçalves que, inspirados noutros como o Andrew Tate, dispersam mensagens racistas, xenófobas, homofóbicas e misóginas, a crescer cada vez mais, faz com que tenha dúvidas acerca do futuro e do caminho que os jovens portugueses estão a tomar.

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Até porque as audiências deste tipo de influencers são esses mesmos jovens, rapazes, novos que querem integrar-se ao máximo e parecer “fixes”, o que os torna muito facilmente manipuláveis. Se olhasse apenas à minha volta, provavelmente não teria a noção da forma como muitos jovens pensam, no entanto, com as redes sociais, todos os dias me deparo com comentários que quebram as barreiras do bom-senso, do respeito e da própria Liberdade.

Felizmente, já tive a oportunidade de ter uma conversa de uma hora e meia com o coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril e um dos protagonistas da Revolução.

Uma das frases do coronel que mais me ficou na memória foi “prefiro uma democracia com muitos defeitos do que uma ditadura sem defeitos nenhuns”. Acho que é das formas mais bonitas de se olhar para o 25 de Abril. Resta-me agradecer a quem na madrugada do dia 25 de Abril de 1974 saiu de casa, mesmo sem poder, e garantiu a minha Liberdade e a quem, agora já podendo, continua a sair todos os dias.

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*Estudante de Jornalismo da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal (ESSE-IPS)

OPINIÃO
Iara Silva

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