Um dos maiores problemas para os utentes de saúde é não terem médico de família. Quem o afirma é o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal que protocolou um sistema para resolver esta falha. E no espaço de um ano o grau de satisfação dos utentes “é grande”
O resultado “é fantástico”, afirma o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal sobre o sistema de consultas para adultos sem médicos de família disponibilizado por esta instituição. Fernando Cardoso Ferreira lembra que este serviço começou a ser proporcionado na clínica daquela Misericórdia a 15 de Janeiro de 2018, e os dados apurados até ao fim do ano referem que foram dadas “25 mil consultas”.
A média são 100 consultas por dia e “temos capacidade instalada e pessoal médico para, se for preciso, realizarmos mais”, acrescenta o provedor ao mesmo tempo que afirma que este sistema protocolado entre o Ministério da Saúde, a União das Misericórdias e a Misericórdia de Setúbal vieram “aliviar o funcionamento dos centros de saúde de Vale do Cobro e da Praça da República”.
Este protocolo, assinado em 2017, e ao qual aderiram também as misericórdias de Sesimbra, Barreiro e Canha, foi arquitectado pelo Ministério da Saúde para minimizar um dos “maiores” problemas dos utentes na península de Setúbal, aponta Fernando Cardoso Ferreira. “Ao não terem médico de família as pessoas sentem-se menos acompanhadas. Para além disso, demoram meses à espera de consulta”. Aliás, demoravam, porque com a entrada da Misericórdia de Setúbal nesta área “não temos listas de espera”.
O utente só tem de ir ao centro de saúde da sua área de residência e pedir a consulta. Explica o provedor que esta inscrição entra de imediato no sistema informático e, todos os dias de manhã, “temos a lista de consultas de cada doente, por médico e por hora”. E apesar do médico que assiste o doente não ser o seu médico de família, “é grande o grau de satisfação dos utentes”, inclusivamente, “há pessoas que fazem questão de vir às consultas nas nossas instalações”, no Passeio da Misericórdia, refere.
Almada e Seixal podem avançar
com sistema de consultas
Para Fernando Cardoso Ferreira, coordenador deste sistema de consultas na península, este é um modelo “vencedor”, e tanto assim é que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) “quer replicá-lo em outros concelhos. Mas nenhum deles dentro da península de Setúbal onde os mais populosos são Almada e Seixal.
Contudo, avança o provedor, que estes dois concelhos já estão na mira da ARSLVT para as suas misericórdias começarem a fazer atendimento complementar, ou seja: aos sábados, domingos e feriados mas “os seus provedores disseram que esta não é a melhor altura”. Entretanto, avança Fernando Cardoso Ferreira, “vamos reunir com o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal para começarem a funcionar com o sistema que temos em Setúbal. E ao mesmo tempo prepararem-se para começarem para o atendimento complementar”.
O serviço de saúde prestado na Santa Casa da Misericórdia de Setúbal decorre de segunda a sexta feira, entre as 8h10 e as 19h00, mas o seu provedor não fecha a porta a prestar também atendimento complementar. “Conseguimos fazê-lo”, garante. E podemos “ir mais longe”, complementa; “podemos prestar serviços de enfermagem como os centros de saúde e ainda evoluir para a área da medicina geral e familiar”.
O provedor não tem dúvidas de que este é um sistema a “replicar”, uma vez que se traduz em “grandes vantagens para os utentes”, e estes ao serem atendidos na clínica da Misericórdia de Setúbal, “pagam o mesmo que num centro de saúde”. Ao mesmo tempo, “a forma como trabalhamos e gerimos fica mais barato para o Estado”, afirma.