Aos 18 anos, já passou por várias praças de toiros em Portugal e Espanha. Sobre o medo; é para superar. A Alternativa está aí à porta
Filho do cavaleiro tauromáquico Carlos Alves, aos 18 anos Gonçalo Alves sonha ser figura do toureio, mas, se o pai lhe incutiu a afición taurina, não lhe consegiu transmitir as pisadas a cavalo. O jovem decidiu apresentar-se de pé a enfrentar os toiros na praça entre trincheiras com o capote, moletas e espada nas mãos. “Quero ser Matador de Toiros. Este ano estamos a preparar o trajecto para isso”, afirma, em certeza, Gonçalo Alves.
O jovem de Alcochete, onde reside, todos os dias atravessa o Tejo até à Escola de Toureio de Vila Franca de Xira – José Falcão. Começa a preparação física logo de manhã, bem cedo, e depois tem treino de salão, e só a seguir vem a arena. Pausar; só no dia anterior a uma corrida de toiros, para descansar a parte muscular.
Sobre o motivo de ter optado pelo toureio a pé, não sabe explicar, mas conta que aos seis anos já estava inscrito na Escola de Toureio da Moita, e aos 13 na Escola José Falcão. “Sou novilheiro praticante em Portugal e novilheiro sem picadores em Espanha”. Aliás, já conta com registo em praças espanholas e boas opiniões sobre as suas lides. Como referências, tem matadores espanhóis como José Tomás e Morante de la Puebla.
Se será algum deles a proporcionar-lhe a Alternativa, não se sabe, certo é que Gonçalo Alves ainda tem pela frente muitas corridas até subir ao patamar maior do toureio a pé. Primeiro ser novilheiro com picadores em Espanha, enquanto que, em Portugal, devido ao regulamento, irá continuar como novilheiro praticante.
“Tenho de fazer 25 novilhadas em Espanha ou em Portugal. Todas com boletim para poder tomar Alternativa de Matador de Toiros” diz. Há quem lá chegue com mais actuações e outros com menos, no seu caso gostaria que acontecesse já este ano, ou em 2025.
Entre as suas actuações deste ano, destaca a participação no Bolsin Taurino Ciudad Rodrigo, em Espanha. “Eramos 50 novilheiros, dos quais apenas cinco seriam seleccionados para tourear no Carnaval del Toro, e eu fui apurado. Para mim, foi muito importante porque mostra que todo o esforço e sacrifício valem apena”, afirma.
Este ano, Gonçalo Alves já passou por várias praças de toiros e, já a 27 de Julho estará na catedral do toureio Valência e, em Agosto outra catedral, Málaga. Importante, pela “tradição”, assim o considera, vai ser a corrida que tem marcada para 15 de Agosto nas Caldas da Rainha. “É uma praça que, todo os anos, enche”.
O jovem novilheiro não se vê a fazer outra coisa além de ser toureiro profissional, mas já traçou um plano B casos existam percalços. “Quero tirar o curso de veterinária”. Mas teima, que é mesmo só um plano B. “Quero ser uma figura do toureio a pé”, afirma, assertivamente.
Já com algumas mazelas devido a cornadas, estas colhidas não o afastam das arenas. Tenho sido um pouco ‘assassinado’ pelos toiros, mas todos temos medo. É preciso continuar e superar. Quem consegue superar anda para a frente, quem não consegue fica pelo caminho”, assim traça o sonho de infância; ser Matador de Toiros, profissional.