Paralisação termina na madrugada desta sexta-feira e sindicato garante que adesão rondou hoje os 90%. João Saúde, da Fectrans, fala em “pandemónio total” e dá como exemplo o terminal de Cacilhas, o principal da empresa, que, afirma, esteve esta manhã às moscas
Os trabalhadores da Transportes Sul do Tejo (TST) iniciaram hoje uma greve de 48 horas pelo aumento de salários, a qual registou uma adesão de 90%, tendo um “grande impacto” no serviço da empresa, informou fonte sindical, apontando Almada e Setúbal como os concelhos mais afectados na região. O impacto também se sentiu nos concelhos de Montijo e Alcochete.
“Os trabalhadores da TST pararam hoje entre os 85 a 90%. Está a ser uma grande paralisação e tivemos um grande plenário nas instalações da empresa. Amanhã voltamos a realizar novo plenário e ida à administração da empresa com uma nova proposta”, revelou João Saúde, da Fectrans – Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações.
De acordo com o responsável, esta greve está a ter um “grande impacto” no serviço da TST, com supressão de carreiras e com maior expressão no concelho de Almada.
“Está a ser um pandemónio total, com uma empresa destas a parar 85 a 90%. O terminal de Cacilhas, o principal da empresa, está completamente deserto. Em Almada é onde está a haver uma maior adesão, mas também em Setúbal”, avançou.
A paralisação iniciou-se hoje de madrugada, pelas 3h00, e prolonga-se até às 3h00 desta sexta-feira, em protesto por aumentos salariais e cumprimento do Acordo de Empresa.
“Os motivos prendem-se essencialmente com os baixos salários, ou melhor dizendo, com os salários miseráveis que os trabalhadores da TST usufruem. Não há trabalhador nenhum que consiga viver com seiscentos e poucos euros. E para fazer face à vida têm que estar agarrados a um volante noite e dia, ou seja, a sobrecarga horária para poderem receber mais algum”, frisou João Saúde.
Os mais mal pagos do sector na região
O sindicalista realçou, neste sentido, que os trabalhadores da TST são os profissionais deste sector, na região, que têm os salários mais baixos.
“Os trabalhadores estão a ficar cansados disto, até porque vêem os trabalhadores da Rodoviária de Lisboa a ganhar muito mais que eles, nem vamos falar da Carris. Vêem os trabalhadores do grupo Barranqueiro a ganhar muito mais que eles, da Eva Transportes, da Rodoviária do Alentejo, da Rodoviária do Tejo. Tudo isto aumenta o descontentamento, porque vêem os camaradas de trabalho da mesma profissão, em outras empresas aqui da zona, a ganharem muito mais do que eles”, sublinhou.
Além disso, segundo João Saúde, a TST está a pagar o trabalho extraordinário “em valor abaixo do que determina o Acordo de Empresa”, o que está a levar os trabalhadores a “desvincularem-se da TST e procurarem trabalho em outras empresas”.
Com um plano alusivo aos “salários de miséria e aos direitos que não estão a ser cumpridos”, os trabalhadores da TST reuniram-se hoje na sede da empresa, em Almada, mas, segundo João Saúde, não houve qualquer resposta por parte da administração.
Amanhã, os trabalhadores voltam a concentrar-se na sede e uma delegação das organizações representativas irá apresentar uma nova proposta à administração no sentido de revisão do Acordo de Empresa.
Em 23 de Janeiro, os trabalhadores reuniram-se com a administração da TST para negociar a revisão do Acordo de Empresa, em que lhes foi proposto o aumento do salário de 651,61 euros para 670 euros, além do acréscimo de 0,91 cêntimos nas diuturnidades e de mais cinco euros no trabalho em dia de folga, passando a receber 42,50 euros, uma proposta que os trabalhadores consideraram insuficiente.
A TST desenvolve a sua actividade na Península de Setúbal, com 190 carreiras e oficinas em quatro concelhos, designadamente Almada, Moita, Sesimbra e Setúbal.
Lusa