Um dia inesquecível: O sargento que marchou pela liberdade

Um dia inesquecível: O sargento que marchou pela liberdade

Um dia inesquecível: O sargento que marchou pela liberdade

Ao centro soldado recruta Fernando Alberto da Rocha Cunha, num dia de campo perto do RI3 em Beja

Francisco Egas Soares, o sargento-mor mais velho do País, é uma ponte viva entre o passado e o presente. O neto pede-lhe para contar, “milhares de vezes”, a sua participação no 25 de Abril, quando ainda era um jovem sargento

No concelho do Barreiro, a história ganha vida através dos olhos serenos de Francisco Egas Soares, 88 anos, o sargento-mor mais velho do País. Ainda que não exerça funções militares, permanece ligado à sua base, onde mantém contacto com alguns dos seus antigos colegas.

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Francisco é uma ponte viva entre o passado e o presente, uma testemunha da Revolução dos Cravos que partilha memórias vibrantes e emoções que ainda ecoam no seu coração: “os dias antes do 25 de Abril foram como um vulcão prestes a entrar em erupção”, relembra.

Com detalhes vívidos, descreve o ambiente tenso e a esperança fervente, que permeavam o ar naquele período. Como um jovem sargento na época, sentiu a energia de mudança e liberdade, e, ao ser questionado sobre o dia histórico, Francisco não esconde a emoção. “Foi uma explosão de alegria e alívio. Ver o povo nas ruas, cravos vermelhos no punho, a celebrar a conquista da liberdade… foi indescritível”, afirma, enquanto um brilho nostálgico ilumina os seus olhos.

A sua participação na Revolução dos Cravos não foi apenas como observador. Francisco Soares estava na base militar, pronto para seguir as ordens que o levariam para as ruas, lado a lado com os manifestantes, na procura por uma nação livre. “Nós éramos parte de algo maior, algo que transcendeu os nossos papéis militares. Éramos o povo de Portugal, a clamar pela dignidade e pela democracia”, acrescenta com firmeza.

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Francisco Soares recorda-se muito bem do momento em que as notícias da revolta se espalharam pela base militar, o entusiasmo e a esperança eram palpáveis, mas também havia apreensão quanto ao desfecho da revolução. “Sabíamos que estávamos a dar um passo corajoso, mas necessário. A liberdade não é dada, é conquistada”, destaca. Como parte integrante desse movimento histórico, lembra-se de ter marchado pelas ruas ao lado de civis, camaradas de farda e pessoas de todas as idades. Considera ter sido um momento de “união, onde as diferenças foram deixadas de lado para um objetivo comum, que era a liberdade”.

Apesar de se terem passado décadas desde esse momento crucial na história de Portugal, Francisco Egas Soares permanece uma figura respeitada e admirada na comunidade do Barreiro.

A sua dedicação à causa da liberdade e a sua participação activa na Revolução de Abril continuam a inspirar as gerações mais jovens, lembrando a importância de lutar pelos valores fundamentais da democracia e da dignidade humana. “O meu neto faz-me contar esta história milhares de vezes aos amigos, e eles ficam todos admirados, e eu aproveito para influenciá-los para que lutem por um futuro melhor”.

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Jéssica Dias * Estudante de Jornalismo da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal

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